sexta-feira, 31 de março de 2017

CHARME VERMELHO
Gabi quer usar estilo, brincadeiras e energia para estrear com tudo e ser aprovada no exame da Vermelha


                                                                                                                              Foto: Vinícius Teixeira


Bruno Trindade 
Dona de um estilo único, que mistura, charme, brincadeiras e alto astral, Gabriella Damasceno Guimarães, a Gabi, que é professora na unidade do Pé Descalço Eldorado, irá participar, neste sábado, do seu primeiro exame da Vermelha.

Apesar do debute, ela quer usar a sua personalidade na dança para chamar a atenção de todos, se sobressair e ser aprovada. Ela afirma que ficará muito nervosa e que vai se emocionar demais. Entretanto, ela quer esquecer a pressão de estar sendo examinada, curtir o seu momento no maior exame da escola e fazer com que todos possam curtir esse momento junto com ela.

Em um bate-papo descontraído com o blog do PD Eldorado, Gabi fala sobre suas expectativas, sobre sua preparação, sobre os objetivos de ser Vermelha e sobre o que está preparando para impressionar no seu primeiro exame da Vermelha. 



Como você entrou no Pé Descalço?
O Caio Cotta chamou a minha irmã para fazer uma aula experimental, mas a minha irmã é muito tímida. Aí ela falou: ‘você vai comigo’. Viemos e desde então continuamos as duas juntas... e animadas (risos).

Já gostava de dançar? Gostava de forró?
Eu nunca tinha escutado forró, mas eu já gostava de dançar. Nada sério, mas gostava bastante. Só dançava em festas e brincava em casa.

Como foi quando ficou sabendo do sistema de colares do Pé Descalço?
Deu um nervosismo no coração né?! Porque avaliação nem sempre é uma coisa boa. No primeiro exame que eu fiz, eu fui reprovada, da Branca pra Azul. E eu fiquei... nossa, sou muito ruim. Eu não gostei disso. Primeiro, eu achava que podia ter passado, mas depois achava que não porque eu não tinha ritmo. Então, eu ficava toda confusa sobre isso. Mas depois que eu conversei com o examinador e eu vi que acabou sendo uma coisa boa, porque você não passa pra próxima roda sem ter certeza daquilo que você sabe. Sempre dá um nervosismo ao fazer os exames, mas eu sempre achei bem bacana.


 Foto: Vinícius Teixeira

Imaginava chegar tão longe?
Nada (risos). Quando a gente entra no PD, a gente fala: se eu chegar até a Preta está bom. Aí, quando você chega à Preta, vai fazer exame pra Preta Avançada e não acredita que vai passar. E quando passa, vai fazer o Pré-Exame. Vai que sai alguma coisa?! E você vai indo e seguindo o fluxo.

O que mudou na sua vida após entrar no Pé Descalço?
Companhias, programas novos que a gente vai tendo, amizades diferentes, vínculos maiores com as pessoas. E mudou também a minha maturidade porque dentro do PD a gente tem uma proximidade muito grande com muita gente. Somos “obrigados” a conviver com várias pessoas diferentes. Então, você aprende a ter maturidade pra saber reconhecer o que é bom pra você e o que não é, aprende a lidar com pessoas que são completamente diferentes de você, que tem vidas totalmente diferentes da sua. Acho que isso foi o que mais mudou: a maturidade.

Dá pra apontar nesses mais de quatro anos que você está aqui qual foi o momento mais feliz?
Um dos momentos mais felizes foi quando falaram os nomes da minha irmã e o meu como aprovadas para a Preta Avançada. Na verdade, o meu nome nem tanto. O que me deu um biziuzinho na cabeça foi o nome da minha irmã, que me deixou tipo assim: aí meu Deus, a minha irmã conseguiu, ela está lá, ela brilha e ela é linda (risos). As conquistas não só minhas, mas conjuntas com as da minha irmã foram o que mais me fizeram feliz no Pé Descalço. A outra coisa que mais me fez feliz foi quando falaram o nome da Luísa Martins e depois o meu como aprovadas para o exame da Vermelha. Passamos juntas. Agora, vou contar uma historinha (risos). Eu e a Luísa, em todos os exames que as duas passaram, passamos juntas na mesma rodada. Eu pegava um examinador e ela estava no examinador ao lado, ou dois à frente. Então, a gente fez os exames juntas e passávamos juntas em todos os exames praticamente. Só no penúltimo Pré-Exame, que ela passou e fez o exame da Vermelha que não foi assim, mas todos os outros foram iguais, passamos juntas e vamos continuar juntas.

                                                                                Foto: Reprodução / Facebook


O que os exames representam pra você?
Representam muito a sua evolução, principalmente. Se você evoluiu, ou não evoluiu, o que você evoluiu, ou o que você deixou de evoluir, além de pequenas conquistas dentro da escola. Você começa a criar metas a partir dos exames, que viram pequenas conquistas mesmo. Pra algumas pessoas é uma coisa muito legal, do caralho. E pra outras pessoas é apenas legal. Mas a maioria pega como um êxtase mesmo, uma conquista muito grande aqui dentro.

Quantas reprovações você teve?
Fui reprovada uma vez da Branca pra Azul, duas vezes da Preta pra Preta Avançada e duas vezes no Pré-Exame.

Qual a principal dificuldade de se fazer o Pré-Exame?
Você dançar ao invés de você querer mostrar o que você sabe. Quando você está fazendo um exame, você quer mostrar que você sabe fazer determinadas coisas, e chega um momento no Pé Deslcaço que você não tem mais que provar para as pessoas que você sabe ou deixa de saber alguma coisa, que você sabe fazer um giro em linha, por exemplo. Chega um momento que você tem que mostrar que sabe dançar, que sabe como curtir aquilo ali. E acho que isso falta muito na gente quando vamos fazer o Pré-Exame. Pensamos muito na nossa avaliação, que temos que mostrar tudo aquilo que a gente sabe, mostrar até o que a gente não sabe pra provar que a gente é bom. E eu não vejo assim. Você tem que dançar por você, mostrar que você gosta da sua dança e que você consegue dançar sem atrapalhar nada, fazendo a dança fluir bem.

Você acha que foi isso que fez você passar?
Acho que foi por me curtir mais com a minha dança, aceitar os pontos que eu gosto de brincar e os pontos que não são tão interessantes assim pra mim. E eu posso aprender, claro, eu posso saber fazer, mas eu posso não vou gostar de fazer na minha dança. É saber reconhecer o que eu gosto e o que eu não gosto.


