segunda-feira, 23 de novembro de 2015

EXPLOSÃO VERMELHA
Teixeira une agilidade, velocidade e evolução para ser aprovado
em sua segunda tentativa


BRUNO TRINDADE

Mesmo com todo o destaque e qualidade de sua dança, ele teve humildade. Humildade para reconhecer que tinha coisas a melhorar e que essas pendências foram as responsáveis pela sua não aprovação no primeiro exame da Vermelha. O que para muitos serviria de chateação, Vinícius Teixeira encarou de outra forma: primeiro como um combustível para evoluir e voltar ainda melhor. E segundo como um presente, por poder sentir toda a emoção do exame mais nobre do Pé Descalço mais uma vez.

Nos seis meses que antecederam o dia derradeiro, Teixeira percorreu o seu caminho com um foco cada vez maior. Treinos específicos, conversas com professores, autocrítica, perseverança e superação fizeram parte de sua rotina.

                                                                                                     
                                                                                                             Fotos: Pé Descalço / Divulgação


Em entrevista exclusiva ao blog do PD Eldorado, o novo Vermelha conta o que ele fez de diferente para obter sucesso, quais foram as suas emoções, a energia que ele recebeu das 521 pessoas presentes no Círculo Militar, quem foi importante em sua caminhada e o que ele espera daqui pra frente.


PD Eldorado: O que você fez de diferente para este segundo exame da Vermelha?
Teixera: A concentração foi maior. Eu sabia o que tinha que melhorar. Por isso, os treinos foram intensos nesses seis meses. A pressão era que eu tinha que fazer melhor do que eu tinha feito antes. E com os treinos, as coisas vieram de forma natural, porque eu me dediquei totalmente para melhorar o que era preciso.

A energia do segundo exame foi melhor do que a do primeiro?
A energia é a mesma em nível de qualidade. Só que é diferente pelas músicas e pela galera que estava lá. E estava muito mais cheio da segunda vez. Então, essa energia foi gigantesca. Foi bom demais. As musicas foram perfeitas. Deram aquela energia a mais. É diferente em cada exame, mas não posso dizer se foi melhor ou pior.

Como você fez para controlar a ansiedade desta segunda vez?
Eu achei que ia passar mal, mas não passei. Fiquei surpreso com isso. Antes, eu não fiquei muito ansioso porque eu sabia o que viria pela frente. No último dia antes do exame, quando fizemos o treino coletivo e que foi um dos treinos mais legais que eu tive pela energia que estava muito bacana, começou a bater a ansiedade. Mas a ansiedade mesmo foi bater no dia, depois que acabou o exame da Preta Avançada. Aí, eu falei: ‘vai começar o exame da Vermelha e comecei a tremer as pernas’. Mas foi mais tranquilo do que da primeira vez.

E o que as pessoas do Pé Descalço, que acompanharam a sua trajetória, tentaram te passar para esse segundo exame?
A gelara me apoiou. Sabiam que eu estava treinando. Eu conversei com muita gente. Eu vi o meu primeiro exame muitas vezes e comecei a reparar o que precisava melhorar. Conversei com os professores Alex, Betinho, Rafael, Luiz, com a galera das outras unidades, e comecei a treinar. Quando eu ia treinar musicalidade, por exemplo, eu ficava mais no básico treinando contato, passos com o tronco, condução corporal. E eu sempre perguntava para as meninas da Preta e da Preta Avançada se o meu braço estava pesado, se eu estava puxando. Elas me ajudaram demais.


Como foram as escolhas do xote e do aéreo desta segunda vez?
Este xote (A morte do vaqueiro, de Luiz Gonzaga) está no meu coração desde sempre. 24 horas depois do primeiro exame, eu falei: ‘se eu passar no próximo pré-exame, o meu xote vai ser esse. É um xote desperta um sentimento em mim que não tem como explicar. Eu até arrepio. Ele “machuca”, entra na alma, é muito bom. O aéreo foi mérito de muita gente. Fizemos confusão (a Juzinha e eu) e começamos a treinar o final do aéreo. Estava saindo perfeito. Depois, fomos treinar o início e não saía de jeito nenhum. A Juzinha se desgastou muito porque ela estava treinando com duas pessoas. A gente viu que não ia dar certo. A Juzinha, então, deu a ideia de outro aéreo, o Flair. Eu me apaixonei na hora, achei doido demais. O César nos ajudou muito, mesmo assim o aéreo não queria sair. Aí, chegou o Walmir, o salvador da pátria. Aquela gambiarra que ele nos passou deu certo. Gambiarra de ouro. Saiu e ficou legal.



É verdade que o aéreo não saiu completo nenhuma vez durante os ensaios e só saiu na hora do exame?
Eu troquei a entrada do aéreo menos de uma semana antes do exame. A galera estava dizendo que estava saindo, mas eu não estava gostando. A partir da terça-feira antes do exame, começou a sair mais fluido. Não estava saindo do jeito que eu queria, fluidão. Mas na hora saiu do jeito que eu estava esperando. Foi doideira.

O que teve de diferente nas surpresas? A galera conseguiu te surpreender?
Eu estava esperando muito mais zoeira. Mas a galera gastou a zoeira toda no primeiro exame. O que eu não estava esperando foram as cartinhas. Chorei o dia inteiro. A primeira cartinha foi da Ju do Yan. Comecei a ler e a lágrima já começou a escorrer. Falei que não ia chorar. Passou alguns minutos e eu estava chorando igual uma criança. A segunda foi da Luiza. Chorei pra caramba. Cada cartinha que chegava, era um choro. Eu juro que não esperava. A cartinha do Henrique foi doida demais. Me arrepiei lendo,  foi um reconhecimento que eu não esperava. E por último, foi a carta da “mamãe Jubis”. Quando estava lá no meio, abri a carta e vi escrito “Oi Fiotão”, a torneira abriu. Chorei igual um condenado, mas valeu. Foi uma das melhores surpresas que eu já tive na minha vida.



Como fez para equilibrar as suas emoções? Ao mesmo tempo em que você estava extremamente emocionado, tinha que se recompor rápido para dar o seu melhor na dança?
Não tem como. Você vai na fé. Mesmo com esse chororô todo, a energia emocional estava lá em cima e acabou ajudando. Eu cheguei lá na hora bem mais tranquilo. Na hora do xote do Ítalo, eu parei, sentei no chão, refleti, dei uma relaxada pra canalizar todo aquele emocional e entrar regaçando no exame.

O dia do exame foi do jeito que você imaginava?
Cada exame tem um jeito de nos marcar de uma maneira especial. Eu gosto dos dois exames (que fiz pra Vermelha) igualzinho. Só que o segundo exame saiu mais perfeito do que eu estava esperando. O que mais eu estava esperando era o xote. Aquele xote (A morte do vaqueiro – Luiz Gonzaga) é perfeito. Caiu a energia que eu queria com a examinadora que eu queria: a Diandra. Não desmerecendo as outras examinadoras. Todas dançam igual. Mas o meu xote encaixa muito com o da Diandra. Do mesmo jeito que eu queria a Andrezza na minha rápida. Queria que a Babi caísse também. Eu também queria muito que a Gisa tivesse caído no rastapé. Gostei muito de ter sido com a Milena, mas eu queria que a Gisa tivesse saído em qualquer parte do meu exame. Na verdade, eu queria todo mundo no meu exame. Cada examinadora tem uma característica diferente que eu gosto. Mas a Gisa tem um significado especial, lá no fundo do coração. Se não fosse por ela, eu não estaria aqui hoje. Foi melhor do que eu estava esperando. Xote perfeito, rastapé perfeito, baião perfeito. Foi tudo doido demais.

O que a Gisa fez?
Quando eu passei no pré-exame pela primeira vez e me perguntei: e agora? O que eu faço? Exame da Vermelha? Como eu vou fazer esse exame? Ela pegou na minha mão e disse: ‘Vamos. Eu estou com você’. Ela me carregou nas costas. A gente dividiu uma experiência muito bacana. Os dois na mesma sintonia, na mesma energia, com a mesma torcida. Ansiosos, nervosos. Não teria outra melhor escolha no primeiro exame que não fosse a Gisa.




