quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Sendo melhor na dança e na vida

Passamos agora para vocês, um texto tirado da página do PD São Paulo, que é uma teoria sobre como o aluno lida com suas dificuldades na dança. Texto sugerido pelo nosso professor Rafael Wilker.
Leia com atenção e, pensando em você, tente identificar algo em comum no seu dia a dia como aluno.
Boa leitura!!!

Já ouviram falar em mecanismos de defesa do ego? Pois então, é uma teoria desenvolvida pela filha de Freud, Anna Freud, que contou com muito da contribuição do gênio que tinha em casa para apresentar as maneiras como o nosso inconsciente utiliza para diminuir e se proteger de angústias relacionadas à nossa persona. E por que isso é importante para nós, na dança? Pois a compreensão dos mecanismos de defesa é fundamental para estarmos atentos a algumas “desculpas” que utilizamos frente às nossas limitações e, assim, atingir a nossa potencialidade em termos de consciência de dançarinos.

Primeiramente, todos têm esse tipo de reação, não é algo somente para malucos ou algo que deva ser combatido até a morte. Psicólogos defendem que tais mecanismos são de enorme importância para que não tenhamos um colapso nervoso, mas a compreensão dos mesmos pode ajudar muito para melhorar nossos comportamentos e nossa dança. Ou seja, não é uma lista de regras das quais você deve fugir...é apenas um conselho tranquilo, buscando uma atenção maior para que isso não influencie negativamente no desenvolvimento de vocês!

Quais os mecanismos mais comuns entre os dançarinos? Em diversos momentos da vida na dança nos deparamos com críticas, repressões, limitações, dificuldades etc., e nesses diversos momentos é muito comum que o aluno ou o dançarino utilizem dos seguintes mecanismos para evitar a angústia de tais enfrentamentos:


  •  Repressão: o famoso “apagar da memória” (ou do consciente). Não consigo executar tal passo ou tenho dificuldade em tal movimento...como vou agir? Nosso inconsciente faz com que tiremos a atenção para isso e realmente deixemos de lado, a ponto de tal barreira não mais ficar presente no nosso consciente e não nos incomodar mais. O problema é que acabamos, assim, limitando nossas potencialidades e minando o nosso desenvolvimento.
  • Negação: recusar em aceitar a aflição. “Esse movimento nem era tão importante”, “não queria fazer parte dessa apresentação mesmo”, “essas aulas já não estavam tão agradáveis assim” etc. são reações comuns de negação quando surgem barreiras no nosso desenvolvimento como dançarinos.
  • Projeção: É o mais presente no universo da dança! Consiste em atribuir um sentimento de inferioridade interior a algum objeto externo. “Não estou aprendendo pois o professor não me dá atenção”, “Não sou bom porque a escola é ruim”, “Hoje não estou dançando bem pois o chão está escorregando”, “Os movimentos não estão saindo pois comi demais no almoço” etc. são as reações mais comuns. Isso não quer dizer que alguma dessas situações deixe de ser verdadeira, pois às vezes a escola, o professor ou o estômago estão realmente falhando, mas é bom estar atento quanto à possibilidade de isso ser um mecanismo de defesa. Uma outra forma de materialização da projeção muito comum é a criticidade. Já viram aquela pessoa que critica demais a dança dos outros? Geralmente é uma maneira de aliviar a tensão que a mesma carrega consigo em relação à própria dança. Lembre-se: criticar alguém não te faz melhor que ninguém.
  • Intelectualização: Dar justificativas lógicas e racionais para reduzir a tensão. “Não fazer parte do grupo de apresentação vai me dar mais tempo e deixar minha agenda mais organizada”, “Me dedicar à dança ia atrapalhar minha dedicação ao trabalho no escritório” etc. são exemplos comuns de proteção.
  • Formação reativa: fazer o oposto do que você gostaria de fazer. É comum, quando um aluno não consegue aprender um passo ou se desenvolver nas aulas, o ato de assumir uma postura de desdém ou de brincadeiras em excesso. Casos assim geralmente ficam evidentes em alunos bagunceiros (“estou aqui só pra me divertir!”) ou que abandonam a dança por um sentimento escondido de incapacidade.
  • Regressão: retornar a uma busca mais imatura de proteção. O choro e a busca por colo são muito comuns quando enfrentamos problemas (não só na dança!), o que é bastante natural e, inclusive, aconselhável. Porém, quando em excesso, prejudica o desenvolvimento da pessoa.
Enfim, esses são alguns comportamentos de defesa comuns presentes no universo da dança. Lembrando que fazem parte da natureza humana! Novamente, apenas aconselhamos que fiquem atentos para que isso não influencie negativamente no desenvolvimento de vocês!

