Exame
- Abril/ 2016
O que o Eldorado tem? Tem amizade,
esforço, dedicação, empenho, perseverança, foco, vontade, compromisso, respeito
e amor pela dança. E foram todas essas qualidades, aliadas ao desejo pessoal de
cada um, que fizeram a unidade do PD ter grande sucesso no último pré-exame,
levando cinco dos oito aprovados para o exame da Vermelha.
Fernandinha, Ítalo, João Guedes, Nicole e Pantuza superaram os próprios limites
para serem candidatos ao processo avaliativo mais nobre do Pé Descalço. Claro que não se
pode deixar de citar a excelência dos outros aprovados, Ícaro e Alice, e de
fazer uma menção mais do que especial à Camila Cambraia, que tem a sua essência
no Eldorado e que sempre estará presente em nossos corações. Mas como
podemos acompanhar de perto os alunos do PD de Contagem, temos uma chance maior
de ver as suas particularidades, o seu empenho e a sua luta diária para seguir
evoluindo no mundo da dança. E o que os nossos futuros Vermelhas pensam sobre o
exame?
Confira, ao longo desta matéria, a
impressão e o sentimento de cada um dos candidatos do Eldorado ao exame da
Vermelha.
João Paulo Guedes
Tempo de Pé Descalço: 4 anos e oito meses
2º exame da Vermelha
A experiência por já ter feito um exame ajuda.
Porque você já conhece como funciona. Mas de qualquer forma, a sensação vai ser
de loucura total. É um misto de emoções que todo mundo tem que sentir pra poder
entender, porque não tem como explicar muito bem. Com certeza, a experiência
conta e você chega um pouco mais preparado. Você chega conhecendo mais o
terreno. Acho que tem um ano e meio que fiz o primeiro exame da Vermelha e não passei.
Depois, me afastei do Pé Descalço. Quando voltei, não fiz o primeiro pré-exame.
Fiz o seguinte e não passei. Só nesse agora que fui passar. A cobrança é até um
pouco maior do que foi no meu primeiro exame, porque o Pé Descalço evoluiu e o
nível vai sempre aumentando. Este exame terá uma energia diferenciada por causa
das pessoas que irão fazer o exame junto comigo. O Pantuza, que é um camarada,
que me trouxe para o Pé Descalço e a gente vai ter a oportunidade de fazer o
exame junto. Eu, particularmente, não fico nervoso com o exame. Eu fico bem
tranquilo, consigo me controlar. Acho que a maior dificuldade nesse exame da
Vermelha é você conseguir colocar tudo em prática, porque acaba que fica
faltando alguma coisa, talvez seja isso. Quando eu estava no início do Pé
descalço, não tinha muito Pé de Serra, era um ou outro que fazia. E eu ia em
cima desse estilo. Já tive algumas “bombas” aí, de pessoas falando que fugia
muito do estilo do Pé descalço, que eu tinha que ter o estilo Pé Descalço. E
eu, na insistência, consegui ir inserido esse meu estilo. Então, eu acho que
passando à Vermelha, com certeza será um reconhecimento bacana do meu estilo.
Chegar à Vermelha é um objetivo. Quando você entra no Pé descalço, a dinâmica
da escola te propõe isso. À medida que você vai participando mais, se
envolvendo, você vai tomando gosto e passa almejar chegar à Vermelha. Eu quero
conseguir chegar ao último nível. Será muito doido ter esse reconhecimento da
galera.
