sexta-feira, 31 de março de 2017

HUMILDADE VERMELHA
Estreante no exame mais nobre do PD, Juju quer surpreender, tornar-se Vermelha e professor para ajudar outros alunos a evoluir


Foto: Vinícius Teixeira 



  
Bruno Trindade
 
Humilde, paciente para ensinar conceitos e movimentos do forró, tranquilo e carismático, recebendo um carinho imenso de todos que o conhecem. Esse é o Luiz Sérgio Júnior, o Juju, que após cinco anos de Pé Descalço chega para realizar o seu primeiro exame da Vermelha.

Marinheiro de primeira viagem, ele diz que a ficha ainda não caiu, mas nada que intimide ou atrapalhe os seus planos. Juju quer levar a galera “à loucura” e ser aprovado para dar início ao seu principal objetivo no PD: dar aulas e passar todo o conhecimento que adquiriu para ver outros alunos evoluindo também.

Em um bate-papo com o blog do PD Eldorado, Juju falou sobre a sua jornada na escola, sobre a influência que o PD teve em sua vida, sobre as expectativas e sobre a sua preparação para o exame da Vermelha, onde ele quer surpreender.


Como você entrou no Pé Descalço?
Fiz oito meses de dança de salão. E em um desses lugares, o Rafael Wilker fazia aula também. Eu conheci o PD através dele. Essa escola era muito parceira do Pé Descalço Eldorado. A Ana, minha irmã, entrou no Pé Descalço em dezembro de 2011. Eu comecei a gostar do sistema da escola, fiquei muito atraído e eu vim pra cá.

E o que te chamou a atenção para você querer vir para o Pé Descalço?
Foi o sistema de colares. Onde eu fazia dança de salão, não tinha muito objetivo. Eu sempre queria ficar melhor, aprender mais passos. E quando eu conheci o sistema do Pé Descalço, eu via um objetivo. Eu poderia ir evoluindo, melhorando com as turmas, e isso me atraiu bastante.

Você imaginava chegar tão longe?
Não imaginava (risos). Mas eu sempre quis ficar melhor, dançar mais, me divertir mesmo. Quando eu vi o exame da Vermelha, eu disse: ‘Eu quero estar lá no meio um dia’. A minha primeira reprovação foi para Azul Avançada. Foi no exame de junho ou julho de 2012. Eu fiquei mal (risos). O povo me deu o maior apoio e chegou lá na hora e eu não consegui passar. A minha turma toda passou. Ficou só eu. Pensava: não é possível, o que eu fiz de errado? O que arrumei? Sou horrível (risos). Mas eu fiquei firme. Depois que passei para Azul Avançada, passei pra Preta direto, apesar de achar que foi meio cedo demais, mas treinei bastante. E chegar à Vermelha, eu não pensava nisso nem de longe.

O que mudou na sua vida após entrar no Pé Descalço?
Mudou a minha vida por completo. Antes, eu nem dançava. Ficava só em casa. Eu trabalhava com um amigo e o máximo que a gente fazia era ir ao cinema, ou em algum outro lugar pra tomar alguma coisa. Quando eu entrei no Pé Descalço, mudou tudo. Eu vinha todos os dias nas aulas. Combinava com a galera pra sair pra algum lugar, ia pra casa de alguém. Depois que fiz 18 anos, passei a ir aos forrós de vez em quando também, e conheci muita gente. A minha vida entrou toda dentro do Pé Descalço, de uma maneira que virou a minha segunda família.

 Foto: Reprodução / Facebook

Dá pra apontar nesses cinco anos de PD o momento mais feliz que você passou aqui dentro?
Cada aprovação é uma felicidade sem noção. Quando eu passei pra Azul Avançada, eu fiquei muito feliz. Quando passei pra Preta, eu realmente não acreditei. Foram somente três homens aprovados e foi de primeira ainda. Não tinha ninguém lá pra me assistir, duas pessoas me assistiram. Fiz o exame tranquilo e fiz só por fazer mesmo. Fui lá pra receber o feedback e quando recebi a aprovação, não acreditei (risos). Pra Preta Avançada foi complicado porque eu fiz o exame logo após ter um problema no joelho, tinha dois meses que eu estava fazendo fisioterapia, estava afastado do Pé Descalço. Eu vinha nas festas, acompanhava o espaço livre, mas estava afastado das aulas. No dia do exame, eu nem ia fazer, tinha pagado só a festa. Só que eu cheguei lá e o povo me deu o maior apoio pra fazer o exame. Quando citaram o meu nome no final como aprovado foi sensacional. A Ana Flávia pulou nas minhas costas, doeu bastante, mas valeu. No Pré-Exame, escutar o meu nome entre os aprovados foi uma mistura de felicidade com desespero, em uma sensação indescritível. Sério (risos). Não tem como descrever. 

