segunda-feira, 27 de abril de 2015

SIGNIFICADO DOS COLARES










Cordão Branco (O Despertar)

Assim como o próprio nome diz, é o despertar do corpo da pessoa para a dança. Espera-se que o aluno entenda os conceitos mais básicos que envolvem dançar a dois. São eles: o ritmo, a condução e a execução de passos. Ainda não se cobra uma postura bem trabalhada ou uma naturalidade na dança. Defeitos em postura ou condução são considerados a partir do momento em que atrapalham até mesmo a execução de movimentos simples.





Cordão Azul (A Vontade)

Roda onde os alunos demonstram que o básico foi aprendido e dependem da própria vontade para seguir em frente no aprendizado da dança. Sair para forrós, dançar até pingar nos espaços-livres e se empolgar na trajetória da dança rumo a um nível mais avançado.

Roda Iniciante:
Agora no colar azul, espera-se que os alunos consigam desenvolver sua dança com maior naturalidade. Os movimentos já aprendidos fluem mais fácil por meio de sequências e uma postura na dança já é cobrada. A condução e o eixo passam a ter um rigor maior desse nível em diante, já que serão necessários para a execução de movimentos mais complexos.

Roda Avançada:
O colar onde a evolução começa a se tornar mais complicada. Espera-se uma boa desenvoltura, resistência, agilidade e deslocamento, mesmo em músicas mais rápidas. É um colar onde se aprende, e espera-se que se use bem, praticamente todas as bases de movimentos, já que adiante os movimentos aprendidos serão bem complexos e a base cobrada será maior. Além disso, é neste colar que se começa a cobrar a musicalidade, mesmo que ainda mais básica, onde é possível detectar um corpo para músicas rápidas e um outro corpo para músicas lentas.



Cordão Preto (Seriedade)

Cordão avançado que é o objetivo de muitos que entram no Pé Descalço. É o último nível antes da Vermelha e é onde estão os alunos mais promissores e exemplos dentro da escola. Um cordão onde só a vontade não é suficiente para a evolução, já que são cobrados conceitos avançados e precisos. É necessária a seriedade dos alunos quanto às aulas e seu próprio crescimento dentro do âmbito da dança.

Roda Iniciante:
Roda onde são ensinadas as últimas bases de movimento e onde são reforçados todos os conceitos aprendidos anteriormente. São passadas dinâmicas e passos mais complexos para que os alunos atinjam um maior nível de dança e a criação de um estilo próprio. A musicalidade passa a ser mais cobrada, já não envolvendo somente a velocidade da música, mas o desenvolvimento de um corpo de dança dentro da proposta de cada música colocada. É uma roda onde o nível das músicas em aula sobe muito também, exigindo resistência, agilidade e consciência corporal.

Roda Avançada:
Roda onde estão os alunos que passam a participar dos “Pré-exames” e, quem sabe, o exame para a Vermelha. Começam aqui as aulas de passos aéreos, que exigem um preparo e consciência corporal para serem executados corretamente. São passados também passos de nível bem elevado de execução por parte dos cavalheiros ou das damas. Os alunos pertencentes a esta roda já são alunos exemplares e com dança bem avançada, mas com alguns defeitos que devem ser trabalhados antes de se “graduarem” no Pé Descalço.




Cordão Vermelho (Paixão)

O cordão mais avançado demonstra que seu portador é um exemplo de dança e um exemplo dentro do próprio Pé Descalço. A paixão pela dança é reconhecida e é o único cordão que pode examinar candidatos à Vermelha. Não significa que não existam defeitos, tanto que se aconselha que os graduados continuem a fazer as aulas do cordão preto e busquem outros ritmos para continuar a se aperfeiçoar, aumentando o nível da escola. São capazes de demonstrar a essência do Pé Descalço e inspirar as próximas gerações de alunos que virão.





Por: Rafael Wilker
Revisão: Bruno Trindade
Design: Pierre Almeida




terça-feira, 21 de abril de 2015

Arte da Semana





      Por: Pierre Almeida



CINCO ERROS MAIS COMUNS DAS DAMINHAS

PARA NÃO PERDER O RITMO


Dançar significa colocar em sintonia o corpo e a mente, expressar sentimentos, emoções e a alegria que a dança proporciona. No entanto, para conseguir todos esses efeitos, é preciso muito treino, aceitar que sempre será preciso melhorar e receber ajuda de pessoas que já passaram por esse processo de aprendizado e aprimoramento.

Quando esse aprimoramento não vem, os erros passam a ser recorrentes e atrapalham na evolução e no desenvolvimento da dança. Por isso, o nosso foco hoje será nas daminhas e nos CINCO ERROS MAIS COMUNS cometidos por elas.