Você se sente um privilegiado por ter feito esse exame da Vermelha duas vezes?
Eu me sinto, com certeza. A galera falava: ‘Nossa, você tomou pau na Vermelha, você devia ter passado’. E eu sempre falei que ser reprovado no exame da Vermelha foi doido demais porque eu ia fazer outro. O exame é doido demais. Eu fazia até três. Mas aí ta bom né?! Depois do terceiro eu podia parar e passar (risos). Mas passar de segunda foi muito bom. Eu queria ter feito mais de um exame pra Vermelha por causa da energia, que não tem como explicar. Só quem está lá no meio é que sabe.

E depois que acabou o exame, você achava que seria aprovado?
Eu estava do lado do Yan e da Ju. Aí, chegam os examinadores. Todos com aquela cara de desolação, olhando pra baixo, tristes, cabisbaixos, chorando. Pensei que não tinha passado ninguém. A Juzinha estava com uma cara de tristeza, a Gisa chorando, a Babi séria pra caramba e olhando pra baixo... Aí começaram a dizer os resultados: Yan, Buto e depois, Teixeira. As meninas olharam pra mim e começaram a sorrir. Na hora que eles falaram que tinham passado quatro dos seis examinados, eu nem me dei conta que, obrigatoriamente, dois do Eldorado tinham sido aprovados. Só depois de ouvir o meu nome é que a ficha caiu.

O que você sentiu quando ouviu que você estava entre os aprovados?
Primeiro, foi aquele peso saindo das costas. Era pressão e nervosismo até o resultado. Foi mais um degrau porque a caminhada não termina depois que você chega lá. Eu já saí de lá querendo treinar. Eu tenho coisas pra melhorar ainda: a minha musicalidade, a minha expressão corporal. Eu não quero me estagnar. Eu estava treinando no que eu era bom. Agora que eu não tenho um “objetivo” (um próximo exame), eu vou complementar a minha dança e, se tudo der certo, virar examinador e professor. Eu tenho que continuar evoluindo. Não adianta ficar estagnado e querendo que as coisas venham até você.



É importante querer sair dessa zona de conforto?
Com certeza! Tem uma hora que você olha para as suas qualidades e vê que você é o melhor. Mas tem pessoas que não são tão boas quanto você nessas qualidades, porém tem uma dança muito mais completa. E isso é uma coisa que eu acho mais válido. Eu tenho o meu estilo, que é velocidade, a agilidade. Mas eu acho muito importante explorar a música, conseguir transmitir, através do meu corpo e do corpo da dama, o que a música está querendo passar. Não adianta só chegar lá, quebrar o pau, dançar rápido pra caramba e não sentir a música. Isso é executar passos, não é dançar. Eu estou querendo muito complementar minha dança, focando no Pé de Serra, na musicalidade. Quero melhorar ainda mais pra minha dança ficar completa e eu ficar mais satisfeito comigo mesmo.

Qual foi o seu primeiro ato como Vermelha?
Tomar muita cerveja pra comemorar. O meu objetivo após ter passado pra Vermelha é complementar a minha dança e virar examinador e professor. Então, desde que passei, mesmo não tendo que fazer exame de novo, eu ainda quero ser visto como uma pessoa que continua evoluindo. É a galera olhar pra mim e dizer: ‘Ou, ele não parou, ele está evoluindo’. É ser reconhecido sabe, pelo seu esforço.

Já participou de alguma reunião, de algum evento como Vermelha?
Ainda não. Uma coisa que eu queria muito ter ido foi um treino da Vermelha que ia rolar. Acabou que não deu pra ir. Estou doido pra eles marcaram outro. Quando chegar lá, vou pensar: ‘Nossa, o que eu estou fazendo aqui?’. A ficha não vai cair direito não.



Agora que foi aprovado, dá pra dizer melhor: O que a Vermelha significa para você?
Antes eu tinha falado que era superação. Agora que eu cheguei, eu vejo como uma evolução. É continuar progredindo. Eu já tinha esse pensamento de que, depois que eu chegasse à Vermelha, eu não ia parar. Mas quando você chega, a primeira coisa que você pensa é que você não vai mais fazer exame. Porém o Pé Descalço não é feito de exame. O Pé Descalço é feito do amor pela dança. Quando eu passei pra Vermelha, eu passei a prezar mais ainda o meu gosto e o meu amor pela dança. Mesmo que tenha acabado os exames, você tem que dançar pelo prazer que você tem de dançar, pelo amor que você tem pela dança. Então, você não pode parar. Senão, você estará simplesmente desistindo de uma coisa que você gosta de fazer. O meu amor pela dança não acabou e nem continua a mesma coisa. Ele continua aumentando cada dia mais.

Se por um lado, você não fará mais exames, você poderá ser parte do exame de outras pessoas que podem te escolher pra dançar, pra fazer aéreo?
Eu quero muito isso. Estou bastante animado. Acho muito bacana pelas duas experiências que eu tive. As meninas absorveram a experiência como se fosse o exame delas. A energia foi muito boa, elas estavam lá de corpo, alma e empenhadas em nos ajudar. Eu posso falar isso por mim e pelo Buto desse último exame, porque a Juzinha estava lá todos os dias machucada, cansada, dando aula particular, mas com muita energia pra treinar com a gente. É uma coisa muito bacana e que eu quero fazer pelos outros. Poder pegar na mão, caminhar junto e ajudar a pessoa a chegar lá.




Quando foi a sua reação quando você ouviu que a Ana Flávia também tinha sido aprovada?
Foi bacana demais. Eu fiquei muito feliz pela Ana porque foi um esforço que muita gente não viu dela. Ela treinou demais, se empenhou muito e eu achei muito bacana o fato dela ter passado de primeira. Eu vou continuar falando: passar de segunda é melhor do que passar de primeira. Eu fiz dois exames. Mas passar de primeira também é bom demais porque você tem o esforço reconhecido. Eu fiquei muito feliz por ela.

O que você diria para os colegas do Eldorado, Ítalo e Camila, que fizeram o exame da Vermelha e não passaram?
Vocês vão fazer de novo. Vai ser bom demais e do mesmo jeito. Aquela energia incrível, que só quem fez sabe, vocês terão isso de novo. Então, continuem treinando. Se você já chegou lá uma vez, o que te impede de evoluir mais um pouco e fazer o exame de novo? Só pelo prazer de estar lá no meio, já é motivação mais do que suficiente para continuar evoluindo.

E o que dizer para as pessoas que tem mais dificuldade em chegar ao exame da Vermelha?
Acredito que cada um tem o seu tempo, e capacidade ou facilidade pra poder aprender as coisas. Na minha concepção, seis meses é um tempo bom pra você conseguir evoluir o que faltou pra você chegar lá. É foco. Pensa que o seu amor pela dança será revertido em um mérito. Pensa que você quer sentir aquela energia pela primeira vez ou senti-la de novo. Você quer estar lá no meio, quer estar lá dançando, ouvindo a galera gritando o seu nome. Isso não tem preço. Então, é foco. Nem todo mundo pode se dedicar sete dias por semana ao Pé Descalço. Todo mundo sabe disso. Mas quando você estiver no Pé Descalço, dedique 110% que vai valer muito a pena.




quinta-feira, 15 de outubro de 2015

SONHO VERMELHO REALIZADO
Ana Flávia é aprovada e se torna a segunda mulher do PD Eldorado a se tornar Vermelha


FOTOS: BRUNO TRINDADE

BRUNO TRINDADE


Ana Flávia. A mais nova dançarina Vermelha do Pé Descalço. A segunda mulher do Eldorado a alcançar tal feito. A conquista histórica e marcante foi um sonho de dança que se realizou. Mas não foi nada fácil. Ela teve que persistir muito até chegar ao colar da Vermelha. No entanto, não pense que isso representou um sofrimento. Muito pelo contrário. As seis reprovações e o aprendizado, muitas vezes detalhado e minucioso, foram acompanhados da felicidade por simplesmente dançar. E amar aquilo que ela faz.