Esperamos que o texto possa ajudar não só para o mundo da dança, pois geralmente os comportamentos em dança são um reflexo dos comportamentos no nosso dia-a-dia! :)

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

CONVICÇÃO VERMELHA
João Guedes reúne aprendizado para buscar a aprovação em seu terceiro exame

  
Fotos: Arquivo pessoal





João Guedes, em seus cinco anos de Pé Descalço, conhece bem os caminhos para se chegar ao exame da Vermelha. Ele sabe, inclusive, quase todas as sensações que esse grandioso momento é capaz de proporcionar. Já fez o exame em duas oportunidades. Na primeira, faltou um pouco de experiência. Na segunda, precisava ter demonstrado mais as habilidades que aprendeu em sua caminhada pela Escola. Mas agora, ele chega com muito aprendizado, sabedor do que precisa ser alterado para alcançar o seu almejado sucesso. 

João se diz pronto para encerrar um ciclo e fechar, com um colar vermelho no pescoço, a sua trilogia no exame da Vermelha. Ele traz na bagagem experiência, empenho, dedicação, estilo, surpresas e uma dança impactante para alcançar as duas sensações que lhe faltam: a emoção de ser aprovado e a integração ao corpo de Vermelhas do Pé Descalço.

Em entrevista exclusiva ao blog do PD Eldorado, João fala da experiência que adquiriu nos outros exames, da preparação, da emoção por fazer mais um exame da Vermelha e o que ele precisa fazer para ser aprovado.


O que faltou nos outros dois exames para que você fosse aprovado? O que fazer agora para que a história seja diferente?
Acho que no primeiro exame que fiz, faltava muito controle na dança, tinha muita coisa que precisava melhorar: a questão do corpo, bastante coisa. No segundo, dei uma melhorada grande nessas paradas que eu precisava melhorar, só que acho que faltou explodir, desembolar mais a dança. Acho que isso que faltava, porque agora vai rolar (risos).

O que você tirou de aprendizado dos outros exames e irá levar para esse exame agora?
No último exame, o tempo que eu treinei com a Juzinha mudou de mais a minha dança, acrescentou muito. Com certeza, de lá pra cá, eu tive um aprendizado muito grande. E (aumentou) o esforço também.

Você estava confiante antes do pré-exame e já esperava uma aprovação?
Eu não esperava. No último feedback do último exame, o meu feedback veio muito bom, veio sem muita coisa que eu tivesse que corrigir. Agora, nesse último feedback já veio mais coisas para que eu pudesse melhorar. Aí, a princípio, eu fiquei meio (chateado). Parecendo que eu piorei.  Só que depois eu fui parar para analisar e é o seguinte: A galara já está querendo que eu passe. Todo mundo escreveu ali com o intuito de me ajudar e tudo mais. A princípio eu estava meio com medo de não passar. Mas depois fui caindo na real, chegou na hora do pré-exame eu estava mais tranquilo. Acho que me esforcei pra garantir a aprovação.