O que os exames representam pra você?
Algo que pode te dar um objetivo e algo que pode fazer você crescer bastante. É meio que um divisor de águas. É o momento em que você vai lá se por à prova mesmo. Você chega com um objetivo e vai dar tudo de si pra alcançar. O exame é algo que é muito importante pra escola e algo que foi muito importante pra mim também. Prende bastante gente, ao mesmo tempo que tira bastante gente daqui por frustração. Exame é uma coisa muito boa e traz uma energia sensacional.

Quantas reprovações você teve?
Tive uma reprovação pra Azul Avançada, três pra Preta Avançada, e duas em Pré-Exames. Foram seis reprovações. Esse foi o meu terceiro Pré-Exame.

E qual a maior dificuldade de se fazer um Pré-Exame?
Muita gente acha que você vai dançar com todas as examinadoras, vai dançar várias músicas e que isso vai te deixar mais calmo. Acho que, na verdade, é um desespero mais prolongado. É um nervosismo em roda (risos). Você dança com uma menina, acha que foi bem. Quando volta a dançar com ela, acha que vai ser melhor e começa a agarrar. Se você sai de uma examinadora e não foi bem, você já chega à próxima receoso. Acho que a maior dificuldade é o nervosismo. Se não conseguir ficar calmo, se não conhecer aquilo que você está fazendo, isso vai te levar pra baixo mesmo. Nesse último Pré-Exame, eu fiquei mais tranquilo e foi o Pré-Exame mais confiante que eu já fiz. 

 Foto: Reprodução / Facebook
Esperava ser aprovado?
Não esperava, por mais que muita gente botasse fé e falasse que acreditava.  A minha primeira reprovação, lá na Azul Avançada, deixou a minha autoestima lá embaixo sempre. Acho que expectativa pra mim sempre foi isso. Se eu deixava a minha expectativa muito alta, a chance de me desapontar era muito grande. Mas quando você deixa a sua expectativa baixa, tudo que vier vem de um jeito mais tranquilo. Se for reprovado, é tranquilo e você consegue treinar para o próximo. Se você passar, como foi o caso, você meio que morre (de felicidade). Eu não esperava, mas foi uma experiência muito boa de fazer e ser aprovado. 

A ficha já caiu?
A ficha ainda não caiu. No dia do Pré-Exame, depois que eu cheguei em casa, a primeira coisa que eu fiz foi deitar no chão e ficar pensando: mentira que eu fui aprovado. Eu não acreditava. Devo ter ficado no chão uns 40 minutos. Depois disso, eu levantei, tomei um banho e continuei sem acreditar. Aí, comecei a pensar: agora ferrou: tem aéreo, tem xote, tem menina... que menina que vou escolher? Que xote? Eu não sei nem dançar xote! (risos). Foi uma mistura de alegria e desespero. Sem noção. 

O que passou na sua cabeça na hora que eles falaram o seu nome?
Deu um branco, um breu. Só sei que eu abaixei a cabeça e senti uma chuva de tapa nas minhas costas, que foi sem noção. Quando ele (Lucas Vidoto) falou que foram sete aprovados, cinco mulheres e dois homens, tinha tanto homem capaz de passar no exame, na minha cabeça, que eu só esperei o resultado e pensei: vamos ver agora quem é que vai fazer o exame. Na hora que escutei o meu nome, bateu uma mistura de alegria com desespero, sei lá. A sensação que deu foi de uma alegria muito grande. 

Você escolheu a Juzinha como examinadora. Porque a Juzinha?
Minha energia com ela, em todos os Pré-Exames que eu fiz, e até mesmo quando eu dançava com ela, em espaços livres, festas do mês, sempre foi muito boa. Por mais que muitas vezes não encaixava algumas coisas, eu ria e ela sempre sorria de volta, a energia batia, e a gente consertava. Todos os feedbacks que eu recebi de todas as outras meninas sempre foram muito válidos, mas os que eu recebi dela sempre me deram um direcionamento muito bom. Muita gente pensou que eu ia escolher a minha irmã, mas acho que no caso da Ana é uma zona de conforto muito grande pra mim. E eu acho que a Juzinha vai conseguir me tirar dessa zona de conforto e me fazer crescer de um jeito diferente do que a Ana faria. Acho que foi por isso que escolhi a Juzinha.

 Foto: Reprodução / Facebook
 
E como estão sendo os treinos?
Treinar com ela é sensacional. Essa menina é uma menina de ouro. (risos). Treinar com ela é muito bom. Ela é rígida, mas ao mesmo tempo ela sorri, conversa, mostra pra gente possibilidades. Mostra que a gente pode fazer alguma coisa a mais. Ela nos passa até exercícios. Pela minha dificuldade de horário, de não ser muito compatível com o dela e a gente treinar poucas vezes, todos os dias que eu vou lá eu sinto que eu cresci um pouco mais. É muito bom. 