Mesmo com a preparação e evolução ao longo dos anos, a Ana teve que se superar mais uma vez para ser aprovada. Exatas 521 pessoas estavam lá, em volta dela, torcendo para o seu sucesso e vibrando a cada passo executado durante o xote, o rastapé e o baião.

A energia do público era contagiante para todos os presentes. E para a Ana? Em entrevista ao blog PD Eldorado, a nova Vermelha falou dos sentimentos na hora do exame, do nervosismo e da ansiedade, das homenagens, da energia da torcida, dos examinadores, da explosão de alegria ao ser aprovada e do que ela terá que encarar, a partir de agora, com o status de Vermelha na dança.






Bruno Trindade: O que você sentiu quando te chamaram para fazer o exame da Vermelha?
Ana Flávia: Quando eu estava lá no meio, eu senti felicidade, emoção, alegria. Eu senti que era a hora de transmitir pra todo mundo a energia boa e positiva que eu estava sentindo.

Qual foi a parte em que você ficou mais nervosa?
A hora do baião, com certeza. Foi a hora que eu falei ‘é agora, a hora do aéreo’. Acho que foi por causa do aéreo. Querendo ou não, todo mundo tem uma expectativa maior na música mais rápida. Acho que é na música mais rápida que você realmente mostra o seu desenvolvimento na dança. Por isso, eu fiquei um pouco mais nervosa.

Em qual momento você ficou mais emocionada?
Eu fiquei muito emocionada no xote, por ter sido com o Luiz. E também no início, com as homenagens. Eu senti que todo mundo estava junto comigo.

Quando anunciaram o nome do Luiz, um grande amigo seu, como o examinador do xote, o que você pensou?
Na hora, eu nem acreditei. Fiquei muito emocionada, até chorei. Foi uma surpresa muito grande porque ele é uma pessoa especial e porque estava ali em um momento especial para mim. Foi uma coisa mágica, maravilhosa mesmo... sensacional.


Porque você achou que não ia passar depois que prestou o exame?
É muita responsabilidade. E como foi o meu primeiro exame, acho que foi mais questão de insegurança mesmo. Eu gostei do meu exame. Mas fiquei com aquela sensação de que podia ter feito mais.

E como foi aquele momento de ter que esperar até o último nome para ouvir que você foi aprovada?
Eu fiquei muito surpresa, muito mesmo. Eu realmente pensei que o último nome seria de qualquer uma das outras pessoas que ainda não tinham tido o nome falado. Menos o meu. Eu já estava preparada e não ia ficar triste se eu não tivesse passado. Mas eu fiquei extremamente feliz por ter sido aprovada... e emocionada (risos).

Como é ser um Vermelha?
É ter uma responsabilidade muito grande dentro de uma escola de dança, porque você acaba sendo referência para todos os níveis. Ainda mais aqui no Eldorado. A primeira Vermelha foi a Gil. E agora, a segunda sou eu. É muita responsabilidade você ser a mulher do nível mais alto dentro de uma escola, ser realmente uma referência. Mas é muito bom, é uma gratidão muito grande, é um amor, uma paixão mesmo pelo Pé Descalço.

O que mudou desde antes do exame, em que você não era uma Vermelha, para agora, depois de tudo que aconteceu durante e depois da sua apresentação?
Eu estou me sentindo mais segura. Querendo ou não, eu fui reconhecida. E eu estou muito feliz por isso. Acho que foi isso que mudou. O reconhecimento que agora as pessoas têm por eu ser uma Vermelha.

O que as homenagens representaram para você naquele momento?
As homenagens são as coisas que te dão força, que te dão um gás a mais na hora do exame. Ali você vê, de verdade, que todos estão com você. E que você tem que dar tudo de si porque todo mundo que está te apoiando. São extremamente importantes as surpresas, as homenagens. Mostra, realmente, para a pessoa que está ali no meio, que ela é querida e que todos estão com ela, independentemente de qualquer coisa.


Tem alguma homenagem que você gostou mais, ou que te chamou mais a atenção?
É difícil falar porque, para mim, todas foram sensacionais. O pé enorme, que é do meu tamanho, com as fotos de momentos que eu vivi dentro do Pé Descalço, me surpreendeu muito porque foi inovador, nenhuma outra pessoa tinha tido uma surpresa desse jeito. Fiquei muito surpresa com tudo. Mas a faixa que eles levantaram logo depois do rastapé “Não sei com quantos paus se faz uma canoa, mas com seis se faz uma Vermelha. Vai Ana!”, cara... Essa faixa me deu muito gás. No vídeo, dá pra ver que eu fui à loucura. Essa faixa me fez pensar rapidamente em toda a minha trajetória dentro do Pé Descalço e me dar gás para mostrar o que eu sabia ali no meio na hora do baião.



Na hora do exame, passou um filme na sua cabeça de tudo que aconteceu até você chegar naquele momento?
Acho que o filme passa depois que acaba o exame. Aí, você começa a refletir sobre o fato de ter feito o exame da Vermelha e que foi o último exame de colar. Quando você está lá no meio, você pensa tanto em descontrair, que você não pensa muito em sua trajetória. Você acaba ficando ansioso, nervoso, e muito feliz por estar ali no meio. Mas logo depois do exame, quando acaba o baião e todo mundo vai te abraçar e te dar os parabéns, aí começa a passar um filme na nossa cabeça.

E que filme passou na sua cabeça. Quais partes você poderia destacar?
Poderia destacar, principalmente, a minha trajetória de Preta pra Preta Avançada. Foi uma trajetória longa, de quase três anos. E quando eu consegui passar pra Preta Avançada, eu consegui deslanchar até a Vermelha, já que tomei só um pau no Pré-Exame. Depois consegui passar direto. No período da Preta pra Preta Avançada eu tomei muito pau, mas não me arrependo de nada. Por mais que tenha passado só no quinto exame, acho que foi só no quinto exame que eu estava preparada para passar. Os paus e as reprovações foram justos até eu chegar onde eu estou hoje.

O seu baião foi a música “Forró do Rei”, do Trio Virgulino. Virou uma música mais especial para você depois disso?
Com certeza. Eu fiquei extremamente feliz e surpreendida quando meu baião começou a tocar e era o “Forró do Rei”. Tanto é que eu fui à loucura, me deu um gás que não tem como explicar. Hoje, toda vez que toca “Forró do Rei”, eu fico arrepiada, emocionada e me lembro de tudo que aconteceu no dia 3 de outubro.

Qual foi o primeiro ato como Vermelha? Já teve algum compromisso oficial?
Assim que eu passei pra Vermelha, o Rick veio me abraçar e me perguntou se um dia depois, eu já podia dar um workshop para o pessoal de Itajubá. E eu fiquei tipo... oi? (risos). Fiquei feliz e surpreendida. Eu nem sabia o que responder. Acabou que, um dia depois, no domingo, aconteceu a reunião dos examinadores pela manhã e eu já fiquei na Savassi com o Rafael (professor) para darmos aula para o pessoal de Itajubá. E foi uma experiência ótima. Foi o meu primeiro workshop e minha primeira aula como Vermelha.

E como o pessoal te recebeu nesta reunião da Vermelha? Teve uma recepção diferente?
Todos me deram os parabéns. E eu fiz um agradecimento especial ao Raso. Acho que ninguém sabe disso. Ele reuniu os seis examinados da Vermelha um pouquinho antes do exame e falou pra gente ir lá e mostrar realmente o que a gente sabia. A atitude dele nos passou uma segurança muito grande e fez toda a diferença. Um dia depois, eu fiz questão de conversar com ele e dizer que foi realmente importante as palavras dele antes do exame.

E agora, o que vem pela frente?
Eu não falo que se encerrou um ciclo. E sim, que se abriu um novo ciclo. Estar na Vermelha é uma responsabilidade muito grande, porque você tem sempre que manter um nível bom e alto de dança, até mesmo para você se sentir satisfeito. Eu sempre vou praticar e procurar melhorar pontos que eu ainda tenho para melhorar.

