quinta-feira, 15 de outubro de 2015

SONHO VERMELHO REALIZADO
Ana Flávia é aprovada e se torna a segunda mulher do PD Eldorado a se tornar Vermelha


FOTOS: BRUNO TRINDADE

BRUNO TRINDADE


Ana Flávia. A mais nova dançarina Vermelha do Pé Descalço. A segunda mulher do Eldorado a alcançar tal feito. A conquista histórica e marcante foi um sonho de dança que se realizou. Mas não foi nada fácil. Ela teve que persistir muito até chegar ao colar da Vermelha. No entanto, não pense que isso representou um sofrimento. Muito pelo contrário. As seis reprovações e o aprendizado, muitas vezes detalhado e minucioso, foram acompanhados da felicidade por simplesmente dançar. E amar aquilo que ela faz.

Mesmo com a preparação e evolução ao longo dos anos, a Ana teve que se superar mais uma vez para ser aprovada. Exatas 521 pessoas estavam lá, em volta dela, torcendo para o seu sucesso e vibrando a cada passo executado durante o xote, o rastapé e o baião.

A energia do público era contagiante para todos os presentes. E para a Ana? Em entrevista ao blog PD Eldorado, a nova Vermelha falou dos sentimentos na hora do exame, do nervosismo e da ansiedade, das homenagens, da energia da torcida, dos examinadores, da explosão de alegria ao ser aprovada e do que ela terá que encarar, a partir de agora, com o status de Vermelha na dança.






Bruno Trindade: O que você sentiu quando te chamaram para fazer o exame da Vermelha?
Ana Flávia: Quando eu estava lá no meio, eu senti felicidade, emoção, alegria. Eu senti que era a hora de transmitir pra todo mundo a energia boa e positiva que eu estava sentindo.

Qual foi a parte em que você ficou mais nervosa?
A hora do baião, com certeza. Foi a hora que eu falei ‘é agora, a hora do aéreo’. Acho que foi por causa do aéreo. Querendo ou não, todo mundo tem uma expectativa maior na música mais rápida. Acho que é na música mais rápida que você realmente mostra o seu desenvolvimento na dança. Por isso, eu fiquei um pouco mais nervosa.

Em qual momento você ficou mais emocionada?
Eu fiquei muito emocionada no xote, por ter sido com o Luiz. E também no início, com as homenagens. Eu senti que todo mundo estava junto comigo.

Quando anunciaram o nome do Luiz, um grande amigo seu, como o examinador do xote, o que você pensou?
Na hora, eu nem acreditei. Fiquei muito emocionada, até chorei. Foi uma surpresa muito grande porque ele é uma pessoa especial e porque estava ali em um momento especial para mim. Foi uma coisa mágica, maravilhosa mesmo... sensacional.


Porque você achou que não ia passar depois que prestou o exame?
É muita responsabilidade. E como foi o meu primeiro exame, acho que foi mais questão de insegurança mesmo. Eu gostei do meu exame. Mas fiquei com aquela sensação de que podia ter feito mais.

E como foi aquele momento de ter que esperar até o último nome para ouvir que você foi aprovada?
Eu fiquei muito surpresa, muito mesmo. Eu realmente pensei que o último nome seria de qualquer uma das outras pessoas que ainda não tinham tido o nome falado. Menos o meu. Eu já estava preparada e não ia ficar triste se eu não tivesse passado. Mas eu fiquei extremamente feliz por ter sido aprovada... e emocionada (risos).

Como é ser um Vermelha?
É ter uma responsabilidade muito grande dentro de uma escola de dança, porque você acaba sendo referência para todos os níveis. Ainda mais aqui no Eldorado. A primeira Vermelha foi a Gil. E agora, a segunda sou eu. É muita responsabilidade você ser a mulher do nível mais alto dentro de uma escola, ser realmente uma referência. Mas é muito bom, é uma gratidão muito grande, é um amor, uma paixão mesmo pelo Pé Descalço.

O que mudou desde antes do exame, em que você não era uma Vermelha, para agora, depois de tudo que aconteceu durante e depois da sua apresentação?
Eu estou me sentindo mais segura. Querendo ou não, eu fui reconhecida. E eu estou muito feliz por isso. Acho que foi isso que mudou. O reconhecimento que agora as pessoas têm por eu ser uma Vermelha.

O que as homenagens representaram para você naquele momento?
As homenagens são as coisas que te dão força, que te dão um gás a mais na hora do exame. Ali você vê, de verdade, que todos estão com você. E que você tem que dar tudo de si porque todo mundo que está te apoiando. São extremamente importantes as surpresas, as homenagens. Mostra, realmente, para a pessoa que está ali no meio, que ela é querida e que todos estão com ela, independentemente de qualquer coisa.