  Foto: Reprodução / Facebook

Esperava passar?
Nada (risos). A gente nunca pensa nisso. A gente pensa: vou só lá fazer o Pré-Exame. Expectativa demais faz mal (risos).

A ficha já caiu?
Não. Vai cair só lá no meio, depois que chamarem o meu nome.

O que passou na sua cabeça quando eles disseram o seu nome como uma das aprovadas?
Meu Deus, falaram o nome da Luísa. O quê? Esse aí foi o meu nome? (risos). Foi isso. Espera, falaram o meu nome? Sério mesmo? Esse é o meu nome, eu não sei o que está acontecendo. Aí eu só percebi mesmo que falaram o meu nome quando as pessoas começaram a me “agredir” de uma forma carinhosa (risos).

Dá pra descrever essa emoção?
Confusão, alegria, dever cumprido, parceria. Muita parceria.

Você escolheu o Luiz Henrique como examinador. Porque o Luiz?
Decisão difícil. Eu me sinto bem dançando com duas pessoas muito diferentes, que é o Luiz e o Dumond. Nossa, pra decidir isso foi um custo. Eu custei uns dois, três dias pra me decidir. Mas acabou que eu decidi muito por sintonia, por investimento, porque o Luiz sempre me ajudou muito, muito mesmo Foi um conjunto de fatores. O Lu era a pessoa mais sensata de se escolher, pode-se dizer assim. Além do que, ele sempre me apoiou demais e no Pré-Exame, eu senti um apoio muito grande vindo dele, o que me deu uma segurança ainda maior para escolhê-lo. 
 
 Foto: Reprodução / Facebook

E como estão sendo os treinos?
Muito hematoma, dorzinhas, baixa autoestima em alguns momentos, falando: ‘velho, porque eu passei? Que merda de dança é essa (risos)’. Mas no geral, está sendo muito bom, uma parceria muito gostosa de se ter. É muito gostoso estar ali com o Lu, treinando com ele e tendo o apoio dele. Acho que o principal é isso, uma felicidadezinha diferente.

Como foi a escolha do seu xote? O que te levou a escolhê-lo?
Inicialmente, eu tinha escolhido um xote. Só que aí vieram mais dois xotes na minha vida, e eu fiquei na dúvida. Só que eu me decidi pelo primeiro que eu tinha escolhido mesmo porque ele me descreve mais, tem mais a ver com o que eu gosto de mostrar. Eu consigo me portar melhor com ele e é uma música que tem tudo a ver com a minha pessoa, no geral. Escolhi esse xote por ser uma música que eu consigo brincar. Um xote que eu consigo aproveitar o que eu mais gosto de fazer na dança e poder colocar nele.

E o que você mais gosta de fazer na dança?
Charme em excesso (risos). Brincadeira. Eu gosto de brincar mesmo, eu gosto de fazer movimentos diferentes de perna, inventar em cima dos passos, brincar, rebolar, essas coisas todas. Eu gosto de brincar.


 Foto: Vinícius Teixeira

E o que está pensando para o passo aéreo? Um aéreo mais simples, mais complexo, mais impactante?
Eu não sei se ele é simples porque ele me deu alguns hematomas, mas ele é bem fluido. Durante a música, ele vai ficar mais fluido, mais interessante e é bem impactante. E ele foi o primeiro aéreo que eu e o Lu batemos o olho e concordamos: é esse. Tentamos uma vez pra ver se ia dar certo. E saiu de primeira a maior parte dele. Aí, a gente ficou ainda mais animado.

Como trabalhar a confiança pra fazer esse exame da Vermelha?
Não sei. Confiança nunca foi o meu forte, nunca fui muito confiante na minha dança, mas eu acho que é você confiar que você fez aquilo que você gostaria de ter feito, você confiar que o que poderia ser feito, você fez. É treinar, trabalhar sua dança, e pensar: se até hoje eu consegui fazer isso, na hora do exame eu vou conseguir fazer também porque eu vou dançar e não ficar pensando na avaliação.

Você consegue imaginar como será a emoção de estar lá no meio?
Não. Não sei. Não vai ser nada. Eu vou estar doida. Vou começar a chorar, porque eu choro demais, aí eu não vou ver nada, não vou ver ninguém, não vou entender nada, só vou escutar o nome do examinador e vou ficar perdida lá no meio (risos). E se eu conseguir, eu vou dançar, mas ainda não sei. Não sei o sentimento, mas acho que vou ficar muito nervosa, acho que vocês vão ver de longe a minha perna tremer, acho que vai ser isso (risos).

Você vai ter que fazer um show. Como você trabalha isso na sua cabeça?
Eu penso que vou dançar ali no meio (risos). A gente tem que trabalhar essa coisa de show durante o mês que a gente tem (depois do Pré-Exame). Lá na hora, eu quero pensar que estou dançando e curtindo a minha vida ali dentro. Eu sei que eu tenho que fazer um show. E essa é a parte que dá medo. Será que a gente vai fazer um show mesmo? Será que a gente vai conseguir agradar e ser tudo aquilo que as pessoas esperam da gente? Por isso que a gente não pensa nisso na hora de dançar, tá vendo?! (risos).

  Foto: Vinícius Teixeira


O que esse exame da Vermelha representa pra você?
O fechamento de um ciclo, a conquista de uma coisa que eu venho buscando há anos, um trabalho concluído, é muita coisa. É uma felicidade que eu vou conquistar, uma coisa que eu pensava há muito tempo em querer fazer, em querer estar lá, fazer parte daquilo que vai me fazer feliz. É uma conquista mesmo.

O que você pensa sobre as surpresas e homenagens que ocorrem nos exames da Vermelha?
Acho muito legal. Essa é a parte que vai me fazer chorar demais, dependendo do que for acontecer. Não imagino nada que possa vir. Sabe aquelas pessoas que não têm uma frase só? Uma frase típica dela, que não tem uma brincadeira típica? Então, eu não tenho muito dessas coisas com o povo não. Por isso, não faço a mínima ideia do que o pessoal vai fazer lá na hora, do que eles estão pensando. Não sei. Acho que será uma surpresa muito grande pra mim.