O que dizer para as pessoas que sonham um dia em chegar ao colar da Vermelha?
Simplesmente, dance. Dance feliz, divirta-se em todas as aulas, independentemente se for Branca, Azul, Azul Avançada, Preta ou Preta Avançada. Não pense somente em exame, porque o exame é uma conseqüência de tudo. Exame é simplesmente para você mudar de roda. Claro que é muito importante para o desenvolvimento da pessoa. Só que eu acho muito mais importante você ter a essência da dança do que um colar no pescoço.

Que conselho você daria para as pessoas que foram reprovadas?
Para continuar. Que isso não seja motivo de desânimo. E sim de uma motivação para você pegar a sua fichinha, ver o que você precisa melhorar e trabalhar isso, porque passa rápido. Três ou seis meses não é um tempo muito grande e dá pra trabalhar bem essas coisas.

Gostaria de fazer alguns agradecimentos?
Poxa... Eu quero agradecer especialmente ao Rafael, que foi o examinador que eu escolhi. Ele foi a primeira pessoa que eu conheci do Pé descalço. Ele está na minha trajetória de dança há muito tempo. Um viu o outro evoluir. Ele sempre me ajudou e os treinos para o exame da Vermelha foram maravilhosos. Eu quero agradecer muito a força e o incentivo que ele me dava no dia a dia. Quero agradecer a todos os meus amigos: Isabela, Luiza, Teixeira, Ítalo... Eu não vou ficar falando nomes para não esquecer de ninguém, porque é muita gente.

Eu também quero agradecer, especialmente, ao Bruno e à Michelli, que são dois amigos não simplesmente de Pé Descalço, mas que eu realmente posso contar pra minha vida toda. E agradecer também aos meus examinadores. O Luiz... nossa, foi um xote maravilhoso. Além de meu amigo dentro, fora do PD, e pra vida inteira, ele me passou uma coisa muito boa, uma segurança muito top na hora do exame. Na hora do xote, foi ele que me deu segurança pra continuar. O Igor, nossa... foi muito legal o rastapé com ele. Foi um divertido e a gente interagiu muito. O Rafa, que entrou pra fazer o aéreo comigo e pra dançar o “Forró do Rei”. E o Dumont, que foi meu último examinador, mas não menos especial. A interação, a energia dele foi muito boa. Foi ótimo sair com esses examinadores. Eu amei.


Quero agradecer também aos meus professores Alex e Betinho, que sempre me motivaram e foram os meus professores desde o início. Sempre que eu cheguei e perguntei alguma coisa, eles estavam ali pra me ajudar. Quero agradecer também a minha família, que sempre me deu força, ao meu irmão Juju, que tava ali do meu lado sempre... minha mãe. Beijo mãe (risos).



domingo, 11 de outubro de 2015

HISTÓRICO
 No maior exame dos 12 anos de vida do Pé Descalço, 
Eldorado dá show mais uma vez


   FOTOS: BRUNO TRINDADE

Tendo o exame da Vermelha como atrativo principal, testes para mudança de colar atraíram 521 pessoas ao Círculo Militar, na Raja



BRUNO TRINDADE

O estilo e a paixão que tanto cercam o Pé Descalço está, cada vez mais, ultrapassando as fronteiras da escola de dança. Reconhecida no Brasil e no Exterior, a academia começa a atrair cada vez mais alunos e o interesse das pessoas em conhecer a sua forma única de ensinar e dançar forró.

O reflexo desse sucesso esteve refletido na quadra do Círculo Militar, no dia 03 de outubro, data dos exames para mudança de colar e da avaliação mais nobre da Escola: o Exame da Vermelha. 521 pessoas estiveram presentes, transformando o evento no maior da história do PD.



A grandiosidade do número de pessoas também apareceu na qualidade das apresentações do seis candidatos ao posto máximo da academia de dança. Dos examinados, quatro foram aprovados (Yan, Buto, Ana Flávia e Teixeira), sendo os dois últimos da unidade do Eldorado.

Camila e Ítalo, os outros representantes da filial de Contagem, terão que fazer o exame novamente. Porém, eles brilharam na dança e mostraram que voltarão ainda com mais vontade e determinação para alcançarem o colar da Vermelha.

 

Quais foram as sensações, os sentimentos, a euforia dos alunos do Eldorado? Quais serão os próximos passos dos novos Vermelhas e o que fará de diferente a dupla que tentará realizar o exame novamente daqui a seis meses?

Acompanhe as respostas para essas questões aqui no blog do PD Eldorado. A partir de amanhã, vamos conversar com cada um dos alunos do Eldorado que fizeram o último exame da Vermelha.

A primeira entrevista será com ANA FLÁVIA, que falará de todos os detalhes do exame mais nobre do Pé Descalço. AGUARDEM!


terça-feira, 29 de setembro de 2015

MAR VERMELHO
Fotos: GABI DAMASCENO
PD Eldorado faz onda de aprovações, leva quatro de seis aprovados para o exame da Vermelha e promete um tsunami de emoções no dia 3 de outubro



BRUNO TRINDADE  

Pé Descalço. Há muito tempo deixou de ser somente um estilo. E não se limita apenas a uma paixão. É uma escola que engloba todos os estilos e que desperta um sentimento incomensurável de pertencimento ao jeito Pé Descalço de dançar. De encantar. E foi esse emaranhado de coisas que os alunos do PD Eldorado conseguiram transmitir da melhor forma possível para garantir a aprovação para o exame mais nobre da escola.

Dos 30 candidatos que realizaram o Pré-Exame, somente seis passaram. Dos seis, quatro são do Eldorado. Qual o segredo? Segundo Camila, uma das escolhidas para realizar o exame da Vermelha, a qualidade da unidade de Contagem é baseada na união.

“Acho que o Eldorado, hoje em dia, tem uma preocupação muito grande com os alunos. Acho que a união da galera está fazendo todo mundo evoluir junto. Não tem aquela preocupação, dentro da unidade, de que a gente tem que passar no Pré-Exame, que a gente tem que passar na Vermelha, que a gente tem que chegar ao último nível. É todo mundo ajudando todo mundo. Eu vejo muito isso no Eldorado. A galera dança muito por diversão, por curtir aquilo ali, por levar a escola no peito. Acho que foi por isso que cresceu todo mundo junto. A gente deu trabalho nesse Pré-Exame. Tenho certeza absoluta. O Eldorado foi o mais falado”, analisa.


Ana Flávia, outra estreante no exame mais top que a escola oferece, também ressalta a relação próxima que existe entre os alunos da unidade. “Querendo ou não, nós do PD Eldorado somos um grupo. Um ajuda e motiva muito o outro”, disse.

Ítalo vê os alunos do Eldorado cada vez mais empenhados, tanto em evoluir na dança quanto para aumentar o número de Vermelhas na unidade. “Acho que o pessoal do Eldorado está correndo mais atrás devido à falta de Vermelhas aqui no Eldorado. O pessoal está vendo que em outras unidades, já tem muitos professores. E aqui tem muito pouco. Por isso, temos que correr atrás”, conclui.

 A partir de agora, você acompanha ENTREVISTAS EXCLUSIVAS com cada um dos quatro candidatos a exame da Vermelha. 

A começar por TEIXEIRA, que tentará o colar da Vermelha pela segunda vez. Agora, ele quer mostrar a sua evolução e que está pronto para se juntar ao seleto grupo de professores da escola. 


Você passou nos dois últimos Pré-Exames. A sensação foi diferente desta segunda vez?
Foi sim, porque você sente que a responsabilidade é maior. Você estava naquele nível de dança, mas não deu pra passar para a Vermelha naquela época. Aí você fez o Pré-Exame de novo e passou. Tem aquela chama lá dentro falando: “Ou, tá na hora. A hora é agora. Vamos batalhar.

Então, você acha que a responsabilidade deste segundo exame da Vermelha será maior?
Muito maior. A expectativa também será muito maior.