Como o Pé Descalço preza pela qualidade, charme, estilo e excelência de suas dançarinas, decidimos trazer algumas sugestões de umas das nossas amadas professoras do PD ELDORADO, a daminha Ana Flávia, da preta avançada, que já dança há muitos anos e carrega consigo uma grande experiência.


Equilíbrio   
               
Muitas daminhas perdem o equilíbrio em alguns passos. Os principais casos acontecem nos giros soltos e giros consecutivos. Uma das maneiras de solucionar esse problema é marcar a cabeça no seu próprio cavalheiro, sendo que, em qualquer giro, a cabeça da daminha é a última a sair e a primeira a chegar. Com isso, você vai ter um eixo maior, que vai te ajudar e muito a perder menos o equilibro.


Sustentação 

Uma alternativa para solucionar isso é prestar mais atenção no que vocês estão fazendo enquanto dançam, e não simplesmente deixar o cavalheiro sustentar vocês. Assim, vocês vão praticando a leveza que a dança pede, mas não podem se esquecer da firmeza. Leveza e firmeza são coisas diferentes. É preciso deixar que o cavalheiro te conduza sem precisar de muito esforço.


Braços

Algumas damas dependem mais do cavalheiro do que o necessário, não é mesmo, meninas? O costume de se sustentar muito no cavalheiro prejudica muito a dança, e faz com que fique uma dança cansativa. Com isso, vem o braço pesado, contraído ou até mesmo mole. Mesmo que o cavalheiro seja o responsável por comandar a dança, ele só vai fazer isso se tiver uma dama. Então, a dança é 50% cavalheiro e 50% a dama.


Agilidade

A falta de agilidade é um problema que muitas meninas têm desde o início. E isso faz com que, muitas delas, tenham até medo de dançar músicas mais rápidas.  Para vocês conseguirem uma boa agilidade, não tem segredo. Vocês têm que dançar músicas rápidas. No começo, pode até parecer difícil, mas com o passar do tempo e muita prática, vocês vão criando uma agilidade cada vez maior. Não tenham medo meninas!


Tronco travado

A grande maioria das damas tem ou já teve o tronco travado. Lembrando meninas, que o nosso corpo tem que ser separado em 2 partes: o tronco e o quadril. Tentem mexer só o quadril e deixar o tronco parado. E vice-versa. Assim, vocês vão se soltando para fazer ondinhas e xique-xique sem muita dificuldade!

Portanto, meninas, o mais importante é nunca desistir. Nós devemos sempre buscar melhorar e aperfeiçoar a nossa dança, com todo amor que temos por ela. E um grande caminho para isso é aproveitar, cada vez mais, o conhecimento dos nossos professores!



por: Keren Bigão e Ana Flávia
revisão: Bruno Trindade



quarta-feira, 1 de abril de 2015

SONHO VERMELHO

Sonho em Alto Nível

A cada apresentação de um aluno do Pé Descalço Eldorado no exame da Vermelha, o espetáculo está garantido. Em ação e como foco principal, estão os candidatos sempre muito bem preparados, que encantam e emocionam a todos que estão assistindo. De outro lado, está a energia, a criatividade e o empenho dos outros alunos da unidade de Contagem, que se destacam nas surpresas e homenagens para seus amigos que prestam exame.

No evento do dia 28 de março, na quadra do Círculo Militar, no Gutierrez, Mariana Alves e Vinícius Teixera foram estrelas e representaram muito bem a unidade do Eldorado, apesar de não terem sido aprovados. A certeza que ficou é de que no próximo exame, Mari e Teixera, além de outros candidatos da unidade que podem surgir, estarão muito mais preparados e bem próximos de se tornarem pés vermelhos.

Além da dança da dupla do Eldorado, o que será inesquecível serão as homenagens feitas pelos amigos e alunos da unidade de Contagem.

Para Teixera, o primeiro a ser examinado, as surpresas foram de palavras de incentivo, abraços e beijos das meninas, até brincadeiras com faixas, talheres gigantes e cartazes, coisas que o deixaram muito emocionado e sem palavras para descrever o momento pelo qual passou.




“Essas homenagens lá na hora são o que te dão força para continuar. Saber que tem uma galera que está torcendo por você, que trabalhou duro para fazer aquelas surpresas. Isso gera uma energia muito boa que, sinceramente, não tem como explicar com palavras. Só estando lá no meio para sentir na pele. São coisas que vão ficar guardadas na minha mente eternamente”, declarou Teixera.




Para Mari, que se apresentou logo depois de Teixeira, a criatividade também foi muito grande. Adepta da escalada, ela foi presenteada com um banner em que une a sua paixão pela escalada com a superação dos níveis que obteve no Pé Descalço. Rolaram ainda brincadeiras, fotos e um lindo buquê de rosas. Ela se emocionou muito e revelou a sua imensa alegria pelas surpresas e pela quantidade de pessoas que estavam torcendo por seu sucesso.





