CHARME VERMELHO
Gabi quer usar estilo,
brincadeiras e energia para estrear com tudo e ser aprovada no exame da
Vermelha
Foto: Vinícius Teixeira
Bruno Trindade
Dona de um estilo
único, que mistura, charme, brincadeiras e alto astral, Gabriella Damasceno
Guimarães, a Gabi, que é professora na unidade do Pé Descalço Eldorado, irá
participar, neste sábado, do seu primeiro exame da Vermelha.
Apesar do debute, ela
quer usar a sua personalidade na dança para chamar a atenção de todos, se
sobressair e ser aprovada. Ela afirma que ficará muito nervosa e que vai se
emocionar demais. Entretanto, ela quer esquecer a pressão de estar sendo
examinada, curtir o seu momento no maior exame da escola e fazer com que todos possam
curtir esse momento junto com ela.
Em um bate-papo
descontraído com o blog do PD Eldorado, Gabi fala sobre suas expectativas,
sobre sua preparação, sobre os objetivos de ser Vermelha e sobre o que está
preparando para impressionar no seu primeiro exame da Vermelha.
Como
você entrou no Pé Descalço?
O Caio Cotta chamou a
minha irmã para fazer uma aula experimental, mas a minha irmã é muito tímida.
Aí ela falou: ‘você vai comigo’. Viemos e desde então continuamos as duas
juntas... e animadas (risos).
Já
gostava de dançar? Gostava de forró?
Eu nunca tinha escutado
forró, mas eu já gostava de dançar. Nada sério, mas gostava bastante. Só
dançava em festas e brincava em casa.
Como
foi quando ficou sabendo do sistema de colares do Pé Descalço?
Deu um nervosismo no
coração né?! Porque avaliação nem sempre é uma coisa boa. No primeiro exame que
eu fiz, eu fui reprovada, da Branca pra Azul. E eu fiquei... nossa, sou muito
ruim. Eu não gostei disso. Primeiro, eu achava que podia ter passado, mas
depois achava que não porque eu não tinha ritmo. Então, eu ficava toda confusa
sobre isso. Mas depois que eu conversei com o examinador e eu vi que acabou
sendo uma coisa boa, porque você não passa pra próxima roda sem ter certeza
daquilo que você sabe. Sempre dá um nervosismo ao fazer os exames, mas eu
sempre achei bem bacana.
Foto: Vinícius Teixeira
Imaginava
chegar tão longe?
Nada (risos). Quando a
gente entra no PD, a gente fala: se eu chegar até a Preta está bom. Aí, quando
você chega à Preta, vai fazer exame pra Preta Avançada e não acredita que vai
passar. E quando passa, vai fazer o Pré-Exame. Vai que sai alguma coisa?! E
você vai indo e seguindo o fluxo.
O
que mudou na sua vida após entrar no Pé Descalço?
Companhias, programas
novos que a gente vai tendo, amizades diferentes, vínculos maiores com as
pessoas. E mudou também a minha maturidade porque dentro do PD a gente tem uma
proximidade muito grande com muita gente. Somos “obrigados” a conviver com
várias pessoas diferentes. Então, você aprende a ter maturidade pra saber reconhecer
o que é bom pra você e o que não é, aprende a lidar com pessoas que são
completamente diferentes de você, que tem vidas totalmente diferentes da sua. Acho
que isso foi o que mais mudou: a maturidade.
Dá
pra apontar nesses mais de quatro anos que você está aqui qual foi o momento
mais feliz?