Mas também deve ser uma felicidade você ter conseguido essa segunda aprovação seguida no Pré-Exame?
Foi. Ter tomado pau, no outro exame, nem foi tão ruim. Porque eu sabia que eu ia fazer de novo. E fazendo de novo, eu vou sentir aquela energia, a galera gritando por você. Você sabendo que você evoluiu. Estou preferindo fazer dois exames da Vermelha do que fazer um só. Acho muito mais doido. Espero que eu passe neste.

Porque você acha que conseguiu passar de novo no Pré-Exame?
Eu não sei quanto à galera, mas desde que eu tomei pau no exame da Vermelha, eu não desanimei. Eu já tinha o meu feedback do que eu tinha que melhorar. Eu treinei muito forte nesses seis meses para conseguir melhorar e chegar lá.

Às vezes, as pessoas falam que o candidato não conseguiu dançar tudo que ele pode. O que significa isso?
Por exemplo, quando você está no espaço livre, você está na sua zona de conforto, você não está sendo avaliado. Aí, você chega lá no Pré-Exame e tem aquele tanto de examinador te olhando, vendo você dançar, aí você fica nervoso. Então, meio que você abaixa seu nível de dança um pouco, o que acaba te atrapalhando. No meu caso, eu passei mal durante o meu Pré-Exame, aí fiquei mais pilhado ainda. Ficava pensando que não ia conseguir dançar. Mas no final, deu tudo certo.

 

 O que você melhorou nesses seis meses?O que você conseguiu fazer nesse segundo Pré-Exame que você não conseguiu fazer no primeiro?
Na minha visão, o que eu precisava melhorar muito era a minha musicalidade. E a interação com a dama dentro dessa musicalidade. Porque eu sempre fui aquele cara de velocidade, agilidade, que gosta de quebrar o pau. Só que tinha na hora que a música pedia mais musicalidade do que quebrar o pau. Eu tinha um pouco mais de dificuldade. E eu senti que nesses seis meses eu tive uma evolução nesse quesito. E melhorar a divisão do corpo de dança, se adequar a cada tipo de música. Não é somente se é xote, se é rastapé ou se é baião. Tem baião que pede pra dançar mais fluido, mais quebrado. Eu sinto que tive uma evolução boa nisso.

A preparação do primeiro Pré-Exame foi diferente da preparação que você fez para o segundo?
No primeiro Pré-Exame, eu realmente não tinha ideia de que iria passar. Então, eu fui dançando, tentando melhorar, mas sem aquele objetivo de passar no Pré-Exame. Eu pensei: vou fazer pra ter uma experiência, vai ser legal porque é uma honra fazer o Pré-Exame. Desde de Branca, a Azul, eu sonhava em fazer esse exame. Então, tinha que fazer bonito. Aí, eu pensei: se eu consegui passar naquele Pré-Exame, porque não vou conseguir passar neste? E falei pra mim mesmo: eu quero passar no Pré-Exame de novo. Sentir a energia da galera de novamente. Desta vez, o foco foi maior.

O que você está pensando para mais um exame da Vermelha?
Eu não tenho nem ideia do que vai rolar neste exame. Eu só quero que a energia da galera e a minha estejam com a mesma sintonia que estavam no outro exame, porque foi muito bom. Só de falar no exame, eu já começo a arrepiar. Só quero sentir a mesma coisa novamente.

Tem algo que te preocupa pra este exame?
Acho que não tem algo que me preocupe. Eu penso: nossa, tal música podia cair pra mim porque ia ser legal, ou esse rastapé combina comigo, ou queria sair com determinada examinadora.

Você está mais tranquilo do que da primeira vez?
Eu estou mais tranquilo porque eu sei como é que funciona. Então, dá pra me preparar melhor. Mas a expectativa e a ansiedade não diminuem não.

Além das coisas que você disse que precisou melhorar, o que você terá que fazer agora para que o resultado do dia 3 de outubro seja diferente?
É chegar lá e dançar. Esquecer o resto. Foca só na energia, na música, na examinadora e dança tudo que você sabe fazer.
 

 O que representa, caso você seja aprovado, ser um Vermelha?
A galera acha que, quando você chega ao colar da Vermelha, é o fechamento de um ciclo. Eu entendo que a Vermelha é mais um degrau, porque quando você chega à Vermelha, você não para de aprender. Então, eu vou querer sempre estar absorvendo, melhorando as minhas qualidades e os meus defeitos. Porque tem gente que é melhor do que eu em determinadas coisas. Então, eu posso pegar alguma coisa aqui e ali, incorporar e continuar melhorando. A Vermelha é a realização de um sonho.

Você já teve essa experiência. Como foi receber o apoio da torcida e o quanto isso foi importante na hora de você fazer o seu exame?
Eu estava desmoronando, com as pernas tremendo, não conseguindo ficar em pé. Aí, na hora que eu vi aquelas homenagens, não acreditei e falei: nossa, que energia doida. Foi uma base para eu me reerguer e falar assim: vai ser um exame doido porque a galera está torcendo por mim. E essa energia, nós vamos compartilhar. A energia é o que te sustenta lá no meio, que te deixa em pé, que te faz ter aquela vontade de dançar e de arrebentar com tudo.

Se você fosse resumir em uma palavra a sua trajetória aqui no Pé Descalço, que palavra seria essa?
Superação. Porque eu tinha muita dificuldade no começo. Cheguei a me machucar e ficar parado. Mas o sonho nunca foi embora. Fui subindo degrau por degrau até chegar ao Pré-Exame. 
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Estreantes em exames da Vermelha, ANA FLÁVIA, CAMILA E ÍTALO têm qualidade de sobra para conquistar o colar. Que cartas eles têm na manga? Qual será o trunfo de cada um deles? Confira com cada um deles os detalhes de mais um espetáculo com o selo de qualidade do Pé Descalço.  

 
 ANA FLÁVIA




Quanto tempo você tem de Pé Descalço?
De Pé Descalço, eu tenho aproximadamente quatro anos. Eu entrei em Dezembro de 2011.

Já dançava antes de vir para o PD?
Sim. Eu comecei a dançar com 11 anos em uma escola de dança de salão. Eu fazia Samba, Zouk, Salsa, mas não fazia muito forró. Aí, eu conheci alguns amigos que me levaram a entrar no Pé Descalço.

Você entrou em que nível?
Eu entrei na Azul e já fiz exame direto para a Azul avançada, no qual eu passei.

Você se lembra do primeiro exame que você fez?
Eu lembro que não foi muito difícil porque eu já tinha um pouquinho de noção de dança, mas eu fiquei bem nervosa. Eu fui a única a fazer exame de Azul pra Azul Avançada no dia. Então, eu fiquei sozinha fazendo exame de Azul pra Azul avançada e todo mundo olhando. Por isso, eu fiquei nervosa.

Depois das aprovações e dos novos colares adquiridos, foi ficando mais fácil ou mais difícil?
Foi ficando bem mais difícil, porque os níveis vão passando e as dificuldades aumentando. Você tem que prestar mais atenção em alguns aspectos da dança. Tem que prestar mais atenção em postura, em leveza do braço, em dividir o corpo e saber diferenciar o corpo de dança como, por exemplo, o xote do baião.

Qual foi o seu caminho para chegar até aqui?
Eu entrei na Azul, fiz exame da Azul pra Azul avançada e passei. Da Azul Avançada pra Preta, tomei um pau e passei no segundo exame. Da Preta para a Preta Avançada, eu tomei quatro paus e passei no quinto. Tomei ainda um pau no Pré-exame e passei no segundo Pré-Exame que fiz. E agora vou fazer o exame pra Vermelha.

Quando você entrou e ficou sabendo dos níveis de dança do PD, te passava pela cabeça um dia chegar à Vermelha?
Não. Eu sempre encarei o Pé Descalço para dançar. Simplesmente dançar, sem pensar muito em nível, ou em chegar na Vermelha. Mas quando eu passei pra Preta e vi que estava evoluindo mais, eu me senti muito motivada. Foi a partir da Preta que se tornou um sonho fazer o exame e passar para a Vermelha.