 Foto: Vinícius Teixeira

Qual a importância de receber essas surpresas pra quem está lá no meio?
A pessoa se sente parte da unidade, sente que as pessoas estão torcendo por ela. Você vê pessoas que são importantes e fizeram parte do seu ciclo dentro da escola te apoiando. São aquelas pessoas que sempre estiveram ali dançando com você e que agora estão torcendo por sua vitória, por sua conquista. Independentemente do que acontecer ali no meio, vão ter pessoas nos apoiando. Acho que essa é a parte mais importante das homenagens: o apoio daquelas pessoas que estão ao nosso redor, das pessoas que a gente tanto se importa e tanto trabalharam juntos pra chegar aonde a gente chegou até hoje. 

O que as pessoas podem esperar do seu exame?
Espera que eu não vou cair, esperar só isso. Estou trabalhando pra não ter um escorregão e cair de cara no chão (risos). Além disso, surpreendam-se. Porque se eu conseguir não cair, eu vou ficar muito feliz (risos).

Mas você tem uma carta na manga?
Ah... vamos ter surpresas. No meu xote mesmo, o pessoal não acredita que vai ser ele. O aéreo vai ser legal, vão ter algumas coisinhas a mais.

  Foto: Vinícius Teixeira

  
A responsabilidade é menor por estar fazendo o seu primeiro exame da Vermelha? É maior?
Acho que ela é menor. Por exemplo, é a primeira vez que você está se dispondo a estar na frente de um público muito grande, e que espera que você dê um show. Então, na minha cabeça, é muito natural você não conseguir dar tudo aquilo que você consegue normalmente. É natural você não dar um show. Diferentemente de uma pessoa que já se submeteu a isso. Ela já sabe qual é a sensação de estar ali no meio. A pessoa que já fez o exame tem aquela coisa de querer provar, de querer mostrar tudo que sabe por já ter feito o exame mais de uma vez. Acho que é um pouquinho mais pesado pra quem já fez o exame da Vermelha.

Porque você deseja ser uma Vermelha?
Pra provar que, apesar de ser diferente, de ter propostas diferentes de dança, eu também consigo estar no mesmo patamar das pessoas que são ótimas. Claro que eu não sou uma Juzinha da vida. Aquela menina é maravilhosa né?! Mas a gente consegue também. Apesar de não ser igual, de não dançar da mesma forma, de não usar as mesmas técnicas, a gente também é bom o suficiente pra estar ali. E a gente consegue estar ali. A gente consegue levar a nossa dança, a nossa representatividade para os outros. Acho que é o que mais me deixaria feliz. Querendo ou não, a minha dança é diferente da maioria das Vermelhas de hoje. E eu espero ser diferente, espero conseguir agregar coisas diferentes pra essa roda. Não sei se eu vou conseguir, mas é o que eu gostaria. Acho que é o que mais espero ao me tornar uma Vermelha. De poder agregar de formas diferentes.

Está confiante?
Estou. Meu examinador é ótimo, meu xote é ótimo, o aéreo está saindo. Até então, estou confiante, não sei lá na hora. Agora, neste momento, eu estou (risos).

                                                                 Foto: Vinícius Teixeira


HUMILDADE VERMELHA
Estreante no exame mais nobre do PD, Juju quer surpreender, tornar-se Vermelha e professor para ajudar outros alunos a evoluir


Foto: Vinícius Teixeira 



  
Bruno Trindade
 
Humilde, paciente para ensinar conceitos e movimentos do forró, tranquilo e carismático, recebendo um carinho imenso de todos que o conhecem. Esse é o Luiz Sérgio Júnior, o Juju, que após cinco anos de Pé Descalço chega para realizar o seu primeiro exame da Vermelha.

Marinheiro de primeira viagem, ele diz que a ficha ainda não caiu, mas nada que intimide ou atrapalhe os seus planos. Juju quer levar a galera “à loucura” e ser aprovado para dar início ao seu principal objetivo no PD: dar aulas e passar todo o conhecimento que adquiriu para ver outros alunos evoluindo também.

Em um bate-papo com o blog do PD Eldorado, Juju falou sobre a sua jornada na escola, sobre a influência que o PD teve em sua vida, sobre as expectativas e sobre a sua preparação para o exame da Vermelha, onde ele quer surpreender.


Como você entrou no Pé Descalço?
Fiz oito meses de dança de salão. E em um desses lugares, o Rafael Wilker fazia aula também. Eu conheci o PD através dele. Essa escola era muito parceira do Pé Descalço Eldorado. A Ana, minha irmã, entrou no Pé Descalço em dezembro de 2011. Eu comecei a gostar do sistema da escola, fiquei muito atraído e eu vim pra cá.

E o que te chamou a atenção para você querer vir para o Pé Descalço?
Foi o sistema de colares. Onde eu fazia dança de salão, não tinha muito objetivo. Eu sempre queria ficar melhor, aprender mais passos. E quando eu conheci o sistema do Pé Descalço, eu via um objetivo. Eu poderia ir evoluindo, melhorando com as turmas, e isso me atraiu bastante.

Você imaginava chegar tão longe?
Não imaginava (risos). Mas eu sempre quis ficar melhor, dançar mais, me divertir mesmo. Quando eu vi o exame da Vermelha, eu disse: ‘Eu quero estar lá no meio um dia’. A minha primeira reprovação foi para Azul Avançada. Foi no exame de junho ou julho de 2012. Eu fiquei mal (risos). O povo me deu o maior apoio e chegou lá na hora e eu não consegui passar. A minha turma toda passou. Ficou só eu. Pensava: não é possível, o que eu fiz de errado? O que arrumei? Sou horrível (risos). Mas eu fiquei firme. Depois que passei para Azul Avançada, passei pra Preta direto, apesar de achar que foi meio cedo demais, mas treinei bastante. E chegar à Vermelha, eu não pensava nisso nem de longe.

O que mudou na sua vida após entrar no Pé Descalço?
Mudou a minha vida por completo. Antes, eu nem dançava. Ficava só em casa. Eu trabalhava com um amigo e o máximo que a gente fazia era ir ao cinema, ou em algum outro lugar pra tomar alguma coisa. Quando eu entrei no Pé Descalço, mudou tudo. Eu vinha todos os dias nas aulas. Combinava com a galera pra sair pra algum lugar, ia pra casa de alguém. Depois que fiz 18 anos, passei a ir aos forrós de vez em quando também, e conheci muita gente. A minha vida entrou toda dentro do Pé Descalço, de uma maneira que virou a minha segunda família.