Tem alguma homenagem que você gostou mais, ou que te chamou mais a atenção?
É difícil falar porque, para mim, todas foram sensacionais. O pé enorme, que é do meu tamanho, com as fotos de momentos que eu vivi dentro do Pé Descalço, me surpreendeu muito porque foi inovador, nenhuma outra pessoa tinha tido uma surpresa desse jeito. Fiquei muito surpresa com tudo. Mas a faixa que eles levantaram logo depois do rastapé “Não sei com quantos paus se faz uma canoa, mas com seis se faz uma Vermelha. Vai Ana!”, cara... Essa faixa me deu muito gás. No vídeo, dá pra ver que eu fui à loucura. Essa faixa me fez pensar rapidamente em toda a minha trajetória dentro do Pé Descalço e me dar gás para mostrar o que eu sabia ali no meio na hora do baião.



Na hora do exame, passou um filme na sua cabeça de tudo que aconteceu até você chegar naquele momento?
Acho que o filme passa depois que acaba o exame. Aí, você começa a refletir sobre o fato de ter feito o exame da Vermelha e que foi o último exame de colar. Quando você está lá no meio, você pensa tanto em descontrair, que você não pensa muito em sua trajetória. Você acaba ficando ansioso, nervoso, e muito feliz por estar ali no meio. Mas logo depois do exame, quando acaba o baião e todo mundo vai te abraçar e te dar os parabéns, aí começa a passar um filme na nossa cabeça.

E que filme passou na sua cabeça. Quais partes você poderia destacar?
Poderia destacar, principalmente, a minha trajetória de Preta pra Preta Avançada. Foi uma trajetória longa, de quase três anos. E quando eu consegui passar pra Preta Avançada, eu consegui deslanchar até a Vermelha, já que tomei só um pau no Pré-Exame. Depois consegui passar direto. No período da Preta pra Preta Avançada eu tomei muito pau, mas não me arrependo de nada. Por mais que tenha passado só no quinto exame, acho que foi só no quinto exame que eu estava preparada para passar. Os paus e as reprovações foram justos até eu chegar onde eu estou hoje.

O seu baião foi a música “Forró do Rei”, do Trio Virgulino. Virou uma música mais especial para você depois disso?
Com certeza. Eu fiquei extremamente feliz e surpreendida quando meu baião começou a tocar e era o “Forró do Rei”. Tanto é que eu fui à loucura, me deu um gás que não tem como explicar. Hoje, toda vez que toca “Forró do Rei”, eu fico arrepiada, emocionada e me lembro de tudo que aconteceu no dia 3 de outubro.

Qual foi o primeiro ato como Vermelha? Já teve algum compromisso oficial?
Assim que eu passei pra Vermelha, o Rick veio me abraçar e me perguntou se um dia depois, eu já podia dar um workshop para o pessoal de Itajubá. E eu fiquei tipo... oi? (risos). Fiquei feliz e surpreendida. Eu nem sabia o que responder. Acabou que, um dia depois, no domingo, aconteceu a reunião dos examinadores pela manhã e eu já fiquei na Savassi com o Rafael (professor) para darmos aula para o pessoal de Itajubá. E foi uma experiência ótima. Foi o meu primeiro workshop e minha primeira aula como Vermelha.

E como o pessoal te recebeu nesta reunião da Vermelha? Teve uma recepção diferente?
Todos me deram os parabéns. E eu fiz um agradecimento especial ao Raso. Acho que ninguém sabe disso. Ele reuniu os seis examinados da Vermelha um pouquinho antes do exame e falou pra gente ir lá e mostrar realmente o que a gente sabia. A atitude dele nos passou uma segurança muito grande e fez toda a diferença. Um dia depois, eu fiz questão de conversar com ele e dizer que foi realmente importante as palavras dele antes do exame.

E agora, o que vem pela frente?
Eu não falo que se encerrou um ciclo. E sim, que se abriu um novo ciclo. Estar na Vermelha é uma responsabilidade muito grande, porque você tem sempre que manter um nível bom e alto de dança, até mesmo para você se sentir satisfeito. Eu sempre vou praticar e procurar melhorar pontos que eu ainda tenho para melhorar.