  
O que você sentiu quando falaram o seu nome e que você iria fazer o próximo exame da Vermelha?
Na hora, eu não acreditei. Como eu tenho quatro anos de Pé Descalço, muita coisa passou pela minha cabeça e eu fiquei em choque. Eu simplesmente não acreditei que eu ia fazer o exame da Vermelha. Vi muita gente me abraçando e me dando os parabéns. Eu fiquei muito feliz.

No penúltimo Pré-exame, você não passou. O que você fez agora pra passar nesse último Pré-exame?
Confiança. Eu acho que no primeiro Pré-Exame estava sem confiança, insegura. E mesmo estando tranquila, acho que faltou segurança. Nesse último exame, eu estava um pouco mais segura, mesmo ficando mais nervosa do que no Pré-exame em que eu tomei pau.

Qual vai ser a maior dificuldade que você que terá neste exame da Vermelha?
Nervosismo. Acho que é a única coisa que pode me tirar um pouco o foco do exame. Em todos os exames que já fiz, eu fiquei bem nervosa, principalmente da Preta para a Preta Avançada. E agora será a primeira experiência no exame da Vermelha. Acho que eu vou ficar bem nervosa. Será a minha maior dificuldade. Mas vou tentar me controlar.

Como fazer para controlar a ansiedade antes do exame e o nervosismo na hora de de realizá-lo?
Suco de maracujá, chocolate e respiração profunda (risos). É pensar que vai dar tudo certo, ter confiança em você mesma e, quando estiver lá na hora, pensar simplesmente em dançar.

Que tipo de xote você pretende escolher? Um xote mais lento, mais movimentado?
Ainda estou bem confusa em relação à escolha do xote. Eu quero um xote que seja marcante para mim, mas eu quero uma coisa mais diferente. Não fugindo do forró, mas um xote mais musical.

O aéreo te preocupa?
Um pouco. Porque eu não tenho muita experiência em aéreo e eu sou muito insegura. Mas eu vou me esforçar.

Você pretende fazer um aéreo mais simples, mais impactante?
Estou pensando em fazer um aéreo um pouco mais simples, mas com um efeito legal.

Caso você seja aprovada no exame da Vermelha, o que isso vai representar para você?
É um sonho que eu tenho de um tempo pra cá. Eu quero somar na unidade do Pé Descalço Eldorado, dar aulas mais focadas para as mulheres. Desde o começo, eu não tive uma referência feminina. Então, eu quero ser para as meninas a referência que eu não tive. Vai ser uma realização muito grande e um reconhecimento de tudo que eu passei aqui dentro. Vou ficar emocionada e muito feliz.

A responsabilidade é maior ou é menor pelo fato de ser o seu primeiro exame da Vermelha?
Eu acho que maior porque é lá que você vai mostrar tudo aquilo que você aprendeu ao longo de sua trajetória. É o exame em que você realmente tem que mostrar o que você sabe. É só você lá no meio. Por isso, acho que é mais difícil por ser o primeiro.

O que você acha que precisa levar para o exame para que você seja aprovada?
Animação, segurança e vontade de dançar. 
 
 
Qual a importância das homenagens que as pessoas costumam fazer antes do exame da Vermelha?
Uma motivação muito grande. Eu vou ficar muito motivada em ver a unidade do Eldorado toda me apoiando. Vai me dar uma força maior. Acho que essas surpresas, as homenagens mostram o que você representa na unidade.

Se você fosse descrever a sua trajetória no Pé Descalço em uma palavra, que palavra seria?
Acho que felicidade. É o que traduz o meu sentimento. O Pé Descalço mudou a minha vida. Me deixou mais alegre, mais feliz mesmo.

Em algum momento, por causa das reprovações, você pensou em desistir?
Acho que ficar chateada não tem como evitar. Mas as reprovações sempre me deram mais motivação para continuar, para mostrar pra mim mesma que eu conseguia chegar ao nível que eu queria.

O que representa um Vermelha pra você?
Um Vermelha representa esforço, dedicação, paixão pela escola. Para pessoa passar para a Vermelha, ela tem que ter realmente dedicação e paixão pela escola, paixão pela dança, paixão pelo forró.
rrastapé, e quem vai entrar na

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CAMILA


Quanto tempo você tem de Pé Descalço?
Tenho três anos e meio.

Já dançava antes de entrar no PD?
Não, aprendi lá. Sabia dois pra lá, dois pra cá e alguns movimentos. Mas aprendi a maioria lá.

Entrou em qual nível?
Entrei na Branca, não tinha transparente na época. Entrei na Branca, aí um mês depois, foi o exame pra Azul.
 
Lembra como foi o seu primeiro exame?
Lembro. Foi com o César. Eu estava muito nervosa. Eu não conhecia exame. Fiquei muito nervosa, minha mão estava soando, tremendo, não sabia nada, mas eu passei. Foi muito legal.

Em qual unidade começou a fazer aula?
Eu entrei no Eldorado. Nunca saí do Eldorado. Eu faço aula em outras unidades, mas continuo no Eldorado, sempre.

Depois da primeira aprovação, os exames ficaram mais fáceis ou mais difíceis?
Mais difíceis, porque só vai ficando mais complexo. Na dança, você vai evoluindo e ficando cada vez mais complicado. Então, vai chegando o momento em que você tem que desconstruir tudo o que você aprendeu e aprender tudo de novo. È muito mais difícil.

Quantas reprovações você já teve e em quais níveis?
Já tive uma reprovação pra Preta, uma pra Preta avançada e duas no Pré-Exame. Esse último foi o terceiro Pré-Exame e eu passei, graças a Deus.

 Você sabia sobre essa dinâmica da escola de promover exames para a troca de colares?
Que tinha exame eu já imaginava, porque tinha a distinção de colares. Eu só não sabia como funcionava. Eu já conhecia o Pé Descalço antes de entrar, de ouvir falar. Tinha amigos que faziam aula. Quando eu entrei e estava próximo à data de um exame, eles sempre davam recado falando sobre a mudança de colar. Mas só tomei conhecimento de como era, como acontecia, como era a dinâmica no dia do exame mesmo.

A partir do momento que ficou sabendo da existência dos colares e da mudança de níveis, passou a ser um sonho chegar à Vermelha?
Desde que eu entrei, já comecei a ver vídeos da Vermelha. (risos). Aí, eu falei: eu quero chegar lá. No dia que eu entrei, já escolhi a pessoa que ia me examinar na Vermelha. Sou dessas assim. E mantive até hoje. Eu assistia a muitos vídeos. Eu queria muito chegar à Vermelha. Não sabia que ia ser rápido. Acho que todo mundo quer né?! Todos que entram e assistem aos vídeos, falam: Nossa... eu quero estar lá. Então, vou ralar pra conseguir.
 

 O que você sentiu quando ouviu o seu nome como uma das pessoas aprovadas para o exame da Vermelha pela primeira vez?
Que isso... acho que não dá nem para descrever. Foi sensacional. Eu não esperava. Acho que fiquei mais surpresa. E eu fiquei muito feliz por estar representando a minha unidade. Tinha muita gente do Eldorado. A sensação de todo mundo foi mútua de estar levando o nome da escola. Foram quatro pessoas aprovadas do Eldorado, e pessoas que eu gosto. A gente fica meio abalada pelas pessoas que não passaram e que estão com a gente nessa caminhada. Mas eu fiquei feliz demais. Nossa senhora, doidona. Eu chorei igual criança (risos).  

Você não passou nos dois primeiros Pré-Exames que você fez e passou no terceiro. O que você fez de diferente para que o resultado fosse diferente também?
Acho que ter ido pra outras unidades me ajudou bastante. O Eldorado é muito bom, mas você ter a visão de outros professores sobre a sua dança, dançar com pessoas diferentes me ajudou a evoluir muito. Eu comecei a dar aula na Pampulha também, o que me ajudou a ter uma consciência corporal minha e do outro muito maior do que eu tinha antes. Dar aula também ajuda bastante a evoluir. Eu convivi com pessoas que eu tenho como mestres no Pé Descalço, como César, João Marcos, o Tales, o Igor, a galera que me ajudou demais, além do pessoal do Eldorado.