 Foto: Reprodução / Facebook

Dá pra apontar nesses cinco anos de PD o momento mais feliz que você passou aqui dentro?
Cada aprovação é uma felicidade sem noção. Quando eu passei pra Azul Avançada, eu fiquei muito feliz. Quando passei pra Preta, eu realmente não acreditei. Foram somente três homens aprovados e foi de primeira ainda. Não tinha ninguém lá pra me assistir, duas pessoas me assistiram. Fiz o exame tranquilo e fiz só por fazer mesmo. Fui lá pra receber o feedback e quando recebi a aprovação, não acreditei (risos). Pra Preta Avançada foi complicado porque eu fiz o exame logo após ter um problema no joelho, tinha dois meses que eu estava fazendo fisioterapia, estava afastado do Pé Descalço. Eu vinha nas festas, acompanhava o espaço livre, mas estava afastado das aulas. No dia do exame, eu nem ia fazer, tinha pagado só a festa. Só que eu cheguei lá e o povo me deu o maior apoio pra fazer o exame. Quando citaram o meu nome no final como aprovado foi sensacional. A Ana Flávia pulou nas minhas costas, doeu bastante, mas valeu. No Pré-Exame, escutar o meu nome entre os aprovados foi uma mistura de felicidade com desespero, em uma sensação indescritível. Sério (risos). Não tem como descrever. 

O que os exames representam pra você?
Algo que pode te dar um objetivo e algo que pode fazer você crescer bastante. É meio que um divisor de águas. É o momento em que você vai lá se por à prova mesmo. Você chega com um objetivo e vai dar tudo de si pra alcançar. O exame é algo que é muito importante pra escola e algo que foi muito importante pra mim também. Prende bastante gente, ao mesmo tempo que tira bastante gente daqui por frustração. Exame é uma coisa muito boa e traz uma energia sensacional.

Quantas reprovações você teve?
Tive uma reprovação pra Azul Avançada, três pra Preta Avançada, e duas em Pré-Exames. Foram seis reprovações. Esse foi o meu terceiro Pré-Exame.

E qual a maior dificuldade de se fazer um Pré-Exame?
Muita gente acha que você vai dançar com todas as examinadoras, vai dançar várias músicas e que isso vai te deixar mais calmo. Acho que, na verdade, é um desespero mais prolongado. É um nervosismo em roda (risos). Você dança com uma menina, acha que foi bem. Quando volta a dançar com ela, acha que vai ser melhor e começa a agarrar. Se você sai de uma examinadora e não foi bem, você já chega à próxima receoso. Acho que a maior dificuldade é o nervosismo. Se não conseguir ficar calmo, se não conhecer aquilo que você está fazendo, isso vai te levar pra baixo mesmo. Nesse último Pré-Exame, eu fiquei mais tranquilo e foi o Pré-Exame mais confiante que eu já fiz. 

 Foto: Reprodução / Facebook
Esperava ser aprovado?
Não esperava, por mais que muita gente botasse fé e falasse que acreditava.  A minha primeira reprovação, lá na Azul Avançada, deixou a minha autoestima lá embaixo sempre. Acho que expectativa pra mim sempre foi isso. Se eu deixava a minha expectativa muito alta, a chance de me desapontar era muito grande. Mas quando você deixa a sua expectativa baixa, tudo que vier vem de um jeito mais tranquilo. Se for reprovado, é tranquilo e você consegue treinar para o próximo. Se você passar, como foi o caso, você meio que morre (de felicidade). Eu não esperava, mas foi uma experiência muito boa de fazer e ser aprovado. 

A ficha já caiu?
A ficha ainda não caiu. No dia do Pré-Exame, depois que eu cheguei em casa, a primeira coisa que eu fiz foi deitar no chão e ficar pensando: mentira que eu fui aprovado. Eu não acreditava. Devo ter ficado no chão uns 40 minutos. Depois disso, eu levantei, tomei um banho e continuei sem acreditar. Aí, comecei a pensar: agora ferrou: tem aéreo, tem xote, tem menina... que menina que vou escolher? Que xote? Eu não sei nem dançar xote! (risos). Foi uma mistura de alegria e desespero. Sem noção. 

O que passou na sua cabeça na hora que eles falaram o seu nome?
Deu um branco, um breu. Só sei que eu abaixei a cabeça e senti uma chuva de tapa nas minhas costas, que foi sem noção. Quando ele (Lucas Vidoto) falou que foram sete aprovados, cinco mulheres e dois homens, tinha tanto homem capaz de passar no exame, na minha cabeça, que eu só esperei o resultado e pensei: vamos ver agora quem é que vai fazer o exame. Na hora que escutei o meu nome, bateu uma mistura de alegria com desespero, sei lá. A sensação que deu foi de uma alegria muito grande. 

Você escolheu a Juzinha como examinadora. Porque a Juzinha?
Minha energia com ela, em todos os Pré-Exames que eu fiz, e até mesmo quando eu dançava com ela, em espaços livres, festas do mês, sempre foi muito boa. Por mais que muitas vezes não encaixava algumas coisas, eu ria e ela sempre sorria de volta, a energia batia, e a gente consertava. Todos os feedbacks que eu recebi de todas as outras meninas sempre foram muito válidos, mas os que eu recebi dela sempre me deram um direcionamento muito bom. Muita gente pensou que eu ia escolher a minha irmã, mas acho que no caso da Ana é uma zona de conforto muito grande pra mim. E eu acho que a Juzinha vai conseguir me tirar dessa zona de conforto e me fazer crescer de um jeito diferente do que a Ana faria. Acho que foi por isso que escolhi a Juzinha.

 Foto: Reprodução / Facebook
 
E como estão sendo os treinos?
Treinar com ela é sensacional. Essa menina é uma menina de ouro. (risos). Treinar com ela é muito bom. Ela é rígida, mas ao mesmo tempo ela sorri, conversa, mostra pra gente possibilidades. Mostra que a gente pode fazer alguma coisa a mais. Ela nos passa até exercícios. Pela minha dificuldade de horário, de não ser muito compatível com o dela e a gente treinar poucas vezes, todos os dias que eu vou lá eu sinto que eu cresci um pouco mais. É muito bom. 