Qual foi a sua reação ao ouvir que você estava aprovado mais uma vez para fazer o exame da Vermelha?
No primeiro instante, foi uma sensação de alívio, porque eu estava assim: esse exame eu preciso passar. A segunda reação foi de compromisso, porque agora, na hora que eu escutei o meu nome, eu falei, agora o pau vai quebrar. É treinar para fazer o melhor na hora do exame.  

Eles estão esperando um show. É assim que você encara esse exame? Das outras vezes, pensava assim também?

Das outras vezes, não. Mas desta vez, eu meio que estou precisando encarar assim, porque eu acho que é justamente esse diferencial que eu preciso mostrar lá. Já estou no Pé Descalço há muito tempo e lá no exame, você tem que fazer o seu exame, tem que estar curtindo e tudo mais, mas querendo ou não, ali você tem que fazer um show. Tem que mostrar pra galera tudo que você sabe fazer, da melhor maneira possível. Acho que ali todo mundo espera por um show.

Você acha que tem que ter um algo a mais nesse seu exame?
Acho que esse algo a mais é o que falta. Tem que dar um show, porque ali é o momento que vai cravar a sua transição do Preta Avançada para o Vermelha. E o Vermelha é a pessoa que mais representa o Pé Descalço, mais representa o projeto. Acho que ali você tem que representar o projeto Pé Descalço como um Vermelha. 


Dá pra trazer novidades no xote e no aéreo, no seu caso, já que será o seu terceiro exame?
Dá sim. Dá pra você mudar o aéreo, mudar na música, escolhendo um xote diferenciado. Dá pra ter uma novidade sim.

E o que está pensando para escolher o seu xote?
Pra não perder a tradição, vai ser um Forreggae, isso é claro. O primeiro e o segundo foram nesssa vibe e o terceiro vai ser desse naipe. Mas acho o xote que escolhi é uma música que é muito a minha cara, é muito a minha ideia de... não vou nem falar mais senão vou acabar falando a música aqui (risos). Mas é muito a minha cara essa música que escolhi.

Tem pessoas que fazem um aéreo mais simples, outros mais impactantes. O que você está pensando para esse seu terceiro aéreo?
Acho que esse aéreo é um pouquinho complexo e acho que ele será bem impactante. Estou nessa expectativa, porque no meu último exame (da Vermelha), eu tive um retorno muito bacana do aéreo. Esse agora está no mesmo nível, na mesma linha de pensamento. Acho que vai ser legal.

Você já está acostumado com as surpresas que eles fazem antes e durante o exame. O que espera desta vez?

Eu acho que o pessoal do Eldorado está mais ou menos lascado, porque as nossas homenagens é tudo na base da zoeira, a gente quer sacanear a galera e tal. Então, já é o meu terceiro exame. Os caras já estão ficando sem criatividade. Vamos ver o que eles vão fazer pra mim, do que eles vão me zoar. Mas é muito bom porque você vê que está todo mundo torcendo. Por mais que seja zoeira, sacaneando a pessoa, isso dá um ânimo muito bom na dança. A gente fica bastante animado.

Você acha que sua responsabilidade, por estar fazendo o seu terceiro exame, é maior do que das pessoas que irão fazer pela primeira vez?

Eu acho que não, porque cada um tem o seu tempo para poder passar. Tem gente que consegue chegar lá, desbloquear tudo e fazer tudo que é necessário pra poder passar. Tem gente que às vezes chega lá, fica nervoso, se emociona e não consegue. Vai de pessoa pra pessoa. Cada um vai encarar de uma forma. Então, não vejo isso como uma responsabilidade a mais não. Mas, no meu caso, no terceiro exame, pra mim está sendo meio que obrigatório (passar). Preciso passar, preciso concluir isso.