O que você acha que vai ser o mais difícil neste exame?
Controlar a emoção quando eu chegar lá no meio. A perna vai tremer, eu vou ter medo de desmaiar e de não dar conta. De ter um piripaque. Tenho medo demais de acontecer isso.

Está ansiosa, nervosa?
Estou. Olha a minha mão. Estou doidona.

Como você pensa o seu xote? Será um xote mais ritmado, um xote mais lento, mais fluido?
Vai ser um xote bem forró. Bem sanfona. Eu tenho mania de falar que esse xote faz doer o coração. De verdade. E é uma música que, desde que entrei no Pé Descalço, eu sempre gostei muito dela. Ela toca razoavelmente nas rodas das aulas do pessoal iniciante. Eu gosto bastante.

O aéreo te preocupa?
Não sei o que vou fazer, mas não me preocupa. Eu tenho medo de me machucar nos treinos e não consegui fazer o aéreo. Mas de ficar preocupada e pilhadona no aéreo, não. É uma parte importante, mas eu acho que é a parte menos importante do meu exame.

Caso você seja aprovada. O que irá representar isso pra você?
Nossa... Representa uma conquista que não vai ser só minha. Vou levar o nome de muita gente junto comigo. Eu estou fazendo muito por mim, mas muito por essas pessoas, pelos professores. Eu carrego o nome do Alex e do Beto junto comigo desde que eu entrei no Pé Descalço. Os meus alunos da Pampulha. São outros quinhentos você fazer o exame da Vermelha e ter um tanto de gente que tem você como referência. A aprovação vai ser muito para eles também.

O que significa ser um Vermelha pra você?
Que começou de novo. Eu não sei. Se eu passar, eu te conto (risos). Eu também quero saber (risos).

A responsabilidade é maior ou menor por você estar fazendo o seu primeiro exame?
Maior. Todo mundo espera demais. Mas se for comparar com um segundo exame, por exemplo, a expectativa do primeiro é menor. Quando você faz um exame e depois vai fazer outro, todo mundo espera que seja o dobro do que foi no primeiro. A expectativa é menor no primeiro exame. Não pra mim, mas talvez pra quem assista.

O que você acha que precisa levar pra hora do exame para ser aprovada?
O meu objetivo é dançar de um jeito que todos sintam que estão dançando comigo. Eu não quero fazer o exame pra mim. Não é uma coisa que eu vou chegar lá no meio, fazer sozinha, dar um show e todo mundo vai me aplaudir. Eu quero que a galera sinta a emoção de estar junto comigo dançando com quem quer que seja que entre no meu exame. Acho que isso é fundamental. Influencia na sua energia, na energia de quem está com você e na energia da galera que está em volta.

 Qual a importância dessas homenagens que as pessoas fazem antes do exame para as pessoas que estão lá dentro?
Acho que é uma faca de dois gumes. É muito massa. Eu sei como é que é porque eu já fiz muitas torcidas. Mas eu acho que eu sou muito cagona. Dependendo do que a galera fizer, acho que eu vou desmaiar. Ou então eu vou chorar tanto que na hora que chegar no xote, eles vão ter que cancelar o meu xote porque eu não vou consegui dançar. Mas acho que torcida é fundamental, porque é muito ruim você chegar a um lugar, ainda mais em um exame da Vermelha, e não ter ninguém torcendo por você. Não precisa de banner, faixas e das coisas que o pessoal do Eldorado faz. Nem que seja a palma, a energia da galera é importante. 
  
 
Se você fosse resumir a sua trajetória no Pé Descalço em uma palavra, que palavra seria?
Superação. Porque eu não sabia nada quando entrei no Pé descalço. Aí, fui crescendo e, ao mesmo tempo, tropeçava no meio do caminho. Você acha que está bom e aí vem alguém e fala, nossa, está uma merda. E é muito complicado. Você tem que ter muito equilíbrio para não deixar a crítica te abalar. E já rolou que eu ficasse muito mal com algumas críticas. Eu superei muita coisa, muita quebra de expectativa, de opinião ao longo da trajetória no Pé Descalço. Então, foi uma superação, sem falar das limitações que todo mundo tem: corporal, mental, etc.

O que dá pra fazer do dia do Pré-exame até o dia do exame da Vermelha?
Acho que dá pra fazer tudo. O tempo é relativo. Dá pra fazer o que você quiser com o tempo. Acho que dá pra fazer coisa demais. Não é só elaborar o aéreo. Dá para melhorar muita coisa. Vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para ir além.  

O que pode te atrapalhar no dia do exame?
O emocional pode me atrapalhar. Se eu não usar ele ao meu favor, eu vou desmaiar, vou ter problemas. Já falei. Vou tomar um chá, uma catuaba. Foi assim que eu passei no Pré-exame. Tomei dois copos de catuaba e foi ótimo. (risos). Não sei se vou ficar pilhada porque estarei examinando. Vou examinar até a Preta. Depois, vou ficar de boa para o exame da Vermelha. Eu vou tentar usar o emocional ao meu favor, vou tentar ficar calminha. Acho que a energia da galera ajuda muito a gente ficar nervoso e calmo ao mesmo tempo.

Dá pra imaginar o clima, o que vai sentir quando chamarem o seu nome e você estiver lá no meio?
Vou tremer, acho que vou ficar mais nervosa, não com o meu nome, mas quando for entrando as pessoas que vão dançar comigo. Porque a maior expectativa é saber quem vai fazer aquele momento acontecer com você. Vai ser muito doido na hora que chamar o examinador do meu xote, do rastapé, e quem vai entrar na minha rápida. Acho que vai ser a parte mais emocionante do exame.

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ÍTALO


Há quanto tempo você está no Pé Descalço?
Tem dois anos e quatro meses que estou no Pé Descalço.

Você já dançava antes de entrar no PD?
Eu fiz aula de forró com meu irmão durante dois meses na academia em que ele dava aula, mas não é o forró que a gente vê no Pé Descalço. É um forró bem diferente. O forró do Pé Descalço é uma mistura de várias danças. Ao mesmo tempo que ele pode ser um pouco mais clássico, pode ser um pouco mais quebrado, mais redondo. Tem muita variação. E o forró da outra academia era uma coisa só. Por isso, é que eu gostei mais do forró do Pé Descalço.

Você entrou em qual nível no Pé Descalço?
Eu entrei na Branca.

Você lembra como foi o seu primeiro exame?
Eu me lembro da sensação. Podemos dizer que é praticamente a mesma sensação de quando você vai fazer qualquer exame. Mas o primeiro, você pensa: e agora, o que eu faço? Achei que foi bom, mas eu fiquei muito nervoso, muito mesmo.

Você foi reprovado alguma vez?
Eu fui reprovado uma vez para a Preta avançada e em um Pré-Exame.

Depois que você foi mudando de nível, foi ficando mais fácil ou mais difícil?
Até a Preta, eu achei mais tranquilo porque a gente foi evoluindo junto com a roda. No intervalo de tempo entre os exames, deu para pegar esse desenvolvimento. Porém, depois ficou mais complicado. Eles analisam questões além da técnica. Eles olham como você está dentro do Pé Descalço, olham tudo. Então, vai ficando um pouquinho mais difícil.

Quando você entrou, você já sabia dessa mudança de colar? Quando ficou sabendo, até onde queria chegar?
Quando eu entrei na Branca, não sabia que tinha essa mudança de nível e via o pessoal falando sobre os exames. Decidi fazer pra ver como ia ser. Fiz o primeiro exame e passei para a Azul. Na Azul, eu já comecei a ver a Preta, a ver o pessoal quebrando o pau, dançando mais rápido, com uma desenvoltura maior, com os passos mais desenhados. Acho bem clássico o forró do Pé Descalço. Uma mistura de um tango, com uma postura muito boa. Sei lá... Foi aí que eu disse que queria chegar à Preta. Quando cheguei à Preta, eu falei: agora, eu quero ir até a Vermelha. Estamos aí tentando (risos).