O que dizer para as pessoas que sonham um dia em chegar ao colar da Vermelha?
Simplesmente, dance. Dance feliz, divirta-se em todas as aulas, independentemente se for Branca, Azul, Azul Avançada, Preta ou Preta Avançada. Não pense somente em exame, porque o exame é uma conseqüência de tudo. Exame é simplesmente para você mudar de roda. Claro que é muito importante para o desenvolvimento da pessoa. Só que eu acho muito mais importante você ter a essência da dança do que um colar no pescoço.

Que conselho você daria para as pessoas que foram reprovadas?
Para continuar. Que isso não seja motivo de desânimo. E sim de uma motivação para você pegar a sua fichinha, ver o que você precisa melhorar e trabalhar isso, porque passa rápido. Três ou seis meses não é um tempo muito grande e dá pra trabalhar bem essas coisas.

Gostaria de fazer alguns agradecimentos?
Poxa... Eu quero agradecer especialmente ao Rafael, que foi o examinador que eu escolhi. Ele foi a primeira pessoa que eu conheci do Pé descalço. Ele está na minha trajetória de dança há muito tempo. Um viu o outro evoluir. Ele sempre me ajudou e os treinos para o exame da Vermelha foram maravilhosos. Eu quero agradecer muito a força e o incentivo que ele me dava no dia a dia. Quero agradecer a todos os meus amigos: Isabela, Luiza, Teixeira, Ítalo... Eu não vou ficar falando nomes para não esquecer de ninguém, porque é muita gente.

Eu também quero agradecer, especialmente, ao Bruno e à Michelli, que são dois amigos não simplesmente de Pé Descalço, mas que eu realmente posso contar pra minha vida toda. E agradecer também aos meus examinadores. O Luiz... nossa, foi um xote maravilhoso. Além de meu amigo dentro, fora do PD, e pra vida inteira, ele me passou uma coisa muito boa, uma segurança muito top na hora do exame. Na hora do xote, foi ele que me deu segurança pra continuar. O Igor, nossa... foi muito legal o rastapé com ele. Foi um divertido e a gente interagiu muito. O Rafa, que entrou pra fazer o aéreo comigo e pra dançar o “Forró do Rei”. E o Dumont, que foi meu último examinador, mas não menos especial. A interação, a energia dele foi muito boa. Foi ótimo sair com esses examinadores. Eu amei.


Quero agradecer também aos meus professores Alex e Betinho, que sempre me motivaram e foram os meus professores desde o início. Sempre que eu cheguei e perguntei alguma coisa, eles estavam ali pra me ajudar. Quero agradecer também a minha família, que sempre me deu força, ao meu irmão Juju, que tava ali do meu lado sempre... minha mãe. Beijo mãe (risos).



domingo, 11 de outubro de 2015

HISTÓRICO
 No maior exame dos 12 anos de vida do Pé Descalço, 
Eldorado dá show mais uma vez


   FOTOS: BRUNO TRINDADE

Tendo o exame da Vermelha como atrativo principal, testes para mudança de colar atraíram 521 pessoas ao Círculo Militar, na Raja



BRUNO TRINDADE

O estilo e a paixão que tanto cercam o Pé Descalço está, cada vez mais, ultrapassando as fronteiras da escola de dança. Reconhecida no Brasil e no Exterior, a academia começa a atrair cada vez mais alunos e o interesse das pessoas em conhecer a sua forma única de ensinar e dançar forró.

O reflexo desse sucesso esteve refletido na quadra do Círculo Militar, no dia 03 de outubro, data dos exames para mudança de colar e da avaliação mais nobre da Escola: o Exame da Vermelha. 521 pessoas estiveram presentes, transformando o evento no maior da história do PD.



A grandiosidade do número de pessoas também apareceu na qualidade das apresentações do seis candidatos ao posto máximo da academia de dança. Dos examinados, quatro foram aprovados (Yan, Buto, Ana Flávia e Teixeira), sendo os dois últimos da unidade do Eldorado.

Camila e Ítalo, os outros representantes da filial de Contagem, terão que fazer o exame novamente. Porém, eles brilharam na dança e mostraram que voltarão ainda com mais vontade e determinação para alcançarem o colar da Vermelha.

 

Quais foram as sensações, os sentimentos, a euforia dos alunos do Eldorado? Quais serão os próximos passos dos novos Vermelhas e o que fará de diferente a dupla que tentará realizar o exame novamente daqui a seis meses?

Acompanhe as respostas para essas questões aqui no blog do PD Eldorado. A partir de amanhã, vamos conversar com cada um dos alunos do Eldorado que fizeram o último exame da Vermelha.

A primeira entrevista será com ANA FLÁVIA, que falará de todos os detalhes do exame mais nobre do Pé Descalço. AGUARDEM!