O que representa o colar da Vermelha pra você?
Quando você entra no Pé Descalço, o pessoal te apresenta uma proposta do projeto. Então, à medida que você vai participando do que o projeto está propondo, o que você espera é chegar lá no final e concluir o ciclo. De início, é a conclusão de um ciclo, fechar esse ciclo. Só que aí na Vermelha é o início de uma outra fase. A pessoa quando passa pra Vermelha, ela tira um pouco dessa “obrigação” de treinar para o exame e tudo mais, e ela passa a explorar um pouco mais a dança dela. Pelo menos, é uma parada que eu observo quando a pessoa para pra Vermelha. Ela tira um peso das costas e ela consegue melhorar ainda mais. A impressão é que quando uma pessoa passa pra vermelha, você vê ela dançando, pode ser no outro dia, parece que tá melhor. Porque a pessoa consegue focar a energia dela em explorar mais a dança e tal. É um novo começo, um outro ciclo.



O que você acha que conseguiu fazer para passar em dois pré-exames consecutivos? Que conselho você daria para as pessoas que têm dificuldades em serem aprovadas no Pré-Exame?
Tudo que aprendi no último exame, nesses últimos seis meses, eu tentei trabalhar ao máximo, treinando bastante o que eu melhorei para não perder. Tive alguns problemas pra não vir tão frequente, teve mês que eu faltei um pouco mais, mas treinando ao máximo, acho que foi isso que me ajudou a passar de forma consecutiva, porque eu fiquei no mesmo nível do último exame. Agora, pra quem não passou, eu não sei se isso acontece com outras pessoas, mas é justamente tentar aplicar o que o pessoal fala que você precisa melhorar, por mais que você acha que, o cara conversou meio abobrinha aqui, mas você tentar enxergar o outro lado. Eu preciso melhorar isso aqui, então deixa eu tentar fazer e tentar ao máximo. Eu tenho dificuldade com muitas coisas, mas eu tento. É tentar e não desistir. Se você está almejando ser Vermelha, consequentemente quando você for Vermelha, você vai ser exemplo. Então, acho que você tem que começar a dar exemplo antes, é não desistindo, porque se você chega ali na Preta Avançada e desiste, aí quem tiver um colar atrás (de um nível menor), ou a pessoa que já olha pra você e fala esse cara dança muito, ele vai pensar. Poxa, o cara que dança muito desistiu, eu não vou nem fazer essa parada. Não vou nem arriscar. Então, acho que o primeiro passo é isso. Não desistir e continuar tentando, sem deixar o negócio sem muita obrigação, sempre procurando aproveitar ao máximo, se divertir, mas é treinar, pegar aquilo que o pessoal fala que você precisa melhorar e fazer o máximo, tentar mesmo fazer.

Você é um cara que se destaca pelo pé-de-serra. Terá alguma novidade para este exame?
Eu vou ver se consigo elaborar alguma outra parada pra poder fazer lá no exame de pé-de-serra. Para representar né?! (risos)

Você acha que o pé-de-serra é a sua maior marca?
Com certeza. Pé-de-serra é o meu estilo. Meu estilo é mais voltado para o pé-de-serra, para o roots. Acho que é bem característico da minha dança.





SUPERAÇÃO VERMELHA
Luísa Martins reúne o conhecimento necessário, em três anos de Pé Descalço, para alçar o nível mais nobre da Escola

Fotos: Arquivo pessoal



 BRUNO TRINDADE

 Já são três anos desde que Luísa Martins, candidata ao exame da Vermelha pela primeira vez, iniciou a sua caminhada no Pé Descalço. E ela não aprendeu apenas a dançar forró. Ela fez grandes amigos, venceu medos, quebrou barreiras, superou um drama, virou professora e examinadora, evoluiu como dançarina e como pessoa, além de seguir sempre em busca de novos conhecimentos e objetivos. Agora, ela se encontra diante de seu maior desafio no PD: encarar o exame da Vermelha. Trata-se de um espetáculo, um verdadeiro show, onde ela terá que encarar o crivo analítico de cada um dos examinadores, a pressão natural, o nervosismo, a empolgação da torcida, mais de uma centena de pessoas a sua volta e a ansiedade para alcançar o sonho de virar Vermelha. 