Nicole Infantini Matias
Tempo de Pé Descalço: 2 anos
1º exame para a Vermelha
Este exame significa tudo pelo que eu lutei. Ele
representa todos os treinos, os momentos de fracasso e sucesso. Significa que
estou perto de alcançar um grande sonho, perto de conseguir passar por mais uma
etapa, desafiando cada vez mais o meu corpo e superando os limites para
continuar a caminhada dentro desta grande paixão que é a dança. Mesmo fazendo o
exame da Vermelha pela primeira vez, acho que a responsabilidade é igual que já fez duas ou
mais vezes. Porém, é uma ansiedade diferente dos outros exames. Só de estar no
meio da quadra dá uma certa vergonha e medo de errar, mas penso que todos
sentem isso no exame. Acho que na hora meu coração vai disparar. Vou tremer
muito, principalmente quando eu ver o Luiz. Mas a sensação de estar tentando,
de realizar um sonho vai levar a minha alegria nas alturas, e vai anestesiar tudo
que estiver me travando. A sensação real, eu só vou descobrir lá na hora. E
tenho certeza que será fenomenal. Independentemente do resultado, sinto muita
felicidade e animação em participar deste momento. É uma sensação quase
indescritível e um grande presente. Além disso, é claro que existe um grande
nervosismo, frio na barriga e muita ansiedade, mas tudo isso faz parte em
qualquer exame.
Lucas Pantuza
Tempo de Pé Descalço: Seis anos
Primeiro exame pra Vermelha
É uma situação que não estou conseguindo definir
ainda, porque tem muita emoção envolvida: de alegria, de esforço, de tempo, de
tentativas, de homenagens que já começaram a rolar. Está foda assimilar tudo.
Porém, mais do que ficar ansioso e nervoso, eu estou esperando um exame
emocionante, de felicidade mesmo, de ver a galera torcendo por mim. E acho que
será muita gente: tem o pessoal do Eldorado, de Betim, tem a galera de São
Paulo. Acho que será muita vibração em um momento só. Vamos ver se vou aguentar
receber essa energia toda (risos). Ainda está tranquilo, mas acho que, quando
chegar na sexta-feira e no sábado, talvez as coisas mudem. Imagino que o mais
difícil neste exame da Vermelha é transformar o exame em um show. Fazer uma
apresentação para agradar quem está vendo de fora. Vai ter mais de 500 pessoas
olhando pra você naquele momento, que é só seu. Então, eu acho que vai ser bem
difícil conseguir agradar. E não é o que estou pensando. Conversei com algumas
pessoas e elas até me orientaram que eu tenho que fazer um bom exame pra mim,
porque foi uma trajetória grande dentro dos colares, dentro de pré-exames. Sei
que vai passar um filme na minha cabeça. Acho que o mais complicado será
assimilar tudo e mostrar o que eu danço pra todo mundo de uma vez só. Eu acho
que esse último pré-exame que eu passei, foi o meu sétimo. Às vezes, é um
egoísmo nosso achar que vamos passar na primeira ou na segunda tentativa. Mas,
na hora que a gente vê os vídeos, como do primeiro pré-exame que eu fiz pra
esse último, a gente vê uma evolução muito grande. Nesse tempo, o que eu fiz
foi dançar muito, desenvolver técnicas de dança. E foi o tempo que determinou
que eu passasse, porque a gente melhora só com o tempo e dançando mesmo. Às
vezes, a gente pensa em desistir. Porém, a função e o cargo que ocupo hoje no
PD, como diretor da unidade de Betim e professor há dois anos, a gente acaba
sendo um exemplo pra muita gente. Então, se eu desistisse, não seria legal como
professor e como um incentivador. Como vou incentivar alguém ou não deixar
alguém desistir se eu desisti? Passou pela minha cabeça, mas nada definitivo.
Muitas vezes, é difícil porque você tenta, não consegue e não sabe o que está
faltando. Mas graças a Deus tem uma coisa em mim que não me deixa desistir.
Quando começo algo, vou até o final. Pra mim, este exame representa meio que o
fim de uma trajetória em relação ao colar, porque você começa lá na Branca, na
Azul, e vai crescendo, e o objetivo era chegar à Vermelha. Não quer dizer que
depois de chegar lá, a dança vai parar, a escola vai parar, que eu vou parar de
aprender e de me desenvolver. Mas esse exame representa a chance do pessoal me
enxergar do jeito que eu sou, o meu estilo, o meu jeito de dançar, o que eu
faço com a minha dança. Este exame representa coisa demais pra mim. Quem me
conhece sabe que foi uma batalha nesses seis anos de Pé Descalço, por tudo que
eu já passei como professor, como aluno. É uma conquista muito grande, uma
sensação muito boa. Eu carrego muita responsabilidade. Não por ser a primeira vez
ou por conseguir depois de muito tempo. Falo pelo fato de ser professor e, por
isso, acho que carrego uma responsabilidade grande. Vai ter um monte de aluno
me olhando, torcendo por mim. Não que eu vá criar expectativas ou decepcionar
alguém. Porém, querendo ou não, eu sou exemplo para muitos. Quando comecei a
dançar, eu realmente não sabia nada. Então, quero mostrar que se eu consegui,
todo mundo consegue.
