RETORNO VERMELHO
Em seu segundo exame da
Vermelha consecutivo, Luísa Martins quer usar experiência para escrever uma
história diferente
Bruno Trindade
Professora,
examinadora, com mais conhecimento de dança e mais preparada para encarar o
exame da Vermelha. É assim que Luísa Martins chega para tentar, pela segunda
vez, alcançar o topo da escola de forró. Nos seis meses seguintes, após se
aventurar pela primeira vez na mais nobre avaliação do Pé Descalço, Luísa
procurou evoluir, vencer desafios, superar medos e desenvolver a sua dança de
forma geral.
O esforço foi recompensado
com a sua segunda aprovação consecutiva no Pré-Exame, dando-lhe a oportunidade
de participar do exame da Vermelha novamente. Agora, ela quer curtir o momento,
mostrar tudo que sabe e controlar o nervosismo para dar um novo show para
professores, examinadores, alunos e pra quem mais estiver assistindo.
Em um bate-papo descontraído
com o blog do PD Eldorado, Luísa falou sobre tudo que cerca esse grandioso
momento de sua vida como dançarina de forró. Confira!
Será
o seu segundo exame da Vermelha. Tem alguma diferença desta vez agora para a primeira
vez que você fez o exame?
Tem sim. Pelo fato de já
ter estado lá uma vez, acho que é esperado uma coisinha a mais, o motivo da
reprovação (do exame anterior) melhorado. É diferente. É bem diferente.
Você esperava ser aprovada da primeira vez para o exame da Vermelha? E agora?
Em nenhuma das duas
vezes eu esperava ser aprovada. Da última vez, eu dancei na boa. Agora, a mesma
coisa. E desta vez, eu tinha torcido o pé um dia antes e aí eu estava mancando
de um examinador para o outro, mas deu pra dançar. E os seis meses que se
passaram fizeram muita diferença. O que a gente era dançando no último Pré-Exame,
a gente é muito diferente hoje, assim como daqui um mês vamos estar diferentes
porque as aulas ainda acrescentam muita coisa. Eu nem sabia se eu ia realmente
fazer o Pré-Exame, mas aí fui pra dançar e foi super divertido. O ambiente foi
muito gostoso. Então, eu dancei bem tranquila.
Essa tranquilidade e a “falta” de cobrança para passar te ajudaram a ser aprovada?
Não sei. Acho que nossa
cabeça mexe muito com a gente. Muito mesmo, principalmente comigo. Eu me deixo
levar muito pelos sentimentos que estão rolando no dia. Se o astral estiver
ruim no lugar, eu deixo aquilo influenciar demais e fico com um astral ruim também.
Eu sentia muito essa coisa de que tem que ser imediato, pois eu já passei no último
Pré-Exame e, se eu não passasse neste agora, eles (professores e examinadores)
iam ficar super decepcionados comigo. Mas depois eu entendi que o que importava
era o meu momento. Então, eu só estava preocupada com meu pé (torcido), mas lá
estava tão gostoso que eu dancei tranquila, principalmente quando eu dancei com
o Ícaro e com o Tales. Eu estava bem, a sintonia com os examinadores no dia me passou
muita tranquilidade. Essa sensação de que estava tudo bem, que era um domingo,
que em poucos instantes íamos pular na piscina juntos... Estava tudo ótimo.
Foto: Vinícius Teixeira
O
que você aprendeu na primeira experiência ao fazer o exame da Vermelha?
Que a gente tem que
controlar a emoção. Eu entrei lá na quadra e não sabia o que eu estava fazendo
lá (risos). Eu fui a primeira. O Rafael me tranquilizou o mês inteiro, mas eu
fiquei muito nervosa. E acho que deu pra ver isso nitidamente. Eu passei o
exame todo nervosa, aflita e tensa. A gente aprende que não é porque está toda
a quadra olhando pra você, não é porque tem uma banca de examinadores, que
deixa de ser um momento seu, pra mostrar a sua dança. Não é pra ficar
imaginando o que eles querem, ou tentar agradar a todo mundo, pois fazendo isso
a gente acaba se perdendo no caminho. A gente está sempre dançando em pares, mas
o motivo de dançar não é pra agradar o outro. É de estar ali pra se divertir. E
acho que eu perdi muito isso no meu primeiro exame.
Você sabe que precisa dar um show. Como trabalha isso na sua cabeça?
Esse show tem vários
aspectos: tem os aspectos estético, de energia e de sintonia. Quando ninguém
está olhando, você dança como se fosse um espetáculo, pensando em um bom
acabamento dos passos, em uma sintonia boa com o par, porque isso é bonito.
Talvez seja isso que a gente tenha que trabalhar. É dançar pensando que lá na
hora, você vai ter que se divertir, vai ter que se soltar e que não deixa de
ser um show. É preparar o psicológico - a Luísa precisa muito disso (risos). É
trabalhar essa energia com os três examinadores muito bem, pois acho que o
resto do show é a energia do momento.
O que a Luísa Martins vai fazer de diferente neste exame da Vermelha?