“As homenagens que eu recebi me surpreenderam muito. Elas conseguiram captar o meu ser. A mistura da escalada com o Pé descalço, a zueira com a bunda que eles fizeram, as fotos, o choro da Camila na hora de me entregar o buquê. É uma coisa que não dá para explicar. Não imaginava que teria tanta gente torcendo por mim. E isso só dá mais força, dá mais vontade de fazer um exame da melhor forma possível para deixar todos orgulhosos. O pessoal do Eldorado tem uma energia maravilhosa”, afirmou Mari.










Agora, é aguardar os próximos shows dos dançarinos do Eldorado e as homenagens que estão por vir nos próximos exames.


Confira, na íntegra, os depoimentos de Teixera e Mari sobre as homenagens durante o exame da vermelha.


Depoimento do Teixera

Não tem como achar palavras para expressar o que eu senti na hora do exame. Eu queria agradecer um por um, todo mundo que estava envolvido nas surpresas. Foi tudo muito foda, eu curti de coração, curti muito as mensagens, cada uma delas. Eu não tinha ideia que iam ser tantas. Estava esperando duas ou três, no máximo, e foram realmente muitas. Essas homenagens lá na hora são o que te dão força para continuar.

Saber que tem uma galera que está torcendo por você, que trabalhou duro para fazer aquelas surpresas... Isso gera uma energia muito boa que, sinceramente, não tem como explicar com palavras. Só estando lá no meio para sentir na pele. São coisas que vão ficar guardadas na minha mente eternamente. Cada uma das homenagens. Na hora, nem deu para ler todas. Mas depois do exame, eu vi cada uma com calma e eu realmente curti todas.

Haja espaço nas paredes da minha casa para pregar tudo. Eu gostei muito de todas as homenagens, mas a faquinha gigante... Eu me apaixonei por aquela faquinha. Ficou muito doida, vou guardar para sempre!


Depoimento da Mari

As homenagens que eu recebi me surpreenderam muito. Eu imaginava que ia ter alguma coisa, porque o Breno não consegue esconder tanto as coisas, mas eu não imaginava que ia ser o tanto de coisas que eles fizeram. Tudo mexeu muito comigo. O tanto que foi individual sabe. Vocês conseguiram captar o meu ser na hora de homenagear. A questão da mistura da escalada com o Pé descalço, que são duas coisas que fazem parte da minha vida de uma forma muito profunda.  Misturar isso ficou lindo, amei aquele banner.

Amei a zueira com a bunda que as meninas fizeram. Eu ri demais. Achei muito legal. Eu não fiquei com raiva, não fiquei chateada. Eu fiquei muito feliz. Porque, realmente, eu sou aquilo sabe. Eu realmente tenho uma bunda grande (risos). Ficou muito legal. Muito divertido. E todo o carinho sabe. As homenagens são importantes porque elas mostram o tanto de gente que está torcendo por você, que quer que você brilhe no exame, que você tenha sucesso. E aquelas homenagens demonstram isso.

O esforço para mandar fazer o banner, as fotos que eles imprimiram. O choro da Camila na hora de me entregar o buquê. É uma coisa que não dá para explicar. Não imaginava que teria tanta gente torcendo por mim. E isso só dá mais força, te dá mais vontade de fazer um exame da melhor forma que você puder. Se eu tinha vontade de fazer um exame maravilhoso, aquilo ali só fez tornar o meu exame mais maravilhoso ainda, para deixar vocês mais orgulhosos e felizes.

O pessoal do Eldorado tem uma energia maravilhosa. Acho que, de todas as unidades, a que mais se une para torcer pelos examinados, é o pessoal do Eldorado. E eu também sinto isso. Quando eu não estava fazendo exame e tinha o pessoal do Eldorado fazendo, como a Gil, o João, a Fernandinha, o Teixeira, o Luiz... Eu só queria torcer, gritar e que eles brilhassem.











Uma mulher, um homem. Uma daminha, um cavalheiro. Aquela que é conduzida. Aquele que conduz. Duas pessoas diferentes, mas com um só objetivo: realizar o sonho de se tornar um pé vermelho. Mariana Alves e Vinícius Teixera, alunos do PD Eldorado que participarão do exame mais nobre do Pé Descalço, no próximo sábado (dia 28), falam sobre suas trajetórias, dificuldades, ansiedade antes do exame e sobre o que o Pé Descalço e o colar da vermelha representam para eles.

Confira a entrevista da dupla. Daminha primeiro.







Mariana Silva Alves
Idade: 22 anos          
Profissão: estudante de direito
Tempo de Pé Descalço: 5 anos
1º exame da Vermelha





Como e quando foi o seu primeiro contato com a dança? 
Eu fiz balé de uns cinco até uns sete, oito anos. Depois, saí do balé e fui para o jazz, onde fiquei até uns 11 anos, mas depois eu saí. Sempre gostei de dançar.