Mas a história da Luísa, tanto dentro quanto fora do Pé Descalço, mostra que ela sabe muito bem lidar com desafios e superar obstáculos. E agora, ele está focada nos treinos e no que será preciso fazer para poder triunfar mais uma vez.

Em entrevista exclusiva ao blog do PD Eldorado, Luísa fala de sua história no PD, das dificuldades, do aprendizado, da emoção que a dança lhe proporciona e a sua expectativa para o grande exame da Vermelha.


Quando você entrou no PD e conheceu o sistema de níveis de aprendizado, imaginava que faria o exame da Vermelha?
Nunca. Eu lembro que vim pela primeira vez no Pé Deslcaço com o Douglas (Chimbinha). A gente via o Ítalo dançando e eu pensava: Eu nunca vou conseguir dançar com o Ítalo. Eu morria de medo do Ítalo me chamar para dançar porque ele dançava muito. Eu falava: meu Deus, eu não consigo fazer isso. Mas o Douglas acabou me ‘obrigando’ a ficar. Aí, o Betinho abriu uma turma de Branca no horário da Azul. Essa turma durou uns dois meses e depois acabou, porque eles começaram a usar o espaço lá de baixo. Com três semanas, fiz o exame da Azul e acho que só passei por causa dessa turma do Betinho, que foi um intensivão. Isso é o bom do Pé Descalço: ele te dá a chance de absorver as coisas no seu tempo. Ele vai devagarzinho, tudo calminho... E acho que foi isso que me deu confiança pra ficar, por saber que eu nunca seria sobrecarregada. Mas eu não achava que eu ia chegar aqui. Com certeza não.

O que foi mais difícil na sua caminhada?
Até a Preta, eu não dançava música rápida. Eu morria de medo. E quando eu passei pra Preta, não tinha mais a opção de ter medo de música rápida porque o Alex, quando senta nessa cadeirinha aqui, só vê as músicas rápidas do computador (risos). Acho que foi a minha maior dificuldade Eu tinha medo de machucar o cara, segurava muito a mão dele ou a mão fugia toda hora, estava saindo sempre para longe do cavalheiro, ou trombando, ou batendo o cotovelo. Era um desastre total. E eu tive também muito problema de equilíbrio. Muito. Eu me pendurava no básico, porque não conseguia ficar em pé.

E como resolveu esses problemas?
Na marra (risos). Era o Luiz (Henrique) repetindo, repetindo. Ele me falava: ‘Lu, você está caindo’. Eu falava que não, que era impossível. Aí, ele fazia o passinho e ele me soltava. Eu caía igual uma jaca, batendo o calcanhar no chão. Acho que marra é a palavra errada. Eu superei esses problemas com o treino. Insistindo. Assim que resolvemos.
 
É importante ter humildade de reconhecer os erros para evoluir?
Sim. Quando eu falava pra ele que não estava caindo, era porque eu não sentia. Aí, ele fazia uma sacada e me soltava. Onde eu parava, eu ficava. Era assim. Acho que é muito importante a gente conseguir encontrar os erros da gente e quando alguém achar, a gente pensar sobre aquilo. Porque não é só uma alta avaliação. Você não dança sozinho. E também não é só uma avaliação do outro, porque o outro também não está dançando sozinho. É muito importante ter essa humildade até pra ajudar o outro a crescer. E a gente crescer como pessoa também. Porque aceitar crítica não é fácil pra todo mundo.