Um dos momentos mais
felizes foi quando falaram os nomes da minha irmã e o meu como aprovadas para a
Preta Avançada. Na verdade, o meu nome nem tanto. O que me deu um biziuzinho na
cabeça foi o nome da minha irmã, que me deixou tipo assim: aí meu Deus, a minha
irmã conseguiu, ela está lá, ela brilha e ela é linda (risos). As conquistas
não só minhas, mas conjuntas com as da minha irmã foram o que mais me fizeram
feliz no Pé Descalço. A outra coisa que mais me fez feliz foi quando falaram o
nome da Luísa Martins e depois o meu como aprovadas para o exame da Vermelha. Passamos
juntas. Agora, vou contar uma historinha (risos). Eu e a Luísa, em todos os
exames que as duas passaram, passamos juntas na mesma rodada. Eu pegava um
examinador e ela estava no examinador ao lado, ou dois à frente. Então, a gente
fez os exames juntas e passávamos juntas em todos os exames praticamente. Só no
penúltimo Pré-Exame, que ela passou e fez o exame da Vermelha que não foi assim,
mas todos os outros foram iguais, passamos juntas e vamos continuar juntas.
Foto: Reprodução / Facebook
O
que os exames representam pra você?
Representam muito a sua
evolução, principalmente. Se você evoluiu, ou não evoluiu, o que você evoluiu,
ou o que você deixou de evoluir, além de pequenas conquistas dentro da escola.
Você começa a criar metas a partir dos exames, que viram pequenas conquistas
mesmo. Pra algumas pessoas é uma coisa muito legal, do caralho. E pra outras
pessoas é apenas legal. Mas a maioria pega como um êxtase mesmo, uma conquista
muito grande aqui dentro.
Quantas
reprovações você teve?
Fui reprovada uma vez
da Branca pra Azul, duas vezes da Preta pra Preta Avançada e duas vezes no
Pré-Exame.
Qual
a principal dificuldade de se fazer o Pré-Exame?
Você dançar ao invés de
você querer mostrar o que você sabe. Quando você está fazendo um exame, você
quer mostrar que você sabe fazer determinadas coisas, e chega um momento no Pé
Deslcaço que você não tem mais que provar para as pessoas que você sabe ou
deixa de saber alguma coisa, que você sabe fazer um giro em linha, por exemplo.
Chega um momento que você tem que mostrar que sabe dançar, que sabe como curtir
aquilo ali. E acho que isso falta muito na gente quando vamos fazer o Pré-Exame.
Pensamos muito na nossa avaliação, que temos que mostrar tudo aquilo que a
gente sabe, mostrar até o que a gente não sabe pra provar que a gente é bom. E
eu não vejo assim. Você tem que dançar por você, mostrar que você gosta da sua
dança e que você consegue dançar sem atrapalhar nada, fazendo a dança fluir bem.
Você
acha que foi isso que fez você passar?
Acho que foi por me
curtir mais com a minha dança, aceitar os pontos que eu gosto de brincar e os
pontos que não são tão interessantes assim pra mim. E eu posso aprender, claro,
eu posso saber fazer, mas eu posso não vou gostar de fazer na minha dança. É
saber reconhecer o que eu gosto e o que eu não gosto.
Foto: Reprodução / Facebook
Esperava
passar?
Nada (risos). A gente
nunca pensa nisso. A gente pensa: vou só lá fazer o Pré-Exame. Expectativa demais
faz mal (risos).
A
ficha já caiu?
Não. Vai cair só lá no
meio, depois que chamarem o meu nome.
O
que passou na sua cabeça quando eles disseram o seu nome como uma das
aprovadas?
Meu Deus, falaram o
nome da Luísa. O quê? Esse aí foi o meu nome? (risos). Foi isso. Espera,
falaram o meu nome? Sério mesmo? Esse é o meu nome, eu não sei o que está
acontecendo. Aí eu só percebi mesmo que falaram o meu nome quando as pessoas
começaram a me “agredir” de uma forma carinhosa (risos).
Dá
pra descrever essa emoção?
Confusão, alegria,
dever cumprido, parceria. Muita parceria.
Você
escolheu o Luiz Henrique como examinador. Porque o Luiz?
Decisão difícil. Eu me
sinto bem dançando com duas pessoas muito diferentes, que é o Luiz e o Dumond.
Nossa, pra decidir isso foi um custo. Eu custei uns dois, três dias pra me
decidir. Mas acabou que eu decidi muito por sintonia, por investimento, porque
o Luiz sempre me ajudou muito, muito mesmo Foi um conjunto de fatores. O Lu era
a pessoa mais sensata de se escolher, pode-se dizer assim. Além do que, ele
sempre me apoiou demais e no Pré-Exame, eu senti um apoio muito grande vindo
dele, o que me deu uma segurança ainda maior para escolhê-lo.