Como foi a escolha do xote?
A escolha do xote foi bem difícil. Eu ainda estou um pouco em dúvida, mas eu acho que o que está escolhido agora é a minha escolha final. Foi muito difícil. Eu sempre fantasiava que um dia eu ia fazer o exame da Vermelha, mas quando eu realmente passei, eu vi que nunca tinha passado um xote pra fazer o exame na minha cabeça. Eu comecei a escutar muito xote, pedi ajuda pra muita gente, a galera me mandou muita playlist, muita música. Eu escutei uma por uma. E teve uma que foi a que mais encaixou, que eu escutei várias vezes e que me imaginei dançando. Eu a escolhi porque foi a que mais se encaixou com a minha personalidade e com o meu jeito de dançar. 

Tem tipos diferentes de xote. Isso você também levou em consideração na hora de escolher?
Acho que um xote muito colado e muito lento não é muito o meu estilo. Por eu ser bem grande, um xote um pouco mais aberto, com mais efeito, encaixaria mais comigo, até porque eu gosto mais também. E na escolha do meu xote, depois que eu o escutei, vi que ele era mais tranquilo, mais suave de se dançar, e acho que isso influenciou bastante na minha escolha. Ele é mais aberto, com uma batida mais suave, é ideal.

                                                        Foto: Reprodução / Facebook


E como foi a escolha do aéreo? Pensa em fazer um aéreo mais complexo, mais impactante, um mais curto?
A primeira coisa que eu falei com a Juzinha foi: eu quero algo simples e com efeito (risos). Basicamente, foi isso. É a definição do que eu realmente queria fazer. Nos dois primeiros dias, quando a gente realmente definiu quando iríamos treinar, numa terça e quarta, eu fiquei o dia inteiro e durante a madrugada vendo vídeos. Ela me mandava muitos vídeos, eu procurava outros. Até no trabalho, eu entrei no computador pra ficar vendo vídeos de aéreos. Vi três aéreos que achei bem diferentes. Peguei os três, filmei e mandei pra Juzinha pra saber o que ela achava. Ela acabou gostando do que eu mais gostei também. E decidimos por ele. Realmente é um aéreo que parecia ser muito mais difícil visualmente, mas na hora que a gente começa a fazer, é uma coisa bem diferente e cria uma conexão bem legal.

Como trabalhar a confiança para fazer o exame da Vermelha?
Essa é a parte mais difícil, porque existem dias e dias de dança. Tem dias que a gente dança e que estamos confiantes, que a gente faz e sai tudo certo, que a energia bate. Só que tem dias que a gente dança e diz: nossa senhora, hoje foi complicado. Se chegar lá no exame e fazer desse jeito aqui, vai ser foda. Mas a gente tem que pensar no nosso melhor e tentar melhorar a cada dia. Acho que no momento em que a gente consegue se sentir bem dançando, é um momento em que nossa confiança vai aumentando. Dançar mais feliz, mais tranquilo ajuda a ficar mais confiante. 

Como você imagina que vai ser lá no meio?
Essa pergunta para um primeiro exame é muito complicada. É chegar lá na hora é ver o que dá mesmo (risos). Espero realmente que eu consiga fazer o que eu quero, mas é uma incógnita pra mim. Vamos ver como vai ser lá na hora.

   Foto: Vinícius Teixeira

Dá pra imaginar quais serão os seus sentimentos na hora do exame?
Nervoso com certeza eu ficarei. Emocionado eu não sei, porque eu já fiquei emocionado várias vezes, mas quando o nervosismo toma conta, eu nem vejo o que acontece (risos). Mas acho que é possível sim eu me emocionar. Poucos dias depois que eu passei no Pré-Exame, eu estava escutando o xote que eu escolhi e já comecei a me emocionar. E acho que lá na hora, a emoção deve bater mais forte. 

O que esse exame da Vermelha representa pra você?
Representa uma conquista sem noção. Eu nunca me imaginei lá. Eu sempre me via na Preta, sempre tive uma autoestima muito baixa. Sempre me via inferior às outras pessoas, pedia muita desculpa por qualquer coisa que acontecia. A Luciana mesmo me ajudou bastante com isso. Toda vez que eu pedia desculpa, ela me dava um tapa (risos). E isso foi me ajudando a me conscientizar melhor do que eu estava fazendo pra tentar errar menos. Sempre busquei o conforto da dama e ficar tranquilo sem errar nada. Eu sempre olhava os candidatos que passavam e dizia: nossa, esse cara aí é foda, essa menina faz tudo. E quando a gente chega lá, a gente começa a olhar o tanto de coisa que ainda falta. 