Como foi a escolha do xote?
A escolha do xote foi bem difícil. Eu ainda estou um pouco em dúvida, mas eu acho que o que está escolhido agora é a minha escolha final. Foi muito difícil. Eu sempre fantasiava que um dia eu ia fazer o exame da Vermelha, mas quando eu realmente passei, eu vi que nunca tinha passado um xote pra fazer o exame na minha cabeça. Eu comecei a escutar muito xote, pedi ajuda pra muita gente, a galera me mandou muita playlist, muita música. Eu escutei uma por uma. E teve uma que foi a que mais encaixou, que eu escutei várias vezes e que me imaginei dançando. Eu a escolhi porque foi a que mais se encaixou com a minha personalidade e com o meu jeito de dançar. 

Tem tipos diferentes de xote. Isso você também levou em consideração na hora de escolher?
Acho que um xote muito colado e muito lento não é muito o meu estilo. Por eu ser bem grande, um xote um pouco mais aberto, com mais efeito, encaixaria mais comigo, até porque eu gosto mais também. E na escolha do meu xote, depois que eu o escutei, vi que ele era mais tranquilo, mais suave de se dançar, e acho que isso influenciou bastante na minha escolha. Ele é mais aberto, com uma batida mais suave, é ideal.

                                                        Foto: Reprodução / Facebook


E como foi a escolha do aéreo? Pensa em fazer um aéreo mais complexo, mais impactante, um mais curto?
A primeira coisa que eu falei com a Juzinha foi: eu quero algo simples e com efeito (risos). Basicamente, foi isso. É a definição do que eu realmente queria fazer. Nos dois primeiros dias, quando a gente realmente definiu quando iríamos treinar, numa terça e quarta, eu fiquei o dia inteiro e durante a madrugada vendo vídeos. Ela me mandava muitos vídeos, eu procurava outros. Até no trabalho, eu entrei no computador pra ficar vendo vídeos de aéreos. Vi três aéreos que achei bem diferentes. Peguei os três, filmei e mandei pra Juzinha pra saber o que ela achava. Ela acabou gostando do que eu mais gostei também. E decidimos por ele. Realmente é um aéreo que parecia ser muito mais difícil visualmente, mas na hora que a gente começa a fazer, é uma coisa bem diferente e cria uma conexão bem legal.

Como trabalhar a confiança para fazer o exame da Vermelha?
Essa é a parte mais difícil, porque existem dias e dias de dança. Tem dias que a gente dança e que estamos confiantes, que a gente faz e sai tudo certo, que a energia bate. Só que tem dias que a gente dança e diz: nossa senhora, hoje foi complicado. Se chegar lá no exame e fazer desse jeito aqui, vai ser foda. Mas a gente tem que pensar no nosso melhor e tentar melhorar a cada dia. Acho que no momento em que a gente consegue se sentir bem dançando, é um momento em que nossa confiança vai aumentando. Dançar mais feliz, mais tranquilo ajuda a ficar mais confiante. 

Como você imagina que vai ser lá no meio?
Essa pergunta para um primeiro exame é muito complicada. É chegar lá na hora é ver o que dá mesmo (risos). Espero realmente que eu consiga fazer o que eu quero, mas é uma incógnita pra mim. Vamos ver como vai ser lá na hora.

   Foto: Vinícius Teixeira

Dá pra imaginar quais serão os seus sentimentos na hora do exame?
Nervoso com certeza eu ficarei. Emocionado eu não sei, porque eu já fiquei emocionado várias vezes, mas quando o nervosismo toma conta, eu nem vejo o que acontece (risos). Mas acho que é possível sim eu me emocionar. Poucos dias depois que eu passei no Pré-Exame, eu estava escutando o xote que eu escolhi e já comecei a me emocionar. E acho que lá na hora, a emoção deve bater mais forte. 

O que esse exame da Vermelha representa pra você?
Representa uma conquista sem noção. Eu nunca me imaginei lá. Eu sempre me via na Preta, sempre tive uma autoestima muito baixa. Sempre me via inferior às outras pessoas, pedia muita desculpa por qualquer coisa que acontecia. A Luciana mesmo me ajudou bastante com isso. Toda vez que eu pedia desculpa, ela me dava um tapa (risos). E isso foi me ajudando a me conscientizar melhor do que eu estava fazendo pra tentar errar menos. Sempre busquei o conforto da dama e ficar tranquilo sem errar nada. Eu sempre olhava os candidatos que passavam e dizia: nossa, esse cara aí é foda, essa menina faz tudo. E quando a gente chega lá, a gente começa a olhar o tanto de coisa que ainda falta. 


O que você acha das surpresas e homenagens que acontecem nos exames?
Na primeira semana, eu nem me lembrava de surpresa. Eu estava focado no exame. E aí vi que a Ana Flávia estava participando de um grupo diferente. Perguntei que grupo era aquele. Ela tirou o celular da minha frente. Eu fiquei pensando: o que esse povo vai arrumar pra mim? Acho que esse momento é o que eu vou mais me emocionar. No segundo Pré-Exame que eu fiz, juntou uma galera, antes de eu começar a dançar, e começou a gritar Juju e a bater no chão. Arrepiei na hora com aquela galera toda gritando o meu nome. E eram pessoas de várias unidades, não só do Eldorado. Eu me senti realmente muito feliz. Acho que esse momento de homenagens vai ser o momento mais pesado pra mim emocionalmente no dia do exame. 

Qual a importância dessas surpresas e homenagens?
Acho que é muito bom você saber que tem alguém com você. E nesse momento das surpresas é quando você realmente vê a galera que está ali, que está olhando pra você, torcendo por você, e isso vai dar um gás, um impulso pra você mostrar tudo que você tem no exame. Isso não deixa você ficar pra baixo. E pra não deixar a galera decepcionada, você vai entrar lá e mostrar o seu melhor. 

  Foto: Vinícius Teixeira
 
O que as pessoas podem esperar do seu exame?
Não sei (risos). Podem esperar um Juju bem nervoso (risos). Acho que o nervosismo vai tomar conta. As pessoas podem esperar um exame em que eu vou dar o meu melhor. E vamos ver se tento surpreender também em algumas coisas. Quem sabe?! 