Foto: Reprodução / Facebook
E
como estão sendo os treinos?
Muito hematoma,
dorzinhas, baixa autoestima em alguns momentos, falando: ‘velho, porque eu
passei? Que merda de dança é essa (risos)’. Mas no geral, está sendo muito bom,
uma parceria muito gostosa de se ter. É muito gostoso estar ali com o Lu, treinando
com ele e tendo o apoio dele. Acho que o principal é isso, uma felicidadezinha
diferente.
Como
foi a escolha do seu xote? O que te levou a escolhê-lo?
Inicialmente, eu tinha
escolhido um xote. Só que aí vieram mais dois xotes na minha vida, e eu fiquei
na dúvida. Só que eu me decidi pelo primeiro que eu tinha escolhido mesmo
porque ele me descreve mais, tem mais a ver com o que eu gosto de mostrar. Eu
consigo me portar melhor com ele e é uma música que tem tudo a ver com a minha
pessoa, no geral. Escolhi esse xote por ser uma música que eu consigo brincar.
Um xote que eu consigo aproveitar o que eu mais gosto de fazer na dança e poder
colocar nele.
E
o que você mais gosta de fazer na dança?
Charme em excesso
(risos). Brincadeira. Eu gosto de brincar mesmo, eu gosto de fazer movimentos diferentes
de perna, inventar em cima dos passos, brincar, rebolar, essas coisas todas. Eu
gosto de brincar.
E
o que está pensando para o passo aéreo? Um aéreo mais simples, mais complexo,
mais impactante?
Eu não sei se ele é
simples porque ele me deu alguns hematomas, mas ele é bem fluido. Durante a
música, ele vai ficar mais fluido, mais interessante e é bem impactante. E ele
foi o primeiro aéreo que eu e o Lu batemos o olho e concordamos: é esse. Tentamos
uma vez pra ver se ia dar certo. E saiu de primeira a maior parte dele. Aí, a
gente ficou ainda mais animado.
Como
trabalhar a confiança pra fazer esse exame da Vermelha?
Não sei. Confiança
nunca foi o meu forte, nunca fui muito confiante na minha dança, mas eu acho
que é você confiar que você fez aquilo que você gostaria de ter feito, você
confiar que o que poderia ser feito, você fez. É treinar, trabalhar sua dança,
e pensar: se até hoje eu consegui fazer isso, na hora do exame eu vou conseguir
fazer também porque eu vou dançar e não ficar pensando na avaliação.
Você
consegue imaginar como será a emoção de estar lá no meio?
Não. Não sei. Não vai
ser nada. Eu vou estar doida. Vou começar a chorar, porque eu choro demais, aí
eu não vou ver nada, não vou ver ninguém, não vou entender nada, só vou escutar
o nome do examinador e vou ficar perdida lá no meio (risos). E se eu conseguir,
eu vou dançar, mas ainda não sei. Não sei o sentimento, mas acho que vou ficar
muito nervosa, acho que vocês vão ver de longe a minha perna tremer, acho que
vai ser isso (risos).
Você
vai ter que fazer um show. Como você trabalha isso na sua cabeça?
Eu penso que vou dançar
ali no meio (risos). A gente tem que trabalhar essa coisa de show durante o mês
que a gente tem (depois do Pré-Exame). Lá na hora, eu quero pensar que estou
dançando e curtindo a minha vida ali dentro. Eu sei que eu tenho que fazer um
show. E essa é a parte que dá medo. Será que a gente vai fazer um show mesmo?
Será que a gente vai conseguir agradar e ser tudo aquilo que as pessoas esperam
da gente? Por isso que a gente não pensa nisso na hora de dançar, tá vendo?!
(risos).
Foto: Vinícius Teixeira
O que esse exame da Vermelha representa pra você?