Como você ficou conhecendo o Pé Descalço?
Eu conheci o Pé Descalço em 2008 através de uma amiga minha, a Gabriela. Ela era da minha sala e me levou no Pé Descalço um dia. Na verdade, ela levou um grupo grande, com umas oito meninas. Lembro que fomos no sábado. Fiz uma aula experimental e fiquei no espaço livre. No domingo, tinha festa do mês e eu também fui. Depois disso, fui umas duas ou três vezes, porque não dava muito para fazer aula. Entrei mesmo no PD em 2010.


Como já tinha feito outras danças, porque escolheu o forró para seguir dançando? O Pé Descalço contribuiu para isso?
Eu sempre gostei muito de forró. E quando fui no Pé Descalço, fiquei encantada com a escola, eu achei sensacional. O Pé Descalço tem isso. A pessoa chega aqui e fica deslumbrada com o pessoal dançando, com as músicas. É um lugar envolvente. A energia que tem dentro do PD é uma coisa muito diferenciada. Eu já fui em umas quatro escolas de dança de salão, em Belo Horizonte, que ensinam forró, mas eu nunca senti essa energia. É uma coisa muito diferente, que representa bem o lema do Pé Descalço. É uma paixão que todo mundo que está aqui dentro sente. Não sei explicar. Você se sente bem aqui, tem vontade de vir e não tem vontade de ir embora, quer ficar até fechar e dançar uma música atrás da outra. E foi isso que me fez fazer aula no Pé Descalço.


Você mora em Belo Horizonte e veio fazer aula no Pé Descalço Eldorado, em Contagem. Tem algum motivo especial pra isso?  
Comecei a fazer aula na Savassi, em 2010, um mês antes do Pé Descalço do Eldorado existir.  Depois, saí da escola por seis meses, por questões pessoais. Voltei no exame em que o Rafa e o Pêt passaram para a preta avançada. E foi nesse dia que conheci a unidade do Eldorado e o pessoal daqui. Eu moro na região da Savassi, mas comecei a ter muito contato com o pessoal do Eldorado. Passei a vir no espaço livre, nas festas do mês, em festas de Halloween e de fim de ano. Criei um vínculo muito legal e resolvi fazer aula aqui no Eldorado por causa das pessoas. Fiquei uns dois anos e meio fazendo aula só no Eldorado. Também fiz aulas na Cidade Jardim, por um tempo, revezando com as aulas no Eldorado. Agora, tem uns seis meses, mais ou menos, que estou fazendo aula na Savassi e no Eldorado, porque dia de semana é mais difícil de vir até aqui.

Você entrou em que nível e ficou quanto tempo em cada um deles?
Eu entrei na branca. Mas aí, conversei com o Lucas, na época, falei que já sabia dançar um pouco e fiz uma avaliação. Isso existe até hoje. A pessoa que já dança faz uma avaliação para ver se dá para pular alguma etapa, digamos assim. Ele me avaliou e entrei na azul direto, não precisei fazer o exame. Na azul iniciante, fiz um exame e tomei pau. No segundo exame, passei para a azul avançada. Depois, fiquei um bom tempo na azul avançada. Fiz quatro exames para a preta. Passei para a azul avançada em junho de 2010, e só fui passar para a preta em dezembro de 2011 porque, nesse meio tempo, eu fiquei seis meses sem fazer aula. Fiquei um bom tempo na preta também. Foram cinco exames para a preta avançada. Fiquei na preta de dezembro de 2011 até março de 2014.  Foram três anos e um pouquinho. Fiz exame para a preta avançada e passei em março de 2014. No ano passado, em setembro, fiz o pré-exame e não passei. Agora, em fevereiro, fiz o pré-exame e passei. Depois de um ano na preta avançada, vou fazer o exame da vermelha.


