quarta-feira, 21 de setembro de 2016

CONVICÇÃO VERMELHA
João Guedes reúne aprendizado para buscar a aprovação em seu terceiro exame

  
Fotos: Arquivo pessoal





João Guedes, em seus cinco anos de Pé Descalço, conhece bem os caminhos para se chegar ao exame da Vermelha. Ele sabe, inclusive, quase todas as sensações que esse grandioso momento é capaz de proporcionar. Já fez o exame em duas oportunidades. Na primeira, faltou um pouco de experiência. Na segunda, precisava ter demonstrado mais as habilidades que aprendeu em sua caminhada pela Escola. Mas agora, ele chega com muito aprendizado, sabedor do que precisa ser alterado para alcançar o seu almejado sucesso. 

João se diz pronto para encerrar um ciclo e fechar, com um colar vermelho no pescoço, a sua trilogia no exame da Vermelha. Ele traz na bagagem experiência, empenho, dedicação, estilo, surpresas e uma dança impactante para alcançar as duas sensações que lhe faltam: a emoção de ser aprovado e a integração ao corpo de Vermelhas do Pé Descalço.

Em entrevista exclusiva ao blog do PD Eldorado, João fala da experiência que adquiriu nos outros exames, da preparação, da emoção por fazer mais um exame da Vermelha e o que ele precisa fazer para ser aprovado.


O que faltou nos outros dois exames para que você fosse aprovado? O que fazer agora para que a história seja diferente?
Acho que no primeiro exame que fiz, faltava muito controle na dança, tinha muita coisa que precisava melhorar: a questão do corpo, bastante coisa. No segundo, dei uma melhorada grande nessas paradas que eu precisava melhorar, só que acho que faltou explodir, desembolar mais a dança. Acho que isso que faltava, porque agora vai rolar (risos).

O que você tirou de aprendizado dos outros exames e irá levar para esse exame agora?
No último exame, o tempo que eu treinei com a Juzinha mudou de mais a minha dança, acrescentou muito. Com certeza, de lá pra cá, eu tive um aprendizado muito grande. E (aumentou) o esforço também.

Você estava confiante antes do pré-exame e já esperava uma aprovação?
Eu não esperava. No último feedback do último exame, o meu feedback veio muito bom, veio sem muita coisa que eu tivesse que corrigir. Agora, nesse último feedback já veio mais coisas para que eu pudesse melhorar. Aí, a princípio, eu fiquei meio (chateado). Parecendo que eu piorei.  Só que depois eu fui parar para analisar e é o seguinte: A galara já está querendo que eu passe. Todo mundo escreveu ali com o intuito de me ajudar e tudo mais. A princípio eu estava meio com medo de não passar. Mas depois fui caindo na real, chegou na hora do pré-exame eu estava mais tranquilo. Acho que me esforcei pra garantir a aprovação.


Qual foi a sua reação ao ouvir que você estava aprovado mais uma vez para fazer o exame da Vermelha?
No primeiro instante, foi uma sensação de alívio, porque eu estava assim: esse exame eu preciso passar. A segunda reação foi de compromisso, porque agora, na hora que eu escutei o meu nome, eu falei, agora o pau vai quebrar. É treinar para fazer o melhor na hora do exame.  

Eles estão esperando um show. É assim que você encara esse exame? Das outras vezes, pensava assim também?

Das outras vezes, não. Mas desta vez, eu meio que estou precisando encarar assim, porque eu acho que é justamente esse diferencial que eu preciso mostrar lá. Já estou no Pé Descalço há muito tempo e lá no exame, você tem que fazer o seu exame, tem que estar curtindo e tudo mais, mas querendo ou não, ali você tem que fazer um show. Tem que mostrar pra galera tudo que você sabe fazer, da melhor maneira possível. Acho que ali todo mundo espera por um show.

Você acha que tem que ter um algo a mais nesse seu exame?
Acho que esse algo a mais é o que falta. Tem que dar um show, porque ali é o momento que vai cravar a sua transição do Preta Avançada para o Vermelha. E o Vermelha é a pessoa que mais representa o Pé Descalço, mais representa o projeto. Acho que ali você tem que representar o projeto Pé Descalço como um Vermelha. 


Dá pra trazer novidades no xote e no aéreo, no seu caso, já que será o seu terceiro exame?
Dá sim. Dá pra você mudar o aéreo, mudar na música, escolhendo um xote diferenciado. Dá pra ter uma novidade sim.

E o que está pensando para escolher o seu xote?
Pra não perder a tradição, vai ser um Forreggae, isso é claro. O primeiro e o segundo foram nesssa vibe e o terceiro vai ser desse naipe. Mas acho o xote que escolhi é uma música que é muito a minha cara, é muito a minha ideia de... não vou nem falar mais senão vou acabar falando a música aqui (risos). Mas é muito a minha cara essa música que escolhi.