O fechamento de um
ciclo, a conquista de uma coisa que eu venho buscando há anos, um trabalho
concluído, é muita coisa. É uma felicidade que eu vou conquistar, uma coisa que
eu pensava há muito tempo em querer fazer, em querer estar lá, fazer parte
daquilo que vai me fazer feliz. É uma conquista mesmo.
O
que você pensa sobre as surpresas e homenagens que ocorrem nos exames da
Vermelha?
Acho muito legal. Essa
é a parte que vai me fazer chorar demais, dependendo do que for acontecer. Não
imagino nada que possa vir. Sabe aquelas pessoas que não têm uma frase só? Uma
frase típica dela, que não tem uma brincadeira típica? Então, eu não tenho
muito dessas coisas com o povo não. Por isso, não faço a mínima ideia do que o
pessoal vai fazer lá na hora, do que eles estão pensando. Não sei. Acho que
será uma surpresa muito grande pra mim.
Foto: Vinícius Teixeira
Qual
a importância de receber essas surpresas pra quem está lá no meio?
A pessoa se sente parte
da unidade, sente que as pessoas estão torcendo por ela. Você vê pessoas que
são importantes e fizeram parte do seu ciclo dentro da escola te apoiando. São
aquelas pessoas que sempre estiveram ali dançando com você e que agora estão
torcendo por sua vitória, por sua conquista. Independentemente do que acontecer
ali no meio, vão ter pessoas nos apoiando. Acho que essa é a parte mais
importante das homenagens: o apoio daquelas pessoas que estão ao nosso redor,
das pessoas que a gente tanto se importa e tanto trabalharam juntos pra chegar aonde
a gente chegou até hoje.
O
que as pessoas podem esperar do seu exame?
Espera que eu não vou
cair, esperar só isso. Estou trabalhando pra não ter um escorregão e cair de
cara no chão (risos). Além disso, surpreendam-se. Porque se eu conseguir não
cair, eu vou ficar muito feliz (risos).
Mas
você tem uma carta na manga?
Ah... vamos ter
surpresas. No meu xote mesmo, o pessoal não acredita que vai ser ele. O aéreo
vai ser legal, vão ter algumas coisinhas a mais.
Foto: Vinícius Teixeira
A
responsabilidade é menor por estar fazendo o seu primeiro exame da Vermelha? É
maior?
Acho que ela é menor.
Por exemplo, é a primeira vez que você está se dispondo a estar na frente de um
público muito grande, e que espera que você dê um show. Então, na minha cabeça,
é muito natural você não conseguir dar tudo aquilo que você consegue
normalmente. É natural você não dar um show. Diferentemente de uma pessoa que
já se submeteu a isso. Ela já sabe qual é a sensação de estar ali no meio. A
pessoa que já fez o exame tem aquela coisa de querer provar, de querer mostrar
tudo que sabe por já ter feito o exame mais de uma vez. Acho que é um pouquinho
mais pesado pra quem já fez o exame da Vermelha.
Porque
você deseja ser uma Vermelha?
Pra provar que, apesar
de ser diferente, de ter propostas diferentes de dança, eu também consigo estar
no mesmo patamar das pessoas que são ótimas. Claro que eu não sou uma Juzinha
da vida. Aquela menina é maravilhosa né?! Mas a gente consegue também. Apesar
de não ser igual, de não dançar da mesma forma, de não usar as mesmas técnicas,
a gente também é bom o suficiente pra estar ali. E a gente consegue estar ali.
A gente consegue levar a nossa dança, a nossa representatividade para os
outros. Acho que é o que mais me deixaria feliz. Querendo ou não, a minha dança
é diferente da maioria das Vermelhas de hoje. E eu espero ser diferente, espero
conseguir agregar coisas diferentes pra essa roda. Não sei se eu vou conseguir,
mas é o que eu gostaria. Acho que é o que mais espero ao me tornar uma
Vermelha. De poder agregar de formas diferentes.
Está confiante?
Estou. Meu examinador é
ótimo, meu xote é ótimo, o aéreo está saindo. Até então, estou confiante, não
sei lá na hora. Agora, neste momento, eu estou (risos).
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