Você sabe que terá que realizar um show. Como trabalha isso na sua cabeça?
Essa é a parte que mais pesa, porque eu pessoalmente nunca gostei da minha dança. Quando eu vi o vídeo do meu Pré-Exame, eu pensei: ‘porque eles passaram esse cara?!’ (risos). Mas aí eu comecei a ver o que eu mais gostava na minha dança: deslocamento, passos de efeito, o próprio aéreo que escolhi.  Tudo isso junto consegue realmente mostrar o que é um show. Acho que vou tentar aplicar tudo que eu sempre vi do lado de fora. É aplicar pra levar a galera à loucura.  

A responsabilidade é menor por fazer o exame pela primeira vez? Ou é igual pra todo mundo?
É uma pressão do caralho, porque quando você passa no Pré-Exame, qualquer lado que você olha tem uma pessoa te olhando e você pensa: esse cara está me avaliando. Aí eu tento mudar de lugar e vou deslocando. Aí você chega do outro lado e tem outra pessoa te olhando. Aí eu penso: que isso, o povo está me avaliando e eu só estou dançando de boa, tentando treinar pra passar (risos). É uma pressão sem noção, ainda mais por ser o meu primeiro exame. Depois que você passa pela primeira vez e mostra que é capaz, as pessoas querem ver o que você tem pra mostrar e porque você mereceu passar. Quem faz o exame pela segunda vez tem uma pressão um pouco maior por ter que ser melhor do que era anteriormente. Acho que a pressão meio que se iguala. 

 Foto: Vinícius Teixeira

Porque você deseja ser um Vermelha?
Ser um Vermelha é uma coisa que vai me ajudar muito na confiança. E um Vermelha consegue ajudar mais pessoas. Ele tem uma voz mais forte, tem mais respeito. Por mais que um Preta Avançada consiga dar um feedback pra uma pessoa que é da Azul, da Azul Avançada e até mesmo da Preta, quando você é um Vermelha, as pessoas acreditam que você vai dar um feedback melhor. Eu quero ser um Vermelha também porque eu gosto muito de ensinar. Eu gostaria de começar a dar aulas. Esse é o meu principal objetivo: ajudar mais pessoas e ensinar tudo aquilo que eu aprendi. Eu demorei bastante pra chegar até aqui. Estou no PD desde 2012 e já estamos em 2017. Acho que eu peguei muitos caminhos errados. Com as experiências que eu tive, acho que posso auxiliar as pessoas a irem por um caminho mais certo da sua evolução. 

Está confiante para o exame?
Estou confiante. Vou chegar lá e mostrar tudo que eu sei e o que eu aprendi. Os treinos com a Juzinha estão me dando muita confiança. A cada treino que passa, eu sinto que estou crescendo mais. E isso ajuda muito na confiança. No dia do exame, eu sei que vou conseguir mostrar algo diferente do que eu mostrei no Pré-Exame. Isso também me dá um pouco mais de confiança. 

  Foto: Vinícius Teixeira

quinta-feira, 30 de março de 2017

RETORNO VERMELHO
Em seu segundo exame da Vermelha consecutivo, Luísa Martins quer usar experiência para escrever uma história diferente


Foto: Vinícius Teixeira


Bruno Trindade
Professora, examinadora, com mais conhecimento de dança e mais preparada para encarar o exame da Vermelha. É assim que Luísa Martins chega para tentar, pela segunda vez, alcançar o topo da escola de forró. Nos seis meses seguintes, após se aventurar pela primeira vez na mais nobre avaliação do Pé Descalço, Luísa procurou evoluir, vencer desafios, superar medos e desenvolver a sua dança de forma geral.

O esforço foi recompensado com a sua segunda aprovação consecutiva no Pré-Exame, dando-lhe a oportunidade de participar do exame da Vermelha novamente. Agora, ela quer curtir o momento, mostrar tudo que sabe e controlar o nervosismo para dar um novo show para professores, examinadores, alunos e pra quem mais estiver assistindo.

Em um bate-papo descontraído com o blog do PD Eldorado, Luísa falou sobre tudo que cerca esse grandioso momento de sua vida como dançarina de forró. Confira!


Será o seu segundo exame da Vermelha. Tem alguma diferença desta vez agora para a primeira vez que você fez o exame?
Tem sim. Pelo fato de já ter estado lá uma vez, acho que é esperado uma coisinha a mais, o motivo da reprovação (do exame anterior) melhorado. É diferente. É bem diferente.

Você esperava ser aprovada da primeira vez para o exame da Vermelha? E agora?
Em nenhuma das duas vezes eu esperava ser aprovada. Da última vez, eu dancei na boa. Agora, a mesma coisa. E desta vez, eu tinha torcido o pé um dia antes e aí eu estava mancando de um examinador para o outro, mas deu pra dançar. E os seis meses que se passaram fizeram muita diferença. O que a gente era dançando no último Pré-Exame, a gente é muito diferente hoje, assim como daqui um mês vamos estar diferentes porque as aulas ainda acrescentam muita coisa. Eu nem sabia se eu ia realmente fazer o Pré-Exame, mas aí fui pra dançar e foi super divertido. O ambiente foi muito gostoso. Então, eu dancei bem tranquila.

Essa tranquilidade e a “falta” de cobrança para passar te ajudaram a ser aprovada?
Não sei. Acho que nossa cabeça mexe muito com a gente. Muito mesmo, principalmente comigo. Eu me deixo levar muito pelos sentimentos que estão rolando no dia. Se o astral estiver ruim no lugar, eu deixo aquilo influenciar demais e fico com um astral ruim também. Eu sentia muito essa coisa de que tem que ser imediato, pois eu já passei no último Pré-Exame e, se eu não passasse neste agora, eles (professores e examinadores) iam ficar super decepcionados comigo. Mas depois eu entendi que o que importava era o meu momento. Então, eu só estava preocupada com meu pé (torcido), mas lá estava tão gostoso que eu dancei tranquila, principalmente quando eu dancei com o Ícaro e com o Tales. Eu estava bem, a sintonia com os examinadores no dia me passou muita tranquilidade. Essa sensação de que estava tudo bem, que era um domingo, que em poucos instantes íamos pular na piscina juntos... Estava tudo ótimo. 