E qual era a sua expectativa antes do Pré-Exame? Achava-se pronta para ser aprovada?
É o meu segundo Pré-Exame. E no primeiro, eu fiquei extremamente nervosa. Todos os erros que eu já tinha na dança foram potencializados pelo meu psicológico. Neste Pré-exame agora, acho fui tranquila. Ah... e teve o Raso também. Ele levou todo mundo pra uma sala e deu um discurso sensacional de que se a gente ficasse nervoso, a gente estaria se sabotando. Então, pensando no “eu” que treinou, que se arriscou, que dançou músicas muito rápidas com o Teixeira (que sai voando se puder), com o Betinho, com o Alex, com todo mundo. Eu achei muito injusto “cagar” tudo por insegurança, por nervosismo, por sentir uma pressão. Então, eu fui tão tranquila e acho que eu dancei o que eu realmente danço. E de alguma forma, eles acharam que isso foi o suficiente e eu gosto muito disso (risos). E fico muito grata (risos). Eu me diverti muito no Pré-Exame, muito mesmo. 


De repente, foram seis aprovados. E um desses nomes era de Luisa Martins. E aí, o que você sentiu na hora do resultado?
Acho que a ficha não caiu na hora. Acho que ainda está caindo (risos). Às vezes, eu tenho uns ataques de pânico (risos). Coisa básica. Mas é sério. O Ítalo, a Ana, o Teixeira... todo mundo voltou (da reunião dos Vermelhas) sem olhar pra mim. Na hora que falaram o meu nome, todos eles olharam pra mim, tipo: ‘Eu queria te contar, mas eu não podia’. Acho que esse olhar foi que me fez pensar assim: nossa, eu passei, como assim?! Se pudesse definir a sensação, foi essa: de alívio, por terem finalmente olhado pra mim, e de felicidade. De muita felicidade, porque eu fiquei satisfeita e eles também. E isso é muito gratificante.

Como está a preparação para o exame da Vermelha?
Eu acho que fiquei meio nervosa assim que eu percebi que eu realmente ia fazer o exame, sabe. Acho que cai a ficha que você passou no Pré-Exame, mas não cai a ficha que depois de um mês você vai estar lá no meio da quadra. Aí, quando cai a segunda ficha, você pega os vídeos pra assistir (dos exames anteriores da Vermelha) e fala: gente, serei eu no meio da quadra. Ai, bate aquela coisinha: tem muita coisa errada na minha dança. Tenho que melhorar tudo (risos). Acho que escolher o Rafa foi uma coisa muito importante porque ele conversa comigo com uma linguagem que eu entendo e que me acalma. A preparação vai muito bem. Estar confortável com a pessoa que está me auxiliando, faz muito bem para o meu psicológico. Eu já fico mais tranquila só de saber que quem estará lá na quadra vai ser ele. E que ele vai falar assim: ‘filha, não caga tudo, tá bom?’ (risos). Então, tá bom.

Você acha que o psicológico pode te atrapalhar?
Olha, nós vamos fazer de tudo para que não atrapalhe. Mas pode. Todo mundo tem dia bom e dia ruim pra dançar. Todo mundo tem dia bom e ruim na própria vida. E consigo mesmo. Tem dia que você não está legal com você. Tem dia que você não está legal com o outro. Tem dia que você não está legal com o mundo. Eu espero, de verdade, que eu consiga ficar calma durante o dia todo. Inclusive, vou estar ocupada o dia todo (examinando) e acho que isso pode fazer muito bem pra minha cabeça. E é aquilo que o Raso falou: é não desperdiçar todo o tempo de treino, a dedicação das pessoas. Mas acho que sim, que o psicológico pode me afetar. Posso ficar muito feliz, posso ficar muito triste. Mas no psicológico que eu estiver, eu vou tentar dar o melhor que eu conseguir dar na hora.