O que você acha das surpresas e homenagens que acontecem nos exames?
Na primeira semana, eu nem me lembrava de surpresa. Eu estava focado no exame. E aí vi que a Ana Flávia estava participando de um grupo diferente. Perguntei que grupo era aquele. Ela tirou o celular da minha frente. Eu fiquei pensando: o que esse povo vai arrumar pra mim? Acho que esse momento é o que eu vou mais me emocionar. No segundo Pré-Exame que eu fiz, juntou uma galera, antes de eu começar a dançar, e começou a gritar Juju e a bater no chão. Arrepiei na hora com aquela galera toda gritando o meu nome. E eram pessoas de várias unidades, não só do Eldorado. Eu me senti realmente muito feliz. Acho que esse momento de homenagens vai ser o momento mais pesado pra mim emocionalmente no dia do exame. 

Qual a importância dessas surpresas e homenagens?
Acho que é muito bom você saber que tem alguém com você. E nesse momento das surpresas é quando você realmente vê a galera que está ali, que está olhando pra você, torcendo por você, e isso vai dar um gás, um impulso pra você mostrar tudo que você tem no exame. Isso não deixa você ficar pra baixo. E pra não deixar a galera decepcionada, você vai entrar lá e mostrar o seu melhor. 

  Foto: Vinícius Teixeira
 
O que as pessoas podem esperar do seu exame?
Não sei (risos). Podem esperar um Juju bem nervoso (risos). Acho que o nervosismo vai tomar conta. As pessoas podem esperar um exame em que eu vou dar o meu melhor. E vamos ver se tento surpreender também em algumas coisas. Quem sabe?! 

Você sabe que terá que realizar um show. Como trabalha isso na sua cabeça?
Essa é a parte que mais pesa, porque eu pessoalmente nunca gostei da minha dança. Quando eu vi o vídeo do meu Pré-Exame, eu pensei: ‘porque eles passaram esse cara?!’ (risos). Mas aí eu comecei a ver o que eu mais gostava na minha dança: deslocamento, passos de efeito, o próprio aéreo que escolhi.  Tudo isso junto consegue realmente mostrar o que é um show. Acho que vou tentar aplicar tudo que eu sempre vi do lado de fora. É aplicar pra levar a galera à loucura.  

A responsabilidade é menor por fazer o exame pela primeira vez? Ou é igual pra todo mundo?
É uma pressão do caralho, porque quando você passa no Pré-Exame, qualquer lado que você olha tem uma pessoa te olhando e você pensa: esse cara está me avaliando. Aí eu tento mudar de lugar e vou deslocando. Aí você chega do outro lado e tem outra pessoa te olhando. Aí eu penso: que isso, o povo está me avaliando e eu só estou dançando de boa, tentando treinar pra passar (risos). É uma pressão sem noção, ainda mais por ser o meu primeiro exame. Depois que você passa pela primeira vez e mostra que é capaz, as pessoas querem ver o que você tem pra mostrar e porque você mereceu passar. Quem faz o exame pela segunda vez tem uma pressão um pouco maior por ter que ser melhor do que era anteriormente. Acho que a pressão meio que se iguala. 

 Foto: Vinícius Teixeira

Porque você deseja ser um Vermelha?
Ser um Vermelha é uma coisa que vai me ajudar muito na confiança. E um Vermelha consegue ajudar mais pessoas. Ele tem uma voz mais forte, tem mais respeito. Por mais que um Preta Avançada consiga dar um feedback pra uma pessoa que é da Azul, da Azul Avançada e até mesmo da Preta, quando você é um Vermelha, as pessoas acreditam que você vai dar um feedback melhor. Eu quero ser um Vermelha também porque eu gosto muito de ensinar. Eu gostaria de começar a dar aulas. Esse é o meu principal objetivo: ajudar mais pessoas e ensinar tudo aquilo que eu aprendi. Eu demorei bastante pra chegar até aqui. Estou no PD desde 2012 e já estamos em 2017. Acho que eu peguei muitos caminhos errados. Com as experiências que eu tive, acho que posso auxiliar as pessoas a irem por um caminho mais certo da sua evolução. 

Está confiante para o exame?
Estou confiante. Vou chegar lá e mostrar tudo que eu sei e o que eu aprendi. Os treinos com a Juzinha estão me dando muita confiança. A cada treino que passa, eu sinto que estou crescendo mais. E isso ajuda muito na confiança. No dia do exame, eu sei que vou conseguir mostrar algo diferente do que eu mostrei no Pré-Exame. Isso também me dá um pouco mais de confiança. 

  Foto: Vinícius Teixeira

Nenhum comentário :

Postar um comentário