 Foto: Vinícius Teixeira

O que você aprendeu na primeira experiência ao fazer o exame da Vermelha?
Que a gente tem que controlar a emoção. Eu entrei lá na quadra e não sabia o que eu estava fazendo lá (risos). Eu fui a primeira. O Rafael me tranquilizou o mês inteiro, mas eu fiquei muito nervosa. E acho que deu pra ver isso nitidamente. Eu passei o exame todo nervosa, aflita e tensa. A gente aprende que não é porque está toda a quadra olhando pra você, não é porque tem uma banca de examinadores, que deixa de ser um momento seu, pra mostrar a sua dança. Não é pra ficar imaginando o que eles querem, ou tentar agradar a todo mundo, pois fazendo isso a gente acaba se perdendo no caminho. A gente está sempre dançando em pares, mas o motivo de dançar não é pra agradar o outro. É de estar ali pra se divertir. E acho que eu perdi muito isso no meu primeiro exame.

Você sabe que precisa dar um show. Como trabalha isso na sua cabeça?
Esse show tem vários aspectos: tem os aspectos estético, de energia e de sintonia. Quando ninguém está olhando, você dança como se fosse um espetáculo, pensando em um bom acabamento dos passos, em uma sintonia boa com o par, porque isso é bonito. Talvez seja isso que a gente tenha que trabalhar. É dançar pensando que lá na hora, você vai ter que se divertir, vai ter que se soltar e que não deixa de ser um show. É preparar o psicológico - a Luísa precisa muito disso (risos). É trabalhar essa energia com os três examinadores muito bem, pois acho que o resto do show é a energia do momento.

 O que a Luísa Martins vai fazer de diferente neste exame da Vermelha?
Acho que vou tentar ficar tranquila. Acho que desta vez, eu vou aproveitar o meu exame. Vou dançar sem medo de quem tá me olhando, sem medo do examinador que vai vir. Acho que desta vez vou mais preparada para as variedades, de tudo. Agora pode cair qualquer música, vir qualquer examinador. A gente vai trabalhar essa ideia, de ter confiança no meu corpo, da minha proposta de dança, de lá na hora encaixar a energia e ir junto. Acho que vai dar certo, vai ser bom e eu vou aproveitar, independentemente dessas coisas.


Foto: Vinícius Teixeira

Você se sente mais preparada agora?
Não, nem um pouco. Dá o mesmo frio na barriga, o mesmo medo de fazer merda, mas estou tentando me sentir preparada. Se eu vou estar ou não, é outra coisa (risos).

 Algumas pessoas fizeram o exame da Vermelha mais de uma vez e se disseram privilegiadas por isso. Você também se sente assim?
É lindo. Poder escolher tudo de novo, ter, neste mês, a atenção de um dos examinadores... é um presente maravilhoso mesmo, ainda mais por saber que a decisão de todos trouxe você de novo ao exame da Vermelha, mesmo depois de um fracasso. Isso é legal. A gente cai depois de não passar e acho que isso acontece em qualquer nível, não só pra Vermelha. A gente sente que todo esforço não valeu de nada. Aí, de repente, você vai retomando seu gás e eles (examinadores) falam: calma, vem de novo, apresenta de novo pra gente, não desiste porque a gente não desistiu de você. Acho que é isso. Talvez essa segunda aprovação é a prova de que eles não desistiram de você. Eles ainda querem te ver lá. É ótimo.

Muitas pessoas têm dificuldades para serem aprovadas no Pré-Exame e você conseguiu por duas vezes consecutivas. Sabe explicar o motivo disso?
 É difícil pensar como eles (examinadores) e saber o que eles querem. Mas talvez seja por não ter deixado a peteca cair, por continuar dando raça. Quando a gente não passa, a gente fica se perguntando o porquê de não ter passado. Como a gente não recebe um feedback pós-exame da Vermelha, a gente vai tentando consertar tudo. Você não sabe onde você errou. Talvez um deles acha que faltou isso, outro acha que faltou aquilo, e no conjunto, não deu bom, Então, você vai buscando melhorar tudo, correndo atrás deles, perguntando, dançando, pedindo feedbacks, tentando. Talvez tenha sido por isso que eu passei de novo. Eu me preocupei demais por não ter passado, da minha dança cair totalmente. Então, eu comecei a me desesperar, a dançar demais, a dançar loucamente – claro que isso foi depois de passar duas semanas em casa, debaixo do cobertor, chorando (risos). Você vai repensando a sua dança toda, vai a reestruturando, e aí chega lá e o projeto que você apresenta pra eles de novo é satisfatório e eles te dão uma nova chance.

 Foto: Reprodução / Facebook


O que passou na sua cabeça quando ouviu o seu nome?
Nada, porque foi o primeiro nome a ser falado. Eu não tinha condição psicológica nenhuma pra escutar o meu nome primeiro (risos). Eu a Gabi nós passamos em todos os exames juntas, desde a branca. Tudo. A gente sempre ia na mesma rodada. E nesse último Pré-Exame, também foi assim. Por isso, sempre fomos muito unidas em relação a isso. A gente estava juntinha na hora do resultado, uma segurando a mão da outra, abraçadinha e o PD Eldorado todo em volta da gente. Eu, realmente, esperava ouvir o nome dela antes do meu. Na verdade, achei que era o nome dos homens primeiro. Mas aí veio o meu nome. Acho que representa um alívio pra Luísa que passou o mês inteiro preocupada. Pra Luísa de sábado, que descobriu que estava tudo bem se não passasse, foi um presente. Aí, você pensa: o que eu vou arrumar lá no meio de novo? Depois, eu fiquei animada, emocionada, comecei a chorar. E veio o nome da Gabi logo depois. Parece que a energia se encaixou. A gente já se abraçou ali e, aí sim, caiu a ficha que estaríamos juntas lá de novo. E mesmo que cada uma tenha uma proposta de dança muito diferente uma da outra, saber que faremos juntas o exame da Vermelha fez com que eu ficasse muito mais emocionada. Eu fiquei muito feliz por eles me darem essa segunda chance, por meus últimos seis meses terem me garantido, por ter dado a volta por cima do último não, por ter conseguido um sim (de novo). É muito bom pensar em todo mundo que investe em você, que coloca fé em você, é muito gratificante. E fazer junto com a Gabi então, vai ser ótimo.


Porque você escolheu o Ítalo para fazer o exame da Vermelha com você?
Porque o Ítalo foi a pessoa que me segurou aqui no Pé Descalço quando eu passei por uma fase péssima, de não me acostumar com a roda da preta. Era aquela loucura e eu falava que não dava conta de dançar. E ele falava: ‘dá sim, vamos!’. Eu sabia que (para o exame da Vermelha agora) eu ia passar o mês com uma pessoa que me deu suporte nesses três meses e meios que estou no PD, entende?! A gente ia intensificar esse suporte e vai ser ótimo porque é um momento muito importante pra mim, e vai ser mais importante ainda por poder dividir com ele.