Acho que vou tentar
ficar tranquila. Acho que desta vez, eu vou aproveitar o meu exame. Vou dançar
sem medo de quem tá me olhando, sem medo do examinador que vai vir. Acho que
desta vez vou mais preparada para as variedades, de tudo. Agora pode cair
qualquer música, vir qualquer examinador. A gente vai trabalhar essa ideia, de
ter confiança no meu corpo, da minha proposta de dança, de lá na hora encaixar
a energia e ir junto. Acho que vai dar certo, vai ser bom e eu vou aproveitar,
independentemente dessas coisas.
Foto: Vinícius Teixeira
Você
se sente mais preparada agora?
Não, nem um pouco. Dá o
mesmo frio na barriga, o mesmo medo de fazer merda, mas estou tentando me
sentir preparada. Se eu vou estar ou não, é outra coisa (risos).
Algumas
pessoas fizeram o exame da Vermelha mais de uma vez e se disseram privilegiadas
por isso. Você também se sente assim?
É lindo. Poder escolher
tudo de novo, ter, neste mês, a atenção de um dos examinadores... é um presente
maravilhoso mesmo, ainda mais por saber que a decisão de todos trouxe você de
novo ao exame da Vermelha, mesmo depois de um fracasso. Isso é legal. A gente
cai depois de não passar e acho que isso acontece em qualquer nível, não só pra
Vermelha. A gente sente que todo esforço não valeu de nada. Aí, de repente,
você vai retomando seu gás e eles (examinadores) falam: calma, vem de novo,
apresenta de novo pra gente, não desiste porque a gente não desistiu de você. Acho
que é isso. Talvez essa segunda aprovação é a prova de que eles não desistiram
de você. Eles ainda querem te ver lá. É ótimo.
Muitas pessoas têm dificuldades para serem aprovadas no Pré-Exame e você conseguiu por duas vezes consecutivas. Sabe explicar o motivo disso?
É difícil pensar como eles (examinadores) e
saber o que eles querem. Mas talvez seja por não ter deixado a peteca cair, por
continuar dando raça. Quando a gente não passa, a gente fica se perguntando o
porquê de não ter passado. Como a gente não recebe um feedback pós-exame da Vermelha,
a gente vai tentando consertar tudo. Você não sabe onde você errou. Talvez um deles
acha que faltou isso, outro acha que faltou aquilo, e no conjunto, não deu bom,
Então, você vai buscando melhorar tudo, correndo atrás deles, perguntando,
dançando, pedindo feedbacks, tentando. Talvez tenha sido por isso que eu passei
de novo. Eu me preocupei demais por não ter passado, da minha dança cair
totalmente. Então, eu comecei a me desesperar, a dançar demais, a dançar loucamente
– claro que isso foi depois de passar duas semanas em casa, debaixo do cobertor,
chorando (risos). Você vai repensando a sua dança toda, vai a reestruturando, e
aí chega lá e o projeto que você apresenta pra eles de novo é satisfatório e
eles te dão uma nova chance.
Nada, porque foi o
primeiro nome a ser falado. Eu não tinha condição psicológica nenhuma pra
escutar o meu nome primeiro (risos). Eu a Gabi nós passamos em todos os exames
juntas, desde a branca. Tudo. A gente sempre ia na mesma rodada. E nesse último
Pré-Exame, também foi assim. Por isso, sempre fomos muito unidas em relação a
isso. A gente estava juntinha na hora do resultado, uma segurando a mão da
outra, abraçadinha e o PD Eldorado todo em volta da gente. Eu, realmente,
esperava ouvir o nome dela antes do meu. Na verdade, achei que era o nome dos
homens primeiro. Mas aí veio o meu nome. Acho que representa um alívio pra
Luísa que passou o mês inteiro preocupada. Pra Luísa de sábado, que descobriu
que estava tudo bem se não passasse, foi um presente. Aí, você pensa: o que eu
vou arrumar lá no meio de novo? Depois, eu fiquei animada, emocionada, comecei
a chorar. E veio o nome da Gabi logo depois. Parece que a energia se encaixou. A
gente já se abraçou ali e, aí sim, caiu a ficha que estaríamos juntas lá de
novo. E mesmo que cada uma tenha uma proposta de dança muito diferente uma da
outra, saber que faremos juntas o exame da Vermelha fez com que eu ficasse
muito mais emocionada. Eu fiquei muito feliz por eles me darem essa segunda
chance, por meus últimos seis meses terem me garantido, por ter dado a volta
por cima do último não, por ter conseguido um sim (de novo). É muito bom pensar
em todo mundo que investe em você, que coloca fé em você, é muito gratificante.
E fazer junto com a Gabi então, vai ser ótimo.
Porque você escolheu o Ítalo para fazer o exame da Vermelha com você?