Depois que você teve conhecimentos desses níveis de aprendizado, e que teria que ter toda essa evolução na dança, a Vermelha virou um sonho?
Com certeza. Quando você vê o pessoal da Vermelha dançando, você quer estar lá. Quando eu estava na Preta, eu ficava vendo o Pré-Exame da Preta avançada, nossa... Eu
percebi que era o meu sonho estar lá. Quando eu conseguir passar no exame da Vermelha, será a melhor sensação que poderá existir.  

Agora, você foi aprovado no Pré-Exame. O que você sentiu quando disseram que você seria um dos candidatos a fazer o exame pra Vermelha?
Nossa... todo mundo pulou em cima de mim. No começo, eu não conseguia acreditar. Depois que todos saíram de cima de mim, e que vi todos me olhando, aí caiu a ficha. Eu comecei a chorar. É uma mistura de tudo porque é uma coisa que você queria há muito tempo. Você conquistou isso e agora vai fazer um exame maior ainda, vai fazer um espetáculo, um show pra todo mundo ver. Todos estarão torcendo por você. É você sendo reconhecido dentro do Pé Descalço. E isso é muito gratificante. Muito mesmo.
 

 No penúltimo Pré-Exame, você não passou. O que mudou para que você conseguisse, no último Pré-Exame, escrever uma história diferente?
No penúltimo Pré-Exame, eu recebi alguns feedbacks, umas críticas negativas e positivas, e as críticas negativas foi as que prevaleceram e que me deram pau. Mas eu corri atrás pra tentar evoluir, pra melhorar e fui pedindo dicas ao longo do percurso. Fui adaptando a minha dança, de acordo com o que eles pediam, mas ao mesmo tempo eu não mudei o meu estilo. É muito importante você manter o seu estilo e mudar algumas coisas que precisam ser melhoradas e que são cobradas dentro do Pé Descalço.

E agora, o que você acha que será o mais difícil?
Vai ser lá no meio. Quando chegar lá, eu não sei o que vou fazer. Não sei mesmo. Claro que a gente fica imaginando o xote, o rastapé, o baião... mas eu não imagino o aéreo na hora. Deve ser uma coisa tão automática. Você deve ter que treinar tanto o aéreo que você nem vai sentir no momento, e depois você vai ficar muito relaxado, muito leve. Acho que vai ser uma energia muito forte.

Como você imagina o seu xote? Já está pensando em alguma coisa?
Pelo menos eu, fico escutando o xote algumas vezes no dia e fico imaginando o que eu faria. Mas não tem um roteiro a ser seguido. Será o que sair no momento. Se for um xote mais aberto, se for um xote mais juntinho, isso vai depender da hora mesmo... de como eu vou estar, de como o meu examinador vai estar, de como estará a energia, depende de vários fatores.

Você tem preferência do tipo de xote,? Será um xote mais ritmado, um xote mais lento?
Uma preferência, não. Mas sou muito de seguir de acordo com a música. Por exemplo, eu gosto de xote mais quetinho, mais juntinho. Mas eu também gosto de um xote mais aberto, mais “rápido”.

O aéreo te preocupa?
Muito, muito. É uma preocupação porque eu não sei o que eu vou fazer. Eu vejo vídeos de Salsa, de West pra pegar aéreos de outras danças. Na hora vai sair, antes, nos treinamentos, também vai sair. Mas eu não tenho muita força pra fazer uma coisa cabulosa. Quero fazer uma coisa doida no momento, mas não muito cabulosa.

O passo aéreo não é obrigatório. Passa pela sua cabeça não fazer o aéreo? Ou apesar de não ser um passo obrigatório faz parte do show e você acha que é um ingrediente especial do espetáculo?
Quando você faz um aéreo, todos meio que vão à loucura. As pessoas ficam falando: Nossa!. É inovador, uma coisa que ninguém viu antes. Causa impacto. Eu queira fazer o aéreo mesmo por essa questão. Não por mim, mais pela emoção do momento e por tudo que as pessoas vão sentir.

Vai optar por um aéreo simples, complexo ou mais impactante?
Eu pretendo duas coisas: uma coisa simples, mas um aéreo bem cabuloso. Não cabuloso de jogar pra cima e tal. Mas um aéreo meio rápido, que todos não consigam entender muito bem o que eu fiz. Mas todos vão ficar falando: olha o que ele fez.
 

 O que representará essa aprovação para você?
Uma aprovação será um reconhecimento. O reconhecimento de todos os Vermelhas, de todas essas pessoas que a gente idealiza ser algum dia. São eles dizendo que você pode fazer parte do grupo deles; que a sua dança condiz com esse grupo. Pra mim, a aprovação seria o máximo. Não o máximo no sentido de terminar o caminho. Mas seria o máximo no sentido de ápice. Sei que depois terá uma continuidade e uma longa caminhada pela frente.

 O que você acha importante levar para o dia do exame?
Muita energia. Porque o exame da Vermelha, principalmente, é muito cheio de energia. Não adianta chegar lá na meio e fazer um tanto de passo cabuloso, uma porção de coisa cabulosa, um aéreo cabuloso, sendo que você não vai levar energia. Depois que você finaliza o aéreo, por exemplo, deve ser uma sensação única. Você deve ficar muito empolgado, deve ser muita emoção. É você passando essa energia para o pessoal que está te assistindo e eles jogando essa energia pra você. Deve ser muito bom.

 Às vezes, as pessoas falam que tão candidato foi reprovado porque ele não conseguiu dançar tudo aquilo que ele sabe. O que isso quer dizer, já que a pessoa está lá pra mostrar o seu melhor? Como se explica isso?
No meu caso, eu ficava muito nervoso e com muita vontade de mostrar o que eu sei. Só que a música não pedia isso na hora. Claro que você faz as aulas para aprender as técnicas dos passos e, quando você está dançando, você está colocando essas técnicas em prática. Mas tem uma hora que você para de usar as técnicas só por usar. Você começa a dançar mesmo. Você fala: olha, fiz tal coisa e nem vi. O Betinho é muito disso. Às vezes, ele está dançando e você pergunta: Betinho, o que você fez? E ele diz: “Não sei, eu estava dançando”. No momento, você quis fazer alguma coisa, fez e as coisas saem muito bem assim. No penúltimo Pré-Exame, eu fiquei muito nervoso e querendo mostrar muita coisa, e não era isso que eles queriam. Eles queriam uma dança mesmo, completa e simples. E nesse último Pré-Exame, eu fiquei mais tranquilo, relaxado, e consegui dançar mesmo.

Qual a importância das homenagens feitas antes do exame da Vermelha?
As homenagens fazem parte do show. No último exame da Vermelha, na hora do Teixeira, eles levaram o garfo, a faca. Eles tentam representar, com objetos, com faixas, o que a pessoa é, como ela vive, o que ela faz, trazer algumas características marcantes dela. Quando o pessoal faz uma homenagem, eles estão dizendo: olha, isso aqui é pra você. É uma coisa única. É muito gratificante para quem recebe.

Como faz pra transportar essa energia da torcida para dentro do exame?
Eu imagino que, quando você vê o que as pessoas fizeram aquilo por você, você deve ficar muito animado, você deve pensar: gente, vou fazer esse exame aqui por vocês, pra essa galera que te deu suporte, que te deu apoio.

Está ansioso, está nervoso?
Eu estou animado. Ansioso e nervoso, eu não estou. Estou um pouquinho mais confiante na minha dança.

Entre a aprovação no Pré-Exame e o dia do exame da Vermelha, o que dá pra melhorar para que se consiga o resultado esperado?
Tudo. A gente tem que escolher o aéreo, tem que escolher o xote, tem que dançar muito, consertar os detalhes, acrescentar algumas coisas novas, melhorar questões de técnica...

Se você fosse resumir a sua trajetória no Pé Descalço em uma palavra, que palavra seria?
Diversão.

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E AGORA, ALGUÉM AÍ AINDA DUVIDA DESSE QUARTETO????




 
 COM CERTEZA NÃO!