Como estão sendo os treinos?
Os treinos estão ótimos, o Ítalo é ótimo, estou toda machucada do aéreo (risos), mas está tudo bem. Vai dar tudo certo.
                                Foto: Reprodução / Facebook


 Desta vez, como foi a escolha do xote?
Todos nós (examinados) estamos muito confusos. No grupo do whatsapp do exame da Vermelha, acho que cada um tem, pelo menos, três xotes (tirando o Juju, que é maravilhoso e já escolheu o dele). Eu tenho cinco xotes pra poder escolher, a Ju também. Tem muita coisa que a gente gosta. Tem xotes totalmente diferentes uns dos outros e não faço ideia de como vou escolher. Acho que, mais perto do dia, eu vou dançar todos eles e aí vamos ver qual vai dar ‘aquilo’. Desta vez, eu não estou ligada em nenhum xote como estava antes. 

O que vai levar em consideração para definir o xote?
Acho que o feeling que a música passa. Às vezes, nem é a letra, que não tem nada a ver com a nossa vida, mas dançar a música ali... Vou ter que sentir o que eu quero. Vou levar em conta o que ela vai despertar em mim.

O que está pretendendo fazer no passo aéreo?
O aéreo que estamos tentando agora, talvez não seja realmente o que a gente vá fazer, porque ele é realmente complicado. A entrada dele nunca foi usada, ninguém nunca entrou no aéreo daquele jeito. É um aéreo de força e talvez por isso a gente não use, pois é complicado sincronizar as forças. A gente está tentando esse aéreo, mas estamos abertos a outros aéreos também. Não mostramos pra muita gente. Mostramos para os meninos aqui da unidade pra conseguir a ajuda deles, que tem mais técnica, porque eu e o Ítalo não costumamos fazer muita aula de aéreo. É um aéreo muito diferente. A entrada dele vai causar. O resto, acho que nem tanto. Está tudo roxo, mas vai ficar lindo.
 
O psicológico, você já disse, te influencia muito. Como trabalhar a confiança pra fazer esse exame de novo?

Trabalhar a confiança é dançando, encarando os medos. Por exemplo, o medo de dançar música rápida, que eu sempre tive. Isso já se resolveu - na verdade, ainda não se resolveu totalmente (risos) -, deu uma amenizada porque eu enfiava a cara lá, dançava com quem eu tinha dificuldade de dançar, e aí você vai descobrindo que tem mais força do que você achava que tinha. E essa confiança também vem muito do apoio que a gente recebe. Os alunos estão vibrando muito. A Gabi, o Juju e eu estamos bem unidos, conversando muito, dançando muito entre a gente, e discutindo bastante sobre o exame, pedindo ajuda um para o outro. Esse companheirismo te dá uma base tão forte de segurança, que você fala: nossa, tem gente ali por mim. Aí tudo bem, a gente encara. Eu acho (risos).



Foto: Reprodução / Facebook


O que esse exame da Vermelha representa pra você?
Significa que a gente conseguiu dar a volta por cima após receber um não, e é difícil receber ‘nãos’. A gente buscou melhorar, não deixou aquilo ali abater demais, correu atrás e talvez seja a grande realização desta vez. Se for outro não também, o terceiro (exame) vai significar muito mais. Mas chegar ali duas vezes... talvez signifique que continuamos sendo bons alunos, que continuamos aprendendo, e é isso aí. É a segunda chance e a gente não ganha uma segunda chance à toa. Significa a confiança deles (examinadores) em mim; significa que a gente está buscando e que está chegando em algum lugar; significa que um não... não representa o fim.

Sua responsabilidade é maior por estar fazendo o exame pela segunda vez?
Não sei se é maior. Acho que a expectativa pode ser maior, mas a responsabilidade, não. Tudo bem que você está ali para um show, mas você também está ali para ser avaliado e, se não for dessa vez de novo, tudo bem. Será que uma terceira vez aumentaria ainda mais a responsabilidade? Acho que não. Em seis meses, a gente muda tanto que não tem como esperar a mesma coisa. Ou vai ter aquela mesma coisa muito melhorada, ou então já não é aquela mesma coisa. Meu conhecimento mudou, meu corpo mudou. Então, acho que não aumenta a responsabilidade. Acho que aumenta a expectativa. 

Qual a importância das homenagens e surpresas para a pessoa que está lá no meio fazendo o exame?
De verdade, lá na hora você não vê nada (risos). Eu vi que os meninos entraram com faixas, que eu não conseguia ler, pois estava com os olhos cheios de água (risos). Cada palavrinha que a gente escuta aqui dentro (do Pé Descalço) de motivação durante o mês (antes do exame) são surpresas. São surpresas que contam muito. Quando um aluno chega e fala: ‘você vai fazer o exame da Vermelha né? Nossa, estou torcendo muito por você! Pra mim, você já é Vermelha, merece muito’. Isso, já é uma surpresa. Você já vai pra lá sabendo que tem pessoas por você, pessoas que vão olhar e dizer que é o exame que elas mais estão esperando. Acho que as surpresas na hora só sobem o astral da gente, de ver que as pessoas se importaram em fazer alguma coisa pra te dar esse gás. E é isso que conta, e não tanto o que está escrito. O que as pessoas estão te passando durante os dias, na hora do exame, é muito importante.

  Foto: Vinícius Teixeira

Porque você deseja ser uma Vermelha?
Porque, humildemente falando, eu acho que tenho muita coisa pra acrescentar para o Pé Descalço como professora, como examinadora. Eu espero ser muito útil para o projeto. E acho que ser vermelha é mostrar que o projeto foi útil pra mim, a ponto de me tornar útil pra ele. É ver que o projeto em que você acreditou, também acreditou em você pra que você desse continuidade àquilo. Ser Vermelha é o ideal, é assumir a cara da escola. Chegar à Vermelha é mostrar que o projeto está totalmente em você. É a hora que você pode se abrir e se colocar útil para ajudar ainda mais outras pessoas a também chegarem lá.

Está confiante? 
Estou, super (risos). Eu estou confiante que eu vou estar bem na hora, que vou dançar tranquila.

 Foto: Vinícius Teixeira