Mas o psicológico também pode te ajudar?
Pode me ajudar. Você é doido? Ver os meus alunos tudo em volta da quadra gritando o meu nome. Acabou... morri! (risos)

Dá pra imaginar qual vai ser a sensação lá na hora, quando anunciarem o seu nome para o exame da Vermelha?
Vai ficar todo mundo caladinho, todo mundo quietinho. Não vamos assustar a amiguinha (risos). Eu acho que ser colocada na frente do holofote, é uma sensação que você até pode imaginar. Ou você vai se sentir incrível, ou incrivelmente ruim. Acho que vai ser uma sensação muito intensa. E uma sensação muito boa, de ver a galera torcendo. Ou não torcendo também, sem pressão gente (risos). Acho que vai ser muito bom porque é o sonho né?! Meio que todo mundo que está aqui tentando, que se viciou nessa classificação do Pé Descalço, que quer realmente, que tem aquela sede... Acho que é uma sensação muito boa sim. Intensa. Perigosa. Mas vai ser bom. (risos)

Você teve um grave problema de saúde. Você achou que podia não poder dançar mais?
Quando eu tive o meu problema de sáude, os médicos disseram que dificilmente eu teria fôlego pra aguentar qualquer atividade física. Fiquei de agosto a setembro sem dançar. Foram sensações muito intensas. De estar aqui e não poder dançar, de começar a dançar uma música mais rápida e ter que parar de dançar porque eu não conseguia respirar. Foi uma coisa que me assustou muito. Mas por ter passado por isso e logo depois ter passado no exame, acho que me deu uma pontinha de esperança. Se eu treinasse aos pouquinhos, respeitasse o meu corpo, eu conseguiria chegar. E a gente está tentando chegar lá ainda. Tá chegando (risos). Mas, sim. Eu realmente achei que eu não poderia chegar até aqui. Por pouco tempo. Mas achei.


Que tipo de xote você está pensando em escolher?
É um xote bem marcado. Acho que a energia que o xote vai passar, não só pra mim, mas para quadra, vai ser muito boa. Acho que vai ser um ótimo começo para o exame. Eu espero simplesmente conseguir brincar muito no xote, porque ele deixa muito aberto pra isso. Vai ser muito legal. Eu fico muito doida pra contar (risos).

O que você pensa do aéreo? Será um aéreo mais simples, um aéreo mais impactante?
Eu tenho muito medo de altura. Então, a gente vai tentar achar um aéreo onde eu sinta o contato do meu par o tempo todo, porque aí eu vou ter confiança de ajudar. O aéreo não é só feito por uma pessoa. Se eu não puder ajudar, ele vai ter que carregar aqui esses 60 quilos de muita gostosura (risos), sozinho. Então, eu preciso achar um aéreo que eu esteja confortável e confiante, porque não é para ser uma coisa que me assuste no meio da quadra. É pra ser uma coisa que levante a minha energia, a energia da quadra, do meu examinador, de quem estiver assistindo, de quem for assistir ao vídeo depois - eu mesma vou assistir umas 70 vezes. Então, eu penso em um aéreo que seja impactante, porém que não seja muito difícil para que não me assuste, para não ser uma coisa que possa acabar com o meu psicológico. Nem com o meu corpinho (risos). Espero, de preferência, ficar inteira após o exame (risos).

O que é necessário fazer para conseguir a aprovação?
Para a Vermelha, talvez eles queiram ver que eu já superei a maioria dos desafios comuns, para eu ir atrás agora de desafios maiores, tipo criar coisas novas, ou ser uma professora melhor, ou ser uma boa examinadora. É você ir quebrando as barreiras do seu corpo, da sua mente, tentar se arriscar, não ter vergonha de pedir ajuda. Eu infernizava a vida do Ítalo e ele falava que não aguentava mais ouvir a minha voz (risos). Os examinadores têm uma maturidade maior que a nossa. Então, talvez eles queiram ver que a gente está chegando perto dessa maturidade. Que a gente está alcançando esse padrão máximo do nosso próprio corpo. Talvez seja chegar ali na expectativa deles e dar um passinho a mais.


Todas as mulheres que passaram, foram aprovadas pela primeira vez. Isso diminui a responsabilidade? Aumenta?