O que você precisou fazer para chegar até aqui e hoje ser uma candidata a um colar da vermelha?
No pré-exame, os examinadores olham você como um todo, porque, querendo ou não, quando você passa no pré-exame, quer dizer que você está a um passo der ser um vermelha. Então, eles avaliam a sua postura dentro da escola, se você pode ser um bom examinador e professor, olham a sua dança, seu jeito com os alunos. Eu tive que dançar muito e isso me fez chegar até aqui. Porque a dança, para mim, não é uma forma de chegar na vermelha. Eu danço porque eu amo, e chegar na vermelha é uma consequência. Eu não faço o Pé Descalço para chegar na vermelha. Se eu chegar, é porque eu fiz por merecer. Eu corri muito atrás. Fiz aulas particulares com professores do Pé Descalço e também fiz aulas de outros estilos, como samba, zouk e west. Eu senti que mudei muito dentro do Pé Descalço. Sou uma pessoa mais séria, mais fechada. Então,  acabei me abrindo mais para as pessoas. Você sendo examinador, você acaba tendo muito contato com os alunos. Eu senti que você tem, realmente, que olhar muito pra si, e avaliar o seu jeito, a sua dança. Tem que ter muito autocrítica e humildade, porque você recebe muitos nãos. Foi depois de cinco anos que eu consegui chegar e passar no pré-exame, e isso é muito tempo. Porém, isso pra mim não foi um esforço, não foi uma coisa ruim. Eu sinto que tudo foi ótimo, e que todos os nãos que tomei antes foram necessários. Na época, eu ficava chateada por ter tomado pau, mas hoje eu sinto que esses paus me ajudaram a chegar até aqui. Você receber aprovação o tempo inteiro não faz você melhorar. É a reprovação que faz você evoluir. Para chegar até aqui, tem que ter muita humildade, tem que saber lidar com as reprovações, porque elas são essencialmente necessárias. Foram elas que mudaram a minha dança.

Dos exames que você fez até agora, tem um que você elege como o mais fácil? Algum que você considera mais difícil?
A medida que você vai evoluindo, os exames vão ficando mais difíceis. Eu não fiz o exame para azul. Da azul iniciante para a azul avançada, eu tomei um pau só. Para a preta, foram três reprovações. Para a preta avançada, foram quatro. Os exames vão ficando mais difíceis porque a exigência é maior e porque você está a um passo de ser um vermelha. E para você ser um vermelha, você tem que ser bom. Para mim, o pré-exame é o mais difícil porque você é avaliado por todos, você dança com todos, e todas as meninas estão te avaliando. É o exame que mais demora, porque você dança várias vezes e, se você passa nesse pré-exame, ainda vai passar por um outro exame. Então, o pré-exame é só um passo, porque depois dele ainda tem muita coisa.

Você chegou a dizer, antes do pré-exame, que não estava preparada para passar. Porque você falou isso e o que você acha ter feito para ser aprovada?
Eu nunca acho que está bom. Eu tenho certeza que no dia do exame da vermelha, faltando cinco minutos, eu ainda vou achar que podia ter melhorado mais. Sou muito autocritica, muito ansiosa, muito nervosa, meus sentimentos são muito exaltados. Eu falei que achava que não estava preparada porque eu olho para a Juzinha, para a Milena, para Gisa e vejo que não estou nesse nível ainda. Eu fiquei surpresa de verdade, quando falaram o meu nome, eu não acreditei, não achava que ia passar. Mas se eles me passaram, é porque estão olhando pra mim com um olho menos crítico do que o meu. Diante disso, tenho que fazer todo o meu esforço para honrar essa escolha deles.


O que representa esse exame da vermelha pra você?
O exame da vermelha representa toda a emoção que a gente sente ao longo da vida no Pé Descalço. Eu vi muita gente fazendo o exame da vermelha. Eu vi o Alex, meu examinador hoje, passando para a vermelha. Sentir a emoção do lado de fora, já é enorme. Agora, eu fico pensando como será no dia do meu exame. Acho que fazer o exame da vermelha é você concretizar tudo que fez durante toda a sua estrada de Pé Descalço, que no meu caso são cinco anos. Não acho que quando passar para a vermelha seja o fim. Acho que representa um novo começo. A busca vai ser outra. O exame é você conseguir expressar na dança toda a sua emoção, seu amor, todo sentimento que você tem no Pé Descalço. O Pé Descalço mudou a minha vida. Eu acho que, se eu não estivesse dentro do Pé descalço todos esses anos, eu seria uma outra pessoa.

 Virou um sonho se tornar uma vermelha do Pé Descalço?
Quando você entra no Pé Descalço, o maior sonho é passar para a vermelha. Hoje o meu sonho é fazer o melhor exame da vermelha que eu puder. Não fazer o melhor comparando com os outros, mas fazer o meu melhor, e esse é o meu sonho hoje. Fazer o exame da vermelha, eu tenho certeza, que é o sonho de todo o aluno do Pé descalço. Mesmo que ele entre na escola, fique anos e não faça o exame da vermelha, tenho certeza que, ao longo da vida dele dentro do pé Descalço, um dos sonhos é fazer esse exame da vermelha. Tenho certeza que todo mundo que concretizou esse sonho, nunca mais vai sentir tanta emoção no Pé Descalço quanto sentiu nesse exame. O que estou sentindo neste mês é uma coisa inexplicável, é emoção, ansiedade, não sei explicar, é maravilhoso. Eu queria que todo mundo pudesse sentir isso um dia. Você nunca acha que uma dança, um hobby, um lazer vai virar uma coisa dessas, e vira de verdade. É uma coisa que você batalha, que você corre atrás, que você luta. Não dorme, não estuda, é muito confuso.


