quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Sendo melhor na dança e na vida

Passamos agora para vocês, um texto tirado da página do PD São Paulo, que é uma teoria sobre como o aluno lida com suas dificuldades na dança. Texto sugerido pelo nosso professor Rafael Wilker.
Leia com atenção e, pensando em você, tente identificar algo em comum no seu dia a dia como aluno.
Boa leitura!!!

Já ouviram falar em mecanismos de defesa do ego? Pois então, é uma teoria desenvolvida pela filha de Freud, Anna Freud, que contou com muito da contribuição do gênio que tinha em casa para apresentar as maneiras como o nosso inconsciente utiliza para diminuir e se proteger de angústias relacionadas à nossa persona. E por que isso é importante para nós, na dança? Pois a compreensão dos mecanismos de defesa é fundamental para estarmos atentos a algumas “desculpas” que utilizamos frente às nossas limitações e, assim, atingir a nossa potencialidade em termos de consciência de dançarinos.

Primeiramente, todos têm esse tipo de reação, não é algo somente para malucos ou algo que deva ser combatido até a morte. Psicólogos defendem que tais mecanismos são de enorme importância para que não tenhamos um colapso nervoso, mas a compreensão dos mesmos pode ajudar muito para melhorar nossos comportamentos e nossa dança. Ou seja, não é uma lista de regras das quais você deve fugir...é apenas um conselho tranquilo, buscando uma atenção maior para que isso não influencie negativamente no desenvolvimento de vocês!

Quais os mecanismos mais comuns entre os dançarinos? Em diversos momentos da vida na dança nos deparamos com críticas, repressões, limitações, dificuldades etc., e nesses diversos momentos é muito comum que o aluno ou o dançarino utilizem dos seguintes mecanismos para evitar a angústia de tais enfrentamentos:


  •  Repressão: o famoso “apagar da memória” (ou do consciente). Não consigo executar tal passo ou tenho dificuldade em tal movimento...como vou agir? Nosso inconsciente faz com que tiremos a atenção para isso e realmente deixemos de lado, a ponto de tal barreira não mais ficar presente no nosso consciente e não nos incomodar mais. O problema é que acabamos, assim, limitando nossas potencialidades e minando o nosso desenvolvimento.
  • Negação: recusar em aceitar a aflição. “Esse movimento nem era tão importante”, “não queria fazer parte dessa apresentação mesmo”, “essas aulas já não estavam tão agradáveis assim” etc. são reações comuns de negação quando surgem barreiras no nosso desenvolvimento como dançarinos.
  • Projeção: É o mais presente no universo da dança! Consiste em atribuir um sentimento de inferioridade interior a algum objeto externo. “Não estou aprendendo pois o professor não me dá atenção”, “Não sou bom porque a escola é ruim”, “Hoje não estou dançando bem pois o chão está escorregando”, “Os movimentos não estão saindo pois comi demais no almoço” etc. são as reações mais comuns. Isso não quer dizer que alguma dessas situações deixe de ser verdadeira, pois às vezes a escola, o professor ou o estômago estão realmente falhando, mas é bom estar atento quanto à possibilidade de isso ser um mecanismo de defesa. Uma outra forma de materialização da projeção muito comum é a criticidade. Já viram aquela pessoa que critica demais a dança dos outros? Geralmente é uma maneira de aliviar a tensão que a mesma carrega consigo em relação à própria dança. Lembre-se: criticar alguém não te faz melhor que ninguém.
  • Intelectualização: Dar justificativas lógicas e racionais para reduzir a tensão. “Não fazer parte do grupo de apresentação vai me dar mais tempo e deixar minha agenda mais organizada”, “Me dedicar à dança ia atrapalhar minha dedicação ao trabalho no escritório” etc. são exemplos comuns de proteção.
  • Formação reativa: fazer o oposto do que você gostaria de fazer. É comum, quando um aluno não consegue aprender um passo ou se desenvolver nas aulas, o ato de assumir uma postura de desdém ou de brincadeiras em excesso. Casos assim geralmente ficam evidentes em alunos bagunceiros (“estou aqui só pra me divertir!”) ou que abandonam a dança por um sentimento escondido de incapacidade.
  • Regressão: retornar a uma busca mais imatura de proteção. O choro e a busca por colo são muito comuns quando enfrentamos problemas (não só na dança!), o que é bastante natural e, inclusive, aconselhável. Porém, quando em excesso, prejudica o desenvolvimento da pessoa.
Enfim, esses são alguns comportamentos de defesa comuns presentes no universo da dança. Lembrando que fazem parte da natureza humana! Novamente, apenas aconselhamos que fiquem atentos para que isso não influencie negativamente no desenvolvimento de vocês!

Esperamos que o texto possa ajudar não só para o mundo da dança, pois geralmente os comportamentos em dança são um reflexo dos comportamentos no nosso dia-a-dia! :)

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