Acho que a pressão existe contra você mesmo. É o meu primeiro exame. Então, eu preciso fazer com que meu primeiro exame seja muito bom. Se eu tiver que fazer outro exame, que ele seja ainda melhor do que o primeiro, porque aquele limite ali eu já quebrei. E o meu próximo limite vai ser maior. Por ser a primeira vez, aumenta o nervosismo de todo mundo, das meninas todas. Tenho certeza, todas estão assim: gente, socorro! Como assim? Eu passei no Pré-Exame (risos). Acho que passar pro Pré-Exame aumenta a sua responsabilidade na dança, não sobre o exame, porque te deram um voto de confiança, e isso traz a responsabilidade. A confiança de alguém em cima de você traz um pouquinho de responsabilidade. Não sei se aumenta. Acho que é igual pra todo mundo. Embora eu seja muito dramática e talvez esteja sofrendo um pouco mais (risos). Mas realmente acho que todas nós vamos fazer o melhor. O que a gente podia até o Pré-Exame, tende a ser potencializado porque escolhemos pessoas para nos ajudar que a gente realmente acha que vai explorar esse lado nosso.

O que esse colar da Vermelha representa pra você?
Representa muita coisa. Acho que não só representa o início de um novo ciclo, de uma nova caminhada, de uma visão diferente das coisas. Eu acho que também representa que fomos bons alunos, que tudo que tentaram ensinar pra gente, a gente tentou aprender, e a gente aprendeu. Também significa muita paixão, dedicação, uma explosão de tudo que é muito bom. Sentimentos de medo, de ansiedade, de querer saber o que vai acontecer.  Fazer o exame envolve muita emoção, porque passar pra Vermelha é ser representante da Escola, é virar a cara do Pé Descalço. É o Pé Descalço falando assim: você está pronta pra tentar ser a nossa cara. Acho que representa gratidão também por quem investiu na gente, por quem teve paciência, por quem não teve também, que fez a gente ficar esperto, por quem pegava leve quanto a gente estava cansada e por quem não pegava leve.



A gente sabe também que sempre ocorrem muitas surpresas antes dos exames da Vermelha. O que você acha que vem por aí e qual a importância dessas surpresas?
Acho que a maior surpresa é que o Ítalo vai morrer de chorar. Tadinho, mas vai morrer de chorar. Vai ser surpresa pra ele, acho que nem ele sabe que ele vai chorar (risos). Nos dois últimos exames da Vermelha, eu meio que liderei todas as surpresas: as cartinhas que os meninos receberam, o correio elegante. Eu escrevi à mão, com  a minha canetinha prateada, com glitter. Fazemos isso porque a gente gosta muito da galera e porque a gente quer potencializar, seja durante o dia todo ou durante o exame, o que tem de bom na pessoa. A gente quer potencializar a parte dos sentimentos bons. E acho que se fizerem alguma coisa pra mim, eu vou ficar louca (risos). Sem noção. Acho que vou ficar muito grata a tudo. A cada sorrisinho, a cada pessoa que vai chorar de emoção, a cada um que vai me abraçar no dia, que me abraçou no Pré-Exame, que vai me abraçar depois; a cada pessoa que vai demonstrar algum tipo de reação por ser eu quem estará fazendo o exame. Essa é a surpresa: é você estar lá no meio da quadra e todo mundo, por entender o que aquilo ali significa, está te apoiando e está te mandando coisas boas. E pra quem conhece a gente, vão me desestabilizar emocionalmente com certeza (risos).

Que conselho você daria para as pessoas que também sonham em chegar à Vermelha?
O conselho que o Luiz me deu há muito tempo faz muito sentido na minha cabeça e até hoje é uma coisa que me ajuda muito quando eu estou muito nervosa. É não ter pressa. As coisas acontecem na hora certa, fazem sentido na nossa cabeça. Um passinho que está difícil, um conceito que a gente não entendeu, aquilo ali faz sentido com o tempo e com a prática. Em algum momento, você vai conseguir superar os seus limites e será reconhecido por isso.      

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Festa Junina - 5ª edição

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Halloween - 5a Edição