O que você acha que precisa fazer pra ser aprovada no exame da vermelha?
Eu me lembro muito do exame do Luiz Henrique, porque no exame dele, ele exalou energia, amor. Você via que ele estava fazendo o que ele gostava. Acho que para você passar na vermelha, você tem que conseguir externar toda essa emoção, todo o seu aprendizado, todo o seu entendimento de dança. Você tem que mostrar que tem capacidade de ser um novo vermelha, que pode disseminar essa ideia do Pé Descalço e mostrar para todos o que é o Pé Descalço. Igual o Valmir, que foi para a Europa, e teve um vídeo com 9 milhões de acessos. Isso é ser vermelha.

O passo aéreo te preocupa? Você pensa em fazer um passo simples, para ter uma segurança maior, ou pretende ser arrojada?
O aéreo sempre foi um passo que tive muita vontade de aprender. Eu sempre gostei dos aéreos. Treinando especificamente para o exame da vermelha, ele é uma coisa não para se preocupar, mas é uma coisa que você tem que valorizar. Como ele faz parte do exame, você tem que dar valor a isso, você tem que fazer uma coisa bem feita. Eu não penso em fazer um passo simples. Eu penso em fazer um passo que eu vou conseguir expressar a minha habilidade. É um passo difícil, que dá trabalho, que tem que treinar. Espero que seja um passo em que eu consiga expressar os meus sentimentos.

Por tudo que você passou aqui dentro, qual é o sentimento que você vai levar para o dia do exame da vermelha?
São muitos sentimentos que vou levar comigo. Espero fazer com que todos sorriam, gritem, e se sintam felizes como eu estou me sentindo desde o dia que eu passei no pré-exame. Todo mundo está falando isso pra mim, que eu não consigo parar de sorrir. Realmente, eu estou muito feliz. Na verdade, eu quero levar para esse exame é felicidade, porque alegria é uma coisa momentânea. Felicidade é uma coisa constante. É isso que eu quero.

Por estar fazendo o seu primeiro exame para a vermelha, você acha que a sua responsabilidade é menor do que as outras pessoas que já fizeram esse exame e vão tentar novamente?
Pelo contrário, acho que a responsabilidade é muito maior. Porque quem já fez, tem experiência, amadurecimento. Acho que a minha responsabilidade é maior porque eu tenho que fazer um exame tão bom quanto quem já fez. Não que o meu exame vá ser pior, mas eles já sabem qual é a emoção e talvez eles tenham facilidade de lidar com esse sentimento. Eu acho que a minha responsabilidade é maior porque eu tenho que saber me controlar e fazer tudo dar certo.


Qual o conselho que você daria para as pessoas que desejam chegar neste nível que você chegou?
Primeiro, nunca ficar no Pé Descalço por causa de exame. Para mim, o Pé descalço não é exame. O Pé Descalço é dança, é amizade, é amor, é diversão, é felicidade. Isso que é o Pé Descalço para mim. Eu não venho para o Pé Descalço pensando que eu tenho que melhorar para passar em exames.  Então, a primeira coisa é esquecer dos exames. E segundo, é não desistir. Muitas vezes, as pessoas ficam desanimadas porque não foram aprovadas. Se você não foi aprovado agora, é porque realmente você não tem capacidade de estar na próxima roda, ou talvez você, naquele dia, não conseguiu demonstrar do que era capaz, mas isso não significa que você nunca vai chegar lá. Eu tomei muito pau e hoje eu estou aqui. Eu não desisti e não foi porque eu queria passar no exame, e sim porque eu amo dançar. Amo a dança e não quero perder a dança na minha vida. Se eu não tivesse passado, se eu ainda estivesse na preta, se ainda estivesse na azul avançada, eu acho que ainda estaria no Pé Descalço porque a dança é muito importante para mim, e não o exame. Claro que o exame é maravilhoso e eu estou radiante por poder fazê-lo. Mas não é só isso. O exame é uma consequência. A dança que é o seu caminho, a sua diversão, o seu esforço.

Qual o conselho que você daria para as pessoas que ainda não conhecem o Pé Descalço?
O Pé Descalço, hoje, para mim, é necessário e essencial. No fim do ano, por exemplo, quando eles fazem um recesso, parece que falta alguma coisa na minha vida naquela semana. Já faz parte da minha vida, da minha rotina. Quem entra, dificilmente sai do Pé descalço. Pode até sair, não fazer mais aulas, mas jamais esquecerá a escola. O Pé Descalço muda a vida das pessoas, não só pela dança, mas pelas pessoas que você conhece aqui dentro, pelas amizades que faz e que nunca acabam. Meu namorado, eu conheci no Pé Descalço, e é uma pessoa que mudou a minha vida também. Então, quem não conhece o Pé Descalço deveria conhecer, porque ele é transformador.