Porque o Ítalo foi a
pessoa que me segurou aqui no Pé Descalço quando eu passei por uma fase
péssima, de não me acostumar com a roda da preta. Era aquela loucura e eu
falava que não dava conta de dançar. E ele falava: ‘dá sim, vamos!’. Eu sabia
que (para o exame da Vermelha agora) eu ia passar o mês com uma pessoa que me
deu suporte nesses três meses e meios que estou no PD, entende?! A gente ia
intensificar esse suporte e vai ser ótimo porque é um momento muito importante
pra mim, e vai ser mais importante ainda por poder dividir com ele.
Como
estão sendo os treinos?
Os treinos estão
ótimos, o Ítalo é ótimo, estou toda machucada do aéreo (risos), mas está tudo
bem. Vai dar tudo certo.
Foto: Reprodução / Facebook
Desta
vez, como foi a escolha do xote?
Todos nós (examinados)
estamos muito confusos. No grupo do whatsapp do exame da Vermelha, acho que
cada um tem, pelo menos, três xotes (tirando o Juju, que é maravilhoso e já
escolheu o dele). Eu tenho cinco xotes pra poder escolher, a Ju também. Tem
muita coisa que a gente gosta. Tem xotes totalmente diferentes uns dos outros e
não faço ideia de como vou escolher. Acho que, mais perto do dia, eu vou dançar
todos eles e aí vamos ver qual vai dar ‘aquilo’. Desta vez, eu não estou ligada
em nenhum xote como estava antes.
O que vai levar em consideração para definir o xote?
O que vai levar em consideração para definir o xote?
Acho que o feeling que
a música passa. Às vezes, nem é a letra, que não tem nada a ver com a nossa
vida, mas dançar a música ali... Vou ter que sentir o que eu quero. Vou levar
em conta o que ela vai despertar em mim.
O que está pretendendo fazer no passo aéreo?
O aéreo que estamos
tentando agora, talvez não seja realmente o que a gente vá fazer, porque ele é
realmente complicado. A entrada dele nunca foi usada, ninguém nunca entrou no
aéreo daquele jeito. É um aéreo de força e talvez por isso a gente não use, pois
é complicado sincronizar as forças. A gente está tentando esse aéreo, mas
estamos abertos a outros aéreos também. Não mostramos pra muita gente.
Mostramos para os meninos aqui da unidade pra conseguir a ajuda deles, que tem
mais técnica, porque eu e o Ítalo não costumamos fazer muita aula de aéreo. É um
aéreo muito diferente. A entrada dele vai causar. O resto, acho que nem tanto.
Está tudo roxo, mas vai ficar lindo.
O psicológico, você já disse, te influencia muito. Como trabalhar a confiança pra fazer esse exame de novo?
Foto: Reprodução / Facebook
O que esse exame da Vermelha representa
pra você?
Significa que a gente
conseguiu dar a volta por cima após receber um não, e é difícil receber ‘nãos’.
A gente buscou melhorar, não deixou aquilo ali abater demais, correu atrás e
talvez seja a grande realização desta vez. Se for outro não também, o terceiro
(exame) vai significar muito mais. Mas chegar ali duas vezes... talvez
signifique que continuamos sendo bons alunos, que continuamos aprendendo, e é
isso aí. É a segunda chance e a gente não ganha uma segunda chance à toa. Significa
a confiança deles (examinadores) em mim; significa que a gente está buscando e que
está chegando em algum lugar; significa que um não... não representa o fim.
Sua responsabilidade é maior por estar fazendo o exame pela segunda vez?
Não sei se é maior.
Acho que a expectativa pode ser maior, mas a responsabilidade, não. Tudo bem
que você está ali para um show, mas você também está ali para ser avaliado e,
se não for dessa vez de novo, tudo bem. Será que uma terceira vez aumentaria
ainda mais a responsabilidade? Acho que não. Em seis meses, a gente muda tanto
que não tem como esperar a mesma coisa. Ou vai ter aquela mesma coisa muito
melhorada, ou então já não é aquela mesma coisa. Meu conhecimento mudou, meu
corpo mudou. Então, acho que não aumenta a responsabilidade. Acho que aumenta a
expectativa.
Qual a importância das homenagens e surpresas para a pessoa que está lá no meio fazendo o exame?
Qual a importância das homenagens e surpresas para a pessoa que está lá no meio fazendo o exame?
Foto: Vinícius Teixeira
Porque você deseja ser uma Vermelha?
Porque, humildemente
falando, eu acho que tenho muita coisa pra acrescentar para o Pé Descalço como
professora, como examinadora. Eu espero ser muito útil para o projeto. E acho
que ser vermelha é mostrar que o projeto foi útil pra mim, a ponto de me tornar
útil pra ele. É ver que o projeto em que você acreditou, também acreditou em
você pra que você desse continuidade àquilo. Ser Vermelha é o ideal, é assumir
a cara da escola. Chegar à Vermelha é mostrar que o projeto está totalmente em
você. É a hora que você pode se abrir e se colocar útil para ajudar ainda mais
outras pessoas a também chegarem lá.
Está confiante?
Estou, super (risos). Eu estou confiante que eu vou estar bem na hora, que vou dançar tranquila.
BORA LUISAA! Hahahahah Vai destruir, certeza! (:
ResponderExcluirEstou torcendo por vcs, lindas!!!
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