Tem pessoas que fazem um aéreo mais simples, outros mais impactantes. O que você está pensando para esse seu terceiro aéreo?
Acho que esse aéreo é um pouquinho complexo e acho que ele será bem impactante. Estou nessa expectativa, porque no meu último exame (da Vermelha), eu tive um retorno muito bacana do aéreo. Esse agora está no mesmo nível, na mesma linha de pensamento. Acho que vai ser legal.

Você já está acostumado com as surpresas que eles fazem antes e durante o exame. O que espera desta vez?

Eu acho que o pessoal do Eldorado está mais ou menos lascado, porque as nossas homenagens é tudo na base da zoeira, a gente quer sacanear a galera e tal. Então, já é o meu terceiro exame. Os caras já estão ficando sem criatividade. Vamos ver o que eles vão fazer pra mim, do que eles vão me zoar. Mas é muito bom porque você vê que está todo mundo torcendo. Por mais que seja zoeira, sacaneando a pessoa, isso dá um ânimo muito bom na dança. A gente fica bastante animado.

Você acha que sua responsabilidade, por estar fazendo o seu terceiro exame, é maior do que das pessoas que irão fazer pela primeira vez?

Eu acho que não, porque cada um tem o seu tempo para poder passar. Tem gente que consegue chegar lá, desbloquear tudo e fazer tudo que é necessário pra poder passar. Tem gente que às vezes chega lá, fica nervoso, se emociona e não consegue. Vai de pessoa pra pessoa. Cada um vai encarar de uma forma. Então, não vejo isso como uma responsabilidade a mais não. Mas, no meu caso, no terceiro exame, pra mim está sendo meio que obrigatório (passar). Preciso passar, preciso concluir isso.

O que representa o colar da Vermelha pra você?
Quando você entra no Pé Descalço, o pessoal te apresenta uma proposta do projeto. Então, à medida que você vai participando do que o projeto está propondo, o que você espera é chegar lá no final e concluir o ciclo. De início, é a conclusão de um ciclo, fechar esse ciclo. Só que aí na Vermelha é o início de uma outra fase. A pessoa quando passa pra Vermelha, ela tira um pouco dessa “obrigação” de treinar para o exame e tudo mais, e ela passa a explorar um pouco mais a dança dela. Pelo menos, é uma parada que eu observo quando a pessoa para pra Vermelha. Ela tira um peso das costas e ela consegue melhorar ainda mais. A impressão é que quando uma pessoa passa pra vermelha, você vê ela dançando, pode ser no outro dia, parece que tá melhor. Porque a pessoa consegue focar a energia dela em explorar mais a dança e tal. É um novo começo, um outro ciclo.



O que você acha que conseguiu fazer para passar em dois pré-exames consecutivos? Que conselho você daria para as pessoas que têm dificuldades em serem aprovadas no Pré-Exame?
Tudo que aprendi no último exame, nesses últimos seis meses, eu tentei trabalhar ao máximo, treinando bastante o que eu melhorei para não perder. Tive alguns problemas pra não vir tão frequente, teve mês que eu faltei um pouco mais, mas treinando ao máximo, acho que foi isso que me ajudou a passar de forma consecutiva, porque eu fiquei no mesmo nível do último exame. Agora, pra quem não passou, eu não sei se isso acontece com outras pessoas, mas é justamente tentar aplicar o que o pessoal fala que você precisa melhorar, por mais que você acha que, o cara conversou meio abobrinha aqui, mas você tentar enxergar o outro lado. Eu preciso melhorar isso aqui, então deixa eu tentar fazer e tentar ao máximo. Eu tenho dificuldade com muitas coisas, mas eu tento. É tentar e não desistir. Se você está almejando ser Vermelha, consequentemente quando você for Vermelha, você vai ser exemplo. Então, acho que você tem que começar a dar exemplo antes, é não desistindo, porque se você chega ali na Preta Avançada e desiste, aí quem tiver um colar atrás (de um nível menor), ou a pessoa que já olha pra você e fala esse cara dança muito, ele vai pensar. Poxa, o cara que dança muito desistiu, eu não vou nem fazer essa parada. Não vou nem arriscar. Então, acho que o primeiro passo é isso. Não desistir e continuar tentando, sem deixar o negócio sem muita obrigação, sempre procurando aproveitar ao máximo, se divertir, mas é treinar, pegar aquilo que o pessoal fala que você precisa melhorar e fazer o máximo, tentar mesmo fazer.

Você é um cara que se destaca pelo pé-de-serra. Terá alguma novidade para este exame?
Eu vou ver se consigo elaborar alguma outra parada pra poder fazer lá no exame de pé-de-serra. Para representar né?! (risos)

Você acha que o pé-de-serra é a sua maior marca?
Com certeza. Pé-de-serra é o meu estilo. Meu estilo é mais voltado para o pé-de-serra, para o roots. Acho que é bem característico da minha dança.





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