Ítalo Augusto
Tempo de Pé Descalço: 3 anos
2º exame para a Vermelha
Voltar a fazer o exame da Vermelha é uma honra, porque não é todo mundo que tem
a chance de fazer esse exame algum dia. Estou sentindo muita gratidão. É um
reconhecimento pessoal, da sua dança. Estar lá no meio é saber que eles me
reconheceram. Fazer esse exame da Vermelha é muito imprevisível. No último
exame, eu achei que eu ia chegar e chorar muito, porque no resultado do
pré-exame, eu chorei demais. Pensei que ia chorar horrores. Mas fiquei lá, saltitando, alegre. No
primeiro exame, era mais incerto. Agora, já tenho uma ideia de como é, qual a
sensação. Mesmo assim, continua imprevisível. Você pode esperar por uma coisa e
vir outra completamente diferente. Depende de como estará a energia de todo
mundo na hora do exame, de como você vai estar. Tem ainda a questão das músicas
que vão cair, das examinadoras, do público, que está todo olhando pra você. É
pressão. E eu não lido muito bem com pressão (risos). O meu aniversário é no
dia do exame da Vermelha. Que presentão né?! Outra honra por estar fazendo esse
exame é por ser no dia do meu aniversário. Não tenho nem palavras, de verdade,
para descrever esse momento.
Tempo de Pé Descalço: 5 anos
2º exame para a Vermelha
Nossa... acho que é como se fosse a primeira vez
fazer esse exame da Vermelha, até porque já se passou um bom tempo (um ano e
meio) que fiz o primeiro e não consegui ser aprovada. A expectativa é grande.
Eu quero muito que dê certo, mas, desta vez, eu acho que estou mais tranquila,
mais focada nos treinos e acho que vou me concentrar mais. Pra mim, esse exame
da Vermelha significa uma vitória, porque eu batalhei muito, não foi fácil chegar até aqui.
Tenho quase seis anos de Pé descalço e cada ano que se passa é uma barreira que
eu venço, é uma dificuldade que eu supero. Chegar lá será uma sensação de dever
cumprido. É claro que a gente tem que procurar sempre aprender, praticar e
buscar coisas novas, porém será uma sensação inesquecível porque eu batalhei e
consegui. Acho que, na hora do exame, eu só vou chorar, (risos). Eu tenho a
impressão de que foi mais difícil chegar pra fazer esse segundo exame da
Vermelha do que foi para fazer o primeiro. Senti mais dificuldade pra passar
nesse pré-exame de agora. Depois que eu fiz o primeiro exame da Vermelha,
aconteceram muitas coisas na minha vida e não tive como praticar mais, eu
regredi. Fiz o exame da Vermelha e continuei naquele mesmo degrau. Eu não
evolui tanto. Então, foi mais difícil porque tive que correr atrás o dobro. Eu
acho que a responsabilidade nesse meu segundo exame é um pouco maior, porque as
pessoas esperam que você esteja melhor. Quando você faz o exame da Vermelha
pela primeira vez, muita gente não te conhece, não conhece a sua dança, na
conhece sua evolução dentro da escola. Então, depois de fazer a primeira vez,
todo mundo já te viu. Na segunda vez, eles esperam que você faça melhor porque
não passou no primeiro. Então, a gente tem que estar sempre melhorando, mas não
para as pessoas, e sim pra gente mesmo. É um desafio pessoal que tenho dentro
de mim. Vai ser uma vitória.