Vinícius Teixera
Idade: 19 anos
Profissão: estudante
Tempo de Pé Descalço: 2 anos e 7 meses
1º exame da Vermelha






Como ficou conhecendo o Pé Descalço?
Eu não tinha muito interesse por dança, para falar a verdade. Eu namorava com uma menina da escola e ela fazia aula no Pé Descalço. Aí, bateu aquela pontinha de ciúme. Eu pensava: vou deixar ela lá dançando sozinha com a galera? Vou ter que ir também. Entrei no Pé Descalço e nem lembrei dela mais. Apaixonei pela dança e nunca mais saí. Virei piolho daqui.


O seu primeiro contato com a dança foi no Pé Descalço? Você entrou em qual nível e ficou quanto tempo em cada um deles?
O meu primeiro contato com a dança foi no Pé Descalço. Nunca tinha dançado nada em lugar nenhum. Era totalmente duro. Entrei na branca, fiquei dois meses e passei direto para a azul. Na azul, fiquei três meses e passei direto para a azul avançada. Tomei um pau para a preta, e passei na segunda tentativa, depois de três meses. Na preta, fiquei um ano e meio e, nesse período, foram realizados três exames. O primeiro, eu não fiz porque fui jogar bola no dia do exame e machuquei o pé. No segundo, tomei pau. Eu passei no segundo exame que fiz. Em seguida, foram seis meses de preta avançada e agora passei no pré-exame.

Foi o forró que fez você se apaixonar pela dança ou a escola também contribuiu para que você gostasse de dançar?
Com certeza foi a escola. Porque aqui é como se fosse a sua família. Você cria um vínculo muito forte. Eu não consigo me distanciar mais. As amizades que tenho aqui, vou levar para a vida inteira. Não tenho vontade nenhuma de sair do Pé Descalço. Mesmo que eu pare de dançar, eu não deixo nem de frequentar o Pé Descalço porque já virou a minha segunda casa.

Qual a maior dificuldade que você teve no começo, principalmente pelo fato de você nunca ter dançado?
Eu sou tímido. Eu tinha muita vergonha. Na primeira aula, quando eu fui dançar com as meninas, elas perguntavam se eu estava passando mal, porque eu estava quente. Eu dançava agarradinho olhando para o chão, morrendo de vergonha, ficava até vermelho. Até me soltar, foram necessários uns dois, três meses. Quando eu fui perdendo a vergonha de dançar junto, foi começando a melhorar.

O que você precisou fazer para chegar até aqui e hoje ser um dos candidatos a um colar da vermelha?
Na minha opinião, foram o foco e a dedicação. Você estabelece o seu objetivo e corre atrás. Não adianta falar: eu quero chegar na preta, quero chegar na preta avançada, na vermelha, e só vir fazer aula, não ficar no espaço livre, não ir nas festas, não sair para treinar, não tem como. Eu me dediquei bastante. Todo o tempo que eu podia e tinha para dedicar, eu colocava no Pé Descalço. Era estudar e dançar no Pé Descalço.


Dos exames que você fez até agora, qual você achou mais fácil e qual achou mais difícil?
Por ser o primeiro, eu achei o exame da branca para a azul o mais difícil, porque eu nunca tinha visto um exame, não estava acostumado com o clima e foi uma coisa totalmente diferente para mim. A galera vendo você dançar, mesmo não sendo muita gente, na época, te deixa com um nervosismo muito grande. E, por incrível que pareça, o exame que eu mais gostei, porque não acho que tem exame fácil, foi o pré-exame. Acho que eu acordei inspirado, estava com uma energia muito bacana. A sintonia com as examinadoras, com a galera que estava torcendo e com as músicas foi muito grande. Acho que isso ajudou demais.

Antes do pré-exame, você estava confiante para passar, ainda mais por se tratar de seu primeiro pré-exame, ou você achou que ainda não estava preparado?
Eu comecei a ficar nervoso uma semana antes. Pra mim, eu achava que não tinha condições de passar. Depois que fui aprovado para a preta avançada, eu via pouca evolução na minha dança. Faltando uma semana para o pré-exame, todo mundo começou a me elogiar. Na festa do mês, na Savassi, fui dançar e a galera toda ficou me olhando. Eu fiquei com muita vergonha. Uns seis dias antes do pré-exame, eu estava dormindo mal, comendo mal, não conseguia pensar em outra coisa. Eu ficava assistindo vídeos de pré-exame, exames da vermelha. Mas, quando chegou no dia, a energia bateu, não fiquei nervoso, e deu tudo certo.

O que exame da vermelha representa pra você?
Quando entrei na branca, no meu primeiro exame, teve uma energia gigantesca porque foi no dia do exame do Raso para a vermelha. Vi a galera toda cantando a música Forró do rei, todo mundo gritando e pulando. Eu não tinha noção do que era o exame. Quando vi aquilo, achei doido demais e eu disse pra mim mesmo: um dia eu vou fazer esse exame da vermelha e, agora, esse dia está chegando. O que eu mais quero é sentir toda aquela energia. O meu sonho era fazer o exame da vermelha. E esse sonho vai se realizar agora. Estou nervoso com isso.

O que você achar ser preciso fazer para passar nesse exame da vermelha?
É difícil falar. De uma forma geral, na minha opinião, para você passar para a vermelha, não é questão de dança, porque quando você é preta avançada, querendo ou não, você já é um exemplo de dança, você já tem o seu estilo definido, seu jeito próprio de dançar. Para a vermelha, eu acho que é igual ao lema do Pé Descalço. É paixão mesmo. É você se preocupar com o projeto da escola, é se preocupar com seus colegas que estão começando lá na branca. E isso não é um sentimento de obrigação. É gostoso. Você fica feliz em ajudar quem está lá embaixo a caminhar, a evoluir junto com você. Quando eu vou ajudar alguém da branca e vejo que ele entendeu, eu fico muito feliz, muito satisfeito. Pra mim, um vermelha é uma pessoa que tem um conjunto completo de dança, de paixão pelo projeto Pé Descalço, de paixão por ensinar, mesmo que você não vire professor depois. É paixão de ajudar os alunos a evoluir e a chegar no mesmo nível que você está. Deve ser muito gratificante ser um vermelha.

O passo aéreo te preocupa? Você está pensando em fazer um aéreo de segurança, para fazer bem, ou você acha melhor fazer um passo mais arrojado, para impressionar?
O exame da vermelha é um espetáculo. Tem um público para ver e você vai se apresentar para a galera que está vendo. O aéreo, na minha opinião, ele é mais bacana quando é curto, mas, ao mesmo tempo, é impactante. Não precisa daquele aéreo gigantesco, até porque, quanto maior o aéreo, maior a chance de erro. Eu, particularmente, não tenho muita técnica de aéreo. Eu quero fazer um aéreo curto. Quero que meu aéreo faça as pessoas dizerem: Nossa, que aéreo legal, e que possam vibrar junto comigo. Eu estou muito nervoso por causa do aéreo.

Qual o sentimento que você vai levar para esse exame?
Realmente, eu não sei. Quando eu chegar lá na hora, vai passar na minha cabeça toda a minha vida no Pé Descalço. Desde a branca, desde o primeiro dia que eu entrei, no dia em que me matriculei, o meu primeiro exame, a minha primeira aprovação, a primeira reprovação. Todo mundo que eu conheço, todo mundo que me ajudou, os professores, mais especialmente o Alex, o Betinho, o Rafa. Eu não vou saber o que pensar na hora. Vou ver aquela galera toda gritando o meu nome e vou pensar: é comigo mesmo? Nem estou acreditando. Não sei o que esperar desse exame.

Você acha que sua responsabilidade de ser aprovado é menor por seu o seu primeiro exame da vermelha?
Mesmo que uma pessoa já tenha feito o exame e está tentando pela segunda vez, nenhum exame é igual. Cada exame é único. A responsabilidade é a mesma. A carga que você tem que levar na hora do exame e demonstrar lá na hora depende do seu emocional, da música, depende das examinadoras. Então, não tem como dizer que existe uma responsabilidade maior ou menor.

Qual o conselho que você daria para as pessoas que estão começando, na branca, e para os alunos de outros níveis, que também tem esse sonho de chegar na vermelha?
Sinceramente, é estabelecer um foco e acreditar. Nem todo mundo aprende com a mesma facilidade. Mesmo se você está começando agora e está com dificuldades, não pare com as aulas. Se você gostou e é o que você quer, continue tentando que uma hora você vai conseguir. Não é importante o tempo que você vai levar, o importante é você chegar lá. Acredite, coloque o seu objetivo, vá com dedicação e foco, que vai dar tudo certo.


















Depois de todas as experiências que você teve no Pé Descalço, o que você diria para as pessoas que ainda não conhecem a escola?
Eu recomendo demais. A pessoa que não conhece o Pé Descalço e gosta de dançar, tem que vir fazer uma aula experimental porque além da dança, o clima dentro do projeto é muito bacana, é bem receptivo, você se sente bem dentro do Pé Descalço. E isso acontece não somente na hora das aulas, você vai fazendo amigos e criando uma segunda família. É um ambiente completamente diferente, é um lugar aconchegante. Eu cheguei, o Pé Descalço me abraçou e eu não tenho vontade de sair. É, literalmente